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Marechal

Pela metade

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Mirely Weirich/OP

Principal reclamação da população também gerou embate entre prefeitura e a executora da obra: enquanto a prefeitura cobrava a correção dos defeitos, a empresa afirmava que não havia previsão orçamentária no projeto para recolocação do meio-fio

Alvo de reclamação de moradores, comerciantes, pedestres, ciclistas, motoristas e até do novo prefeito eleito no município, a obra de revitalização da Rua Santa Catarina tem rendido muito pano para manga em Marechal Cândido Rondon.

Foi logo após as novas calçadas começarem a tomar forma que os questionamentos não saíram da conversa entre os vizinhos que residem próximo ao encontro da via com a Avenida Írio Welp. Para um casal que mora no local há 25 anos, a expectativa era de que a qualidade fosse melhor do que o exposto até o momento nas três quadras praticamente finalizadas. Existem outras prioridades como investir em escolas, creches, nas unidades de saúde, na geração de emprego para que as pessoas tenham condições de ter suas casas, não em melhorar uma rua que já estava boa, comenta a moradora.

Além de questionar a qualidade do acabamento dos meios-fios, a rondonense também diz que uma das piores decisões tomadas pelo Poder Público foi retirar as árvores do local. Algumas realmente eram bastante antigas e precisavam ser retiradas, mas outras haviam sido plantadas há poucos anos pelos moradores e foram arrancadas mesmo assim, tirando a sombra para os pedestres caminharem e para estacionarmos os carros na rua, complementa, ressaltando que a falta de planejamento deixou os moradores sem rede de esgoto, a qual poderia ter sido implantada junto à revitalização da via. Quando implantarem aqui, terão que quebrar toda essa calçada que acabaram de colocar. Foi um desperdício de dinheiro público, critica.

Na região central da cidade, onde um trecho de 100 metros também foi revitalizado, o descontentamento está acerca de perdas em vagas de estacionamento, que deixou de ser oblíquo. Apesar de avaliar que a mudança na forma de estacionar diminuiu o número de pequenos acidentes, que ocorriam quando um carro saía do estacionamento e acabava colidindo com um que trafegava na Santa Catarina, uma comerciante que também preferiu não se identificar diz que está ainda mais difícil achar vagas. Se antes os clientes já reclamavam, agora está pior ainda, especialmente nos dias de chuva. Onde entravam dois ou três carros agora cabe só um. São quatro ou cinco voltas na quadra para encontrar um local para estacionar, lamenta.

Por outro lado, a empresária Deisi Schroeder, proprietária de uma loja situada na Rua Santa Catarina há 14 anos, avalia que a revitalização é extremamente positiva para o município e que neste momento o que falta é uma reeducação dos motoristas. As pessoas são acostumadas a estacionar o carro em frente à porta do local em que vão entrar, por isso mesmo antes da revitalização a falta de vagas sempre foi um problema e agora vai continuar, diz, ressaltando que boa parte das reclamações também vem pela forma de estacionar, que antes, sem a necessidade de baliza, era mais prática.

Para Deisi, o que falta é a conscientização da população de que Marechal Cândido Rondon está crescendo e de que a obra veio para melhorar a mobilidade urbana dos munícipes. Antes era um transtorno de pedestres e ciclistas andando no mesmo local e agora temos uma ciclovia e uma calçada maior delimitadas para cada um, então precisamos ver também o ponto positivo dessa obra, avalia.

Ela ressalta que especialmente os empresários precisam se acostumar a estacionar em locais mais retirados, e não em frente a sua empresa, com o objetivo de deixar a vaga para o seu cliente. Desta forma não vai ser um carro que vai ficar o dia todo parado em frente à loja, mas alguém que vem ao banco ou a alguma outra empresa e em 15 ou 20 minutos já libera o estacionamento, pontua.

