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Marechal Arte dá “vida” às coisas da vida

Lettering e aerografia estão cada vez mais em evidência em Marechal Rondon e região

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Foto: Divulgação

Quem nunca se deparou com um belo desenho em um muro qualquer? Ou chegou a um determinado local e ficou impressionado com um desenho na parede que torna tudo mais convidativo e aconchegante? Afinal, é como dizem por aí: “uma lata de tinta não muda o mundo, mas um projeto de arte transforma um ambiente”.

Uma das técnicas que mais chamam a atenção neste quesito é o lettering, a arte que consiste em desenhar letras, palavras ou números ao invés de simplesmente escrevê-las. Seja na parede do quarto, da sala, nos muros da escola ou até mesmo em canecas, ela pode ser feita onde a sua imaginação e criatividade te levarem.

No Oeste do Paraná a técnica ainda é pouco conhecida, mas já existem artistas que fomentam a cultura com a arte de desenhar com delicadeza. A artista visual e muralista Maria de Fátima Gomes Zaninello, de Santa Helena, é uma delas. “O lettering valoriza o movimento feito à mão, com um toque especial e único. A ideia é brincar com as diferentes formas de letras e criar uma frase ou um pequeno texto que no final pareça uma ilustração”, resume ao O Presente.

É uma forma de deixar o ambiente mais divertido e com a “sua cara”. As frases podem transmitir várias mensagens, sejam elas motivacionais, engraçadas, educacionais ou reflexivas. Maria conta que os trabalhos mais pedidos pelo público são as escritas brancas nas paredes pretas. “É um estilo que traz muita personalidade para o espaço, tanto em residências quanto em empresas. É como se você carimbasse a sua marca, sua reflexão ou o seu lema de vida”, salienta a artista, acrescentando que a arte pode ser aplicada em diversas superfícies, como papel, porcelana, tecidos e paredes.

Ambiente aconchegante e interativo

Com cores, gestos e formatos, o lettering é bem-vindo em qualquer lugar, garante Maria. “Principalmente em lugares públicos e comerciais, pois mostra que o lugar valoriza a arte e a cultura local, além de humanizar a marca e criar um ambiente acolhedor e interativo”, pontua.

Também é uma forma de atrair novos clientes e gerar mídia espontânea. “A arte transforma um ambiente comum em um espaço ‘instagramável’, onde os clientes tiram fotos e marcam a empresa nas redes sociais, criando presença digital”, enaltece a artista.

 

Viver da arte

Maria descobriu o lettering no fim de 2018, quando era professora do município de Santa Helena. Na época, ela começou a realizar alguns estudos e a treinar no contraturno escolar. “Na verdade era como um hobby, uma forma de terapia, já que eu não estava muito bem de saúde e a arte me ajudou a passar por isso”, relembra.

A curiosidade e a força de vontade foram fatores fundamentais para ela desenvolver a arte de desenhar letras. “Me desafiei a treinar lettering todos os dias por três meses sem falta. Foi assim que comecei a caminhar mais fundo na técnica de escrita criativa que eu tanto amo”, comenta.

Ela começou a postar os trabalhos no Instagram, desde os primeiros treinos até as artes mais elaboradas. “Eu registrava tudo lá, então meus seguidores começaram a me incentivar a vender algumas artes, em formato de quadrinhos. Foi assim que surgiram os primeiros clientes. Depois disso comecei a trabalhar com personalização em geral. Fazia artes em tênis, canecas, camisetas, plaquinhas, caixas, até em barriga de grávida eu escrevi”, conta ela aos risos.

Artista visual e muralista Maria de Fátima Gomes Zaninello, de Santa Helena: “A arte do lettering traz muita personalidade ao espaço e o torna mais ‘instagramável’”

 

Desafios

Os desafios existem, mas a artista revela que não se apega a eles. Já sobre a valorização da arte, Maria acredita que isso começa pelo artista em si. “A valorização começa quando o artista busca seu espaço e divulga o seu trabalho. O lettering, por exemplo, é um estilo não tão difundido assim. Sei que meu trabalho é incrível, diferente e moderno, e sei também que muitas pessoas não vão demonstrar interesse, mas está tudo certo”, menciona.

