Fale com a gente

Marechal

Comprometimento com as necessidades educacionais especiais

Publicado

em

 

Mirely Weirich/OP

Caio, de seis anos, está no 1º ano do Ensino Fundamental e conta com uma professora de apoio permanente especialista em educação especial

A rondonense Marciane München surpreendeu-se na última quinta-feira (09), no primeiro dia de aula do filho, o pequeno Caio, de seis anos. O estudante do 1º ano do Ensino Fundamental é autista e, de acordo com a mãe, pela primeira vez a lei nº 12.764/2012 foi cumprida já no primeiro dia de aula, quando uma professora de apoio permanente o aguardava para o início do ano letivo. Não só por ela estar ali já no primeiro dia de aula, mas por ela ser especialista em educação especial, isso me deixou ainda mais feliz, mais tranquila, diz.

De acordo com ela, nos anos anteriores, apesar de a criança contar com a professora de apoio em sala de aula, a chegada da profissional demorava até dois meses após o início do calendário escolar. Eu sempre tinha que brigar pelo meu direito, ameaçar ir para o Ministério Público, por isso eu gostaria que a sociedade soubesse que todas as crianças do município, desde o primeiro dia, têm a auxiliar em sala de aula, destaca.

Ela lembra que, no ano passado, Caio e outra criança autista foram atendidos pela mesma professora, sendo que a legislação prevê uma professora individualizada para cada criança com transtorno do espectro autista.  Em outro caso, uma criança trocou seis vezes de auxiliar. E isso faz muito mal para o aprendizado, para o desenvolvimento, para a rotina da criança, relata Marciane.

 

Demanda antiga

Além da mudança na sala de aula, a mãe de Caio ressalta que o município também viu com outros olhos os alunos com necessidades educacionais especiais ao direcionar uma especialista para atuar como assessora de Educação Especial Itinerante em todas as escolas do município. Já fazem dois anos que nós queríamos alguém que visse as nossas crianças com outros olhos, e agora temos essa profissional que vai orientar os professores em todas as escolas que contam com crianças portadoras de qualquer síndrome ou deficiência, porque é muito importante para nossas crianças terem pessoas comprometidas e a lei existe para ser cumprida, expõe.

A profissional citada por Marciane é Regina Dick, que explica que, neste ano, a Secretaria de Educação optou por colocar professores especialistas em educação especial junto aos alunos autistas, bem como professores acompanhantes para alunos com deficiência visual, apesar de não ser previsto em lei. Temos esse olhar porque, quando há um aluno com necessidades educativas especiais, é preciso uma avaliação diferenciada, o conteúdo de uma forma mais breve, e muitos professores não compreendem isso. O que é uma avaliação diferenciada? Com menos itens? Neste sentido que eu faço esse trabalho itinerante, para orientar os professores, fornecer suporte para que os profissionais não se sintam desamparados, menciona.

Atualmente, as Escolas Municipais Waldomiro Liessem, Criança Feliz, Érico Veríssimo, Jean Piaget, Costa e Silva, Floriano Peixoto, Antônio Rockenbach, Bento Munhoz da Rocha e 25 de Março contam com alunos com necessidades educativas especiais. O Bento, por exemplo, possui os Centros de Atendimento na área da visão e surdez e as Classes Especiais, e nós que estamos na área vemos que essas demandas têm aumentado muito. O número de crianças com necessidades educativas especiais diferentes tem aumentado cada vez mais e nós, profissionais, saímos em busca de pesquisas para trabalhar com esses estudantes, destaca.

Na visão de Regina, se a inclusão de crianças autistas, por exemplo, independente do grau do transtorno do qual são portadoras, estivesse ocorrendo de maneira satisfatória, não teria necessidade da formulação da lei criada em 2012, que veio justamente para atender as necessidades dessa demanda. Uma das nossas grandes preocupações ainda é que essas crianças crescem e alguns não se tornam indivíduos funcionais, ficam dependentes, então há toda essa demanda que não é atendida por nós, porque atendemos apenas o Ensino Fundamental, lembra.

Copyright © 2017 O Presente