Quanto à qualidade da obra, Deisi avalia que, como qualquer obra pública, sempre haverá um ou outro detalhe deixado para trás. A obra não vai ficar perfeita porque não é uma calçada que está sendo feita na sua casa, que você escolheu tudo e está cobrando o pedreiro para ficar perfeito. As outras obras desse tipo feitas no município também foram assim, mas é o que nós precisamos: uma calçada plana com ciclovia, menciona, relembrando que, antes da obra, o calçamento em frente a sua loja estava despencando. Para mim está perfeito.

Temos uma ciclovia para os ciclistas circularem, ficou um calçamento maior para os pedestres andarem e vale agora a conscientização dos comerciantes colocarem o carro mais longe e deixar a vaga para o seu cliente, completa.

O que falta agora é somente a colocação da sinalização horizontal, com a demarcação para os espaços dos estacionamentos, além das placas que regulamentam o estacionamento de motocicletas. E também as lixeiras, que foram retiradas antes do início da obra e ainda não foram recolocadas, observa.

 

Imprevistos

De acordo com o secretário de Coordenação e Planejamento, Reinar Seyboth, o projeto inicial orçado em R$ 1.813.63,11 não previa a reconstrução dos meios-fios, danificados por conta da remoção das árvores e raízes. Pela falta de previsão orçamentária para a prestação deste serviço por parte da empresa EVD Engenharia Ltda, a gestão passada executou um termo aditivo de contrato aumetnando em

R$ 82.309,71 a planilha orçamentária do projeto. Este já foi o segundo aditivo para esta obra. O primeiro foi uma redução na planilha orçamentária para R$ 1.729.923,21 no valor total da obra, por conta de um item no orçamento que não especificava o serviço a ser executado e que foi primeiramente aprovado pela Caixa Econômica e, na validação do processo licitatório, questionado, explica Seyboth.

Com a solicitação da instituição financeira para a retirada do item e o contrato vigorando em menor valor, após o início da execução, o Poder Público deparou-se com as imperfeições motivadas pela destoca das árvores e quebra dos meios-fios e do asfalto, fato que, conforme o secretário, gerou embate entre prefeitura e empresa. A prefeitura cobrava da empresa a correção dos defeitos e a empresa afirmava que não havia previsão orçamentária no projeto para recolocação de meio-fio, o que gerou o segundo termo aditivo de contrato com acréscimo de valor para prever esse serviço, comenta.

Todavia, Seyboth afirma que, pelo fato de a gestão anterior não ter informado a Caixa Econômica sobre o segundo termo aditivo e por conta de outros serviços não previstos no projeto, mas que foram necessários para dar qualidade em trechos onde a obra está satisfatória, gerou-se um terceiro termo aditivo, que acresceu R$ 25.317,70 ao projeto. Neste período veio o fim de ano e com a solicitação dos comerciantes para que as modificações no miolo central não fossem feitas para não prejudicar as vendas no fim de ano, a Caixa suspendeu os pagamentos dos itens financiados enquanto a empresa não regularizasse as imperfeições, revela. Com a entrada da nova equipe de governo, iniciamos deliberações junto à empresa que executa a obra há cerca de dez dias, a fim de identificar quais as ações que devem ser tomadas para que o contrato volte a ser executado dentro da normalidade, complementa.

Seyboth afirma que, nesta semana, a equipe de Coordenação e Planejamento encaminhará à Caixa Econômica o projeto as built, que é uma espécie de certificação por parte da prefeitura afirmando que as imperfeições apontadas pela instituição financeira serão solucionadas e o contrato estará apto a ser continuado. Nós daremos continuidade à fiscalização com mais intensidade, ponto a ponto, para que a qualidade da obra seja entregue de maneira satisfatória, garante. Eventuais imperfeições que não foram apontadas pela Caixa serão refeitas em um segundo momento, porque agora precisamos retomar a obra e o cronograma de execução, que está muito atrasado, explica.

 

Mudanças à vista

O próxiomo passo, de acordo com o secretário, será a continuidade da revitalização no trecho da Santa Catarina com a implantação das ciclofaixas, a remodelação de parte da via e – quase paralelamente – o início da obra na Avenida Rio Grande do Sul, que passará por mudanças.

