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Marechal Ensino superior

“Queremos ampliar as parcerias com as instituições”, frisa Davi Schreiner

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Diretor do campus rondonense da Unioeste, Davi Schreiner: “A nossa gestão tem essa preocupação de oferecer condições de oferta dos cursos de graduação e pós-graduação, melhorar a infraestrutura já existente e buscar novas estruturas necessárias” (Foto: Joni Lang/OP)

Exercendo o quarto mandato de diretor do campus rondonense da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), o doutor em História Social, Davi Félix Schreiner, aborda em entrevista ao O Presente sobre os desafios da gestão 2020/2023. Ele expõe sobre como a Universidade enfrenta as dificuldades financeiras, trata da questão da autonomia, em relação ao avanço da educação a distância e sobre as novas profissões.

No tocante à quarta gestão como diretor do campus, o que é considerado um feito inédito em toda a Unioeste, Schreiner destaca que nem sempre o trabalho deve ser realizado de forma original, porém com perfeição visando ofertar as melhores condições que uma instituição de Ensino Superior requer. “Daremos continuidade aos trabalhos já iniciados. Portanto, temos obras em andamento, entre novas e reformas, o que vai melhorar substancialmente as condições para a graduação e para a pós-graduação, como também para a administração do campus de Marechal Cândido Rondon. Isso vai qualificar nossa relação de atendimento e a relação dialógica com a comunidade externa”, frisa, lembrando que o ano letivo inicia no próximo dia 09 de março.

O professor doutor também reforça a preocupação com o ensino, a pesquisa e a extensão. “O que envolve a oferta dos cursos de graduação e de pós-graduação com excelência, a formação de profissionais nas diferentes áreas e, portanto, de pesquisadores. Ao mesmo tempo sugere uma relação com a comunidade, uma vez que a Universidade trabalha em cima de dezenas de projetos e de convênios com prefeituras, instituições e empresas”, enaltece.

No entanto, ele lamenta as críticas dentro que avalia que por vezes as pessoas não se dão ao trabalho de checar se isso se trata de algo verdadeiro. “Falam dos salários, mas quem percebeu que em torno de 40% é formado por descontos? O Governo do Estado deu 2% de reajuste, mas aumenta a alíquota do imposto de 11% para 14%. Coloco este quadro para expor que temos um grande desafio a ser enfrentado no sentido de avançarmos muito que que diz respeito à oferta de cursos de graduação e de pós-graduação com excelência, sobretudo em uma conjuntura adversa nos pontos de vista federal e estadual. A cultura e a educação são usadas como bodes expiatórios dos problemas que o país vive”, lamenta, emendando que “todas as nações desenvolvias possuem um olhar mais do que especial para a cultura e para a educação”.

 

AUTONOMIA

A autonomia tem sido citada como uma das possíveis formas de se ultrapassar as dificuldades financeiras. Em relação a isso, Schreiner esclarece que o assunto já está garantido nas constituições Estadual e Federal. “Mas, apesar de