Com o desenrolar da prática na atividade, a santa-helenense foi avaliando o que era mais interessante. Assim, aos poucos, foi migrando para trabalhos maiores em paredes. “Afinal, não preciso trabalhar diretamente com fornecedores, não preciso de um estoque muito grande e sem falar no custo-benefício, que é bem maior”, pontua.

Para conhecer o trabalho da artista os interessados podem acessar o @mariazaninello. Lá Maria de Fátima Zaninello divulga seu trabalho e divide com o público seu dia a dia como artista e os processos de cada arte, materiais e formas de pedido de orçamento.

Mensagens com letras brancas em paredes pretas são as mais pedidas pelo público, conta Maria de Fátima Gomes Zaninello.(Foto: Divulgação)

Alegria e tinta fresca

Outro artista que traz cores para os muros “da vida” é o rondonense Alexandre Schwingel, mais conhecido como Trilha Grafite, como ele prefere ser chamado.

Aos 12 anos, lá nos anos de 1990, ele já demonstrava interesse por desenhos. Seu lugar favorito eram as revistarias, onde lia gibis e desenhava. Aos 18 anos ele começou a trabalhar com arte. “Comecei fazendo quadrinhos, já que eu queria ser quadrinhista, até conhecer a aerografia, com o que eu trabalho até hoje”, comenta o artista, que também aprimora seus trabalhos de escultura e tatuagens.

Grafite x aerografiaA arte de grafite e aerografia são semelhantes em suas técnicas, mas ainda assim diferentes. Para a aerografia é necessário usar o aerógrafo e a pistola para fazer os desenhos, enquanto na grafitagem se usa latas de spray. “Nas duas manifestações artísticas é possível realizar traços finos que proporcionam ótimos resultados”, garante Trilha

Grafite

Ele percebe ainda que a arte da aerografia, bem como o grafite, está tendo mais aceitação pela sociedade. O estilo de arte, que antes era muito marginalizado, agora ganha o seu espaço. “As pessoas percebem que um desenho, uma ilustração, uma paisagem muda o ambiente. Deixa tudo mais enfeitado e com vida. Claro que ainda há complicações e as pessoas precisam reconhecer que a arte tem o seu valor agregado, mas ainda assim as coisas estão nos eixos”, considera.

Artista rondonense Alexandre Schwingel, popular Trilha Grafite: “As pessoas estão percebendo que um desenho, uma ilustração, uma paisagem muda o ambiente. Deixa tudo mais enfeitado e com vida” (Foto: Divulgação)

Perfeição e reconhecimento

Segundo o artista, seu trabalho mais desafiador foi a estante de livros que ele fez no muro do Colégio Evangélico Martin Luther, em Marechal Cândido Rondon, em 2016. O formato peculiar da arte chama a atenção pela impecabilidade. No muro da instituição foram aerografadas obras como “A Culpa é das Estrelas?”, de John Green; “As Crônicas de Nárnia”, de C.S. Lewis, e a coletânea “Toda Poesia”, de Paulo Leminski.

“Foi o mais desafiador, pois exigiu bastante técnica e detalhes. Neste trabalho os livros têm suas características. A arte é feita na diagonal, a escrita também é feita na vertical, as cores. Tudo bem específico”, menciona.

Arte da estante de livros no muro do Colégio Evangélico Martin Luther feita pelo artista rondonense Trilha Grafite ganhou repercussão nacional. Foto: Divulgação

 

A arte tão minuciosa do artista rondonense ganhou os holofotes, na época, sendo tema de matérias e reportagens na mídia regional, estadual e até nacional. Até recentemente, em novembro do ano passado, o trabalho voltou a ser elogiado, desta vez pelo ator global Antônio Fagundes, que compartilhou a imagem do muro com a estante de livros em seu Instagram, com o seguinte dizer: “Transformou um simples muro em uma verdadeira obra de arte de rua”. “Ele prestigiou muito o trabalho. A sensação que eu tive na hora foi de gratidão”, relembra.

Outros trabalhos que Trilha adora fazer são paisagens e o fundo do mar. “São os que têm mais demanda para decoração de quarto e áreas de lazer. É um trabalho bem legal e o tipo de arte que eu também curto muito fazer”, compartilha.

Paisagens e fundo do mar são os trabalhos que Trilha Grafite mais gosta de fazer e os que têm mais demanda para decoração de quarto e áreas de lazer (Foto: Divulgação)

 

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