Ele diz que na aprovação do projeto inicial o trecho entre as ruas Rogério Valter Grum (Cantinho do Peixe Frito) e Helmuth Koch (Supermercado Copagril) previa uma ciclovia bidirecional, sendo que todas as árvores seriam retiradas do canteiro central e também nos passeios laterais pra colocação dos pavers. Entretanto, houve uma manifestação popular e do Conselho do Meio Ambiente questionando porque não haviam sido consultados antes da aprovação do projeto sobre a retirada dessas árvores, esclarece.

Como o projeto já estava aprovado na Caixa, ficou estabelecido junto ao Conselho do Meio Ambiente, ainda no ano passado, que as árvores mais antigas, como flamboyants e sibipirunas, deveriam ser removidas porque além de darem um enraizamento maior danificando a via, não oferecem aspecto urbanístico por se tratar de uma zona de alto tráfego. Então se chegou ao consenso de que algumas árvores, em especial os ipês, permanecerão, revela Seyboth. Frente a isso, será necessária uma reprogramação do projeto. A Caixa será informada de que parte das árvores permanecerá e a ciclovia no eixo central da Avenida Rio Grande do Sul, onde seriam duas faixas laterais com gramado de 30 centímetros e o restante em asfalto passará a ser uma faixa verde central com as árvores e postes com uma ciclovia de cada lado, complementa.

Na região central, destaca o secretário, entre as ruas Independência (Posto Camilo) e Rogério Valter Grum, haverá a remodelação dos passeios públicos, com a colocação de pavers e retirada das árvores, com a exceção dos ipês.

 

Previsão de entrega

A partir da entrega do projeto as built informando que as imperfeições apontadas foram regularizadas e com a promessa por parte da empresa que executa a obra de que as alterações serão concluídas no início desta semana, a expectativa de Seyboth, considerando as alterações que deverão ser feitas no projeto, é de que até o aniversário do município, em 25 de julho, as duas revitalizações estejam concluídas. Se houver necessidade de novos termos aditivos de contrato, nós só vamos identificar ao longo da execução do projeto, mas isso não deve atrasar a obra. A partir do momento que retomarmos a revitalização, trabalharemos junto da empresa, orientando e fiscalizando para garantir a qualidade da obra, conclui.

 

Polêmica dos platôs

Também alvo de questionamentos da população e da Caixa, os platôs instalados em frente ao Cemitério Municipal e à Escola Municipal 25 de Março, que já apresentam defeitos por conta do fluxo intenso de veículos – especialmente caminhões – que trafegam pelo local, também devem passar por um reparo. O projeto, de acordo com o secretário, especifica que as rampas de acesso aos platôs tenham dez centímetros de concreto, mas o trânsito pesado que a via recebe fez com que a estrutura não suportasse. Estamos verificando com a empresa para que refaça isso com uma graduação maior, de pelo menos 20 centímetros de base de concreto, para suportar o tráfego, justifica.

Outro problema na execução desta estrutura em frente à Escola 25 de Março, conforme Seyboth, ocorreu pela falta de compactação da terra após a colocação de galerias pluviais no local. Estavam mexendo ali no momento que fizeram as elevações e na primeira chuva que ocorreu, pela falta de galeria, começou a empossar água e foi preciso resolver isso. Após a colocação da galeria para escoar essa água, eles recolocaram a terra e o paver, mas não houve a compactação suficiente e a empresa já se responsabilizou para refazer esse trecho para deixá-lo nivelado, comenta.

Outro problema apontado pela empresa foi de que o tempo de cura do concreto não foi suficiente, porque havia uma pressão por parte do Poder Público para que a via fosse liberada em função do fluxo e pela proximidade com a festa do município. E eles liberaram antes do previsto. Ou seja, não haverá custo para refazer os platôs, mas nas rampas de acesso, sim, finaliza.

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