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Preço da mandioca desaba e produtor pensa até em não colher

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Em janeiro de 2014, o produtor rural Valter Lohmann, de Marechal Cândido Rondon, vendeu sua produção de mandioca por R$ 535 a tonelada. De lá para cá, os preços só diminuíram, especialmente pela grande oferta do produto no mercado nacional, impulsionada pela boa safra do Nordeste brasileiro. Hoje, pela mesma tonelada de mandioca, o produtor rondonense consegue apenas R$ 198, quase três vezes menos do que há pouco mais de um ano (queda de 63%). A realidade se repete na microrregião, causando temor aos produtores, que já pensam até em abandonar o produto no campo para não ter despesas de colheita e entrega para a fecularia.

Somente em Marechal Cândido Rondon, os cerca de 500 produtores de mandioca plantam mais de 3,2 mil hectares, de acordo com o técnico em fomento de mandioca da Agrícola Horizonte, Sigmar Herpich. Ele aponta três principais situações para o preço do tubérculo desabar tanto de um ano a outro. Na ordem de importância, a superprodução da região Nordeste do país, a migração das indústrias para o amido de milho na composição de seus produtos e a queda no rendimento industrial o país.

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Produtor Valter Lohmann: Desse jeito, com preço baixo, instabilidade e muito trabalho e gasto para produzir, a gente perde a graça

 

O Nordeste é o maior produtor de mandioca do país. Em 2013 e início de 2014, por conta da estiagem naquela região, a produção foi baixa e, consequentemente, o preço subiu e animou os produtores. Entretanto, a última colheita (2014/15) no Nordeste foi muito boa, derrubando os preços no mercado, explica Herpich. Além disso, quando o preço do amido de mandioca estava alto, há um ano, muitas indústrias migraram para o amido de milho, mais barato, para compor seus produtos e acabaram não voltando mais para o amido de mandioca pelo fato de o amido de milho ser altamente competitivo. O mercado (de amido de mandioca) encolheu e também colaborou na queda dos preços, emenda. Há ainda a questão da desaceleração da indústria brasileira, que retraiu, em função da estagnação da economia, e está com o freio de mão puxado. Muitas farinheiras estão produzindo menos que a capacidade, operando em um ritmo mais lento, acrescenta.

O especialista sublinha que como neste ano a região Nordeste, maior produtora e consumidora do país, não precisa comprar o amido dos produtores de outras regiões, como Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, sobrou mandioca no mercado e o preço no mercado nacional despencou.

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