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Marechal Desafios de 2022

Falta de mão de obra segue sendo principal gargalo das indústrias rondonenses

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(Foto: Divulgação)

Com o advento da pandemia e dos efeitos climáticos intensos, poucos setores da sociedade conseguiram se manter ilesos aos problemas econômicos e políticos que surgiram. Agronegócio, prestação de serviços, comércio e indústria, cada um a seu modo, com mais ou menos dificuldades, passou por “poucas e boas” nesses últimos anos.

A indústria, em especial, deve ter queda de 1,1% na participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2022, conforme o Instituto Brasileiro de Economia. Apesar da performance influenciar em âmbito nacional, o setor segue sendo protagonista em cidades menores, como Marechal Cândido Rondon. No município, as indústrias são as maiores empregadoras e movimentam a economia local.

 

Mantendo o equilíbrio

Para o vice-presidente da Indústria da Associação Comercial e Empresarial (Acimacar), Sandro Zastrow, Marechal Rondon tem um potencial muito grande nas suas indústrias. “Apesar desses dois anos de pandemia, o setor industrial não parou de crescer. Alguns ramos sofreram muito e ainda não se recuperaram da ‘freada’ que tiveram, porém, grande parte das indústrias expandiu e contribuiu para a economia municipal se manter equilibrada”, declara.

Ele diz que o setor industrial rondonense é bastante diversificado e tem ganhado espaço para além das fronteiras municipais. “Algumas indústrias locais estão se destacando nacional e mundialmente, levando o nome de Marechal Rondon junto e trazendo novos investidores para cá”, afirma o empresário, que é proprietário da Zastrow Estofados.

 

Vice-presidente da Indústria da Acimacar, Sandro Zastrow: “Apesar desses dois anos de pandemia, o setor industrial não parou de crescer. Alguns ramos sofreram muito, mas grande parte das indústrias expandiu” (Foto: Divulgação)

 

 

Falta de mão de obra

Zastrow acredita que 2022 será um ano de muitos desafios para o setor: desde a Covid-19, que ainda tem influência nos trabalhos, e o clima, até a falta de mão de obra. “Com as ondas de casos de coronavírus, as indústrias também sofrem com a ausência de colaboradores em quarentena, apesar de todos os cuidados e precauções tomados nas plantas industriais. Também há indústrias querendo aumentar a produção e tendo muita dificuldade por falta de mão de obra, sendo obrigadas a automatizar alguns setores para baixar o custo e suprir essa falta”, menciona.

O proprietário da Academia Livre, indústria que produz equipamentos para ginástica, Fabiano Lamb, ressalta que é uma via de mão dupla: ao mesmo tempo em que o setor industrial é o que mais emprega, ele também sofre com a falta de trabalhadores. “As indústrias rondonenses, desde as pequenas até as grandes, vêm investindo constantemente”, salienta.

 

Perspectiva de crescimento local

Apesar dos percalços do setor, Lamb aposta em um 2022 cheio de perspectivas positivas, com aumento da produção industrial no município. “As projeções são positivas, já que o nosso país é muito grande e oferece oportunidades de crescimento e novos mercados”, enaltece.

Nacionalmente, ele lembra que há anos a participação da indústria no PIB vem diminuindo, o que acontece por diversos fatores. “Sazonalidade da economia brasileira, dificuldades fiscais, questões trabalhistas, mão de obra e dificuldade de competir com produtos que vêm de países com grandes incentivos fiscais e estruturais, como é o caso da China e da Alemanha”, aponta.

No que tanto a Marechal Rondon, o industrial expõe que um dos meios para superar a falta de mão de obra é investir na infraestrutura urbana, pois assim mais moradores e trabalhadores em potencial serão atraídos ao município. “Hoje o maior desafio não é a qualificação profissional, mas, sim, atrair mão de obra, principalmente de fora. Também o fomento por meio da oferta de espaços industriais, infraestrutura e treinamentos a pequenas empresas ou empreendedores auxiliam no crescimento do município e, consequentemente, do setor industrial”, amplia.

Proprietário da Academia Livre, indústria que produz equipamentos de ginástica, Fabiano Lamb: “As indústrias rondonenses, desde as pequenas até as grandes, vêm investindo constantemente” (Foto: Arquivo/OP)

 

 

Logística e energia

Na Frimesa, cooperativa que tem duas plantas industriais em Marechal Rondon, também faltam trabalhadores, mas há outras variáveis que impactam nas atividades. “Nossos principais gargalos são a falta de mão de obra para a área industrial e falta de pessoas capacitadas e preparadas para os nossos processos. Temos também um custo alto com logística e energia. O grande desafio das (indústrias que processam) proteínas animais é enfrentar o alto custo de produção causado pela elevação dos preços do milho e da soja. Na ponta do varejo o desafio é conseguir repassar preços devido ao poder aquisitivo achatado”, comenta o diretor-executivo, Elias Zydek.

Diretor-executivo da Frimesa, Elias Zydek: “A quebra da safra significa uma redução de valores na ordem de R$ 8,5 bilhões que deveriam circular no Oeste do Paraná. Afetará mais o comércio do que as industriais, porque essas garantirão a produção dos integrados” (Foto: Divulgação)

 

Efeitos da quebra do agro

Ele pontua que o recuo das indústrias em nível de Brasil se deve a outros ramos que não os de processamento de alimentos. “A indústria de bens duráveis sofreu com as inovações vertiginosas nessa área. Também a indústria automobilística reduziu por falta de componentes. Todavia, a indústria de alimentos cresceu nos últimos anos. Toda indústria voltada ao agronegócio cresceu e vai crescer mais ainda. Desde a produção de insumos, máquinas e equipamentos até alimentos processados e tecnologias aplicadas estão em pleno desenvolvimento na região Oeste”, assegura.

A região Oeste sofreu com perdas de safras do milho e da soja, mas tem apresentado grande resiliência devido à agregação de valor nas cadeias produtivas da proteína animal, avalia o diretor-executivo da Frimesa. “A quebra da safra anual de 2021/2022 significa uma redução de valores na ordem de R$ 8,5 bilhões que deveriam circular no Oeste do Paraná. Afetará mais o comércio do que as industriais, porque essas garantirão a produção dos integrados. Terão redução de margens devido ao aumento dos custos, entretanto não haverá redução dos empregos, nem das receitas nas cadeias produtivas”, considera.

 

Com projeção de 20% de crescimento, Frimesa deve contratar mais funcionários em 2022

De acordo com Zydek, a Frimesa tem projeção de crescer em médio e longo prazo na produção e processamento de carne suína no Oeste paranaense. “Deverá crescer 20% em 2022 e avançar em média 12% ao ano nos próximos dez anos. O fundamento é a integração no sistema cooperativista que faz a gestão de toda a cadeia produtiva. É evidente que essa evolução dependerá do aumento do consumo interno e externo”, pondera.

O frigorífico de suínos da Frimesa em Marechal Rondon abate 1,2 mil cabeças/dia e, conforme o diretor-executivo, esse número deve aumentar para 1,5 mil/dia em 2022. A indústria de lácteos, por sua vez, foi ampliada nos últimos dois anos e tem capacidade para operar 800 mil litros/dia. “Naturalmente, vamos crescer nessas unidades com inovação e tecnologias constantemente. Acreditamos no grande potencial da região Oeste e por isso estamos investindo nas atividades do agronegócio”, enaltece.

Indústrias de Marechal Rondon e região são diversificadas, sendo que agroindústria se destaca no setor (Foto: Divulgação)

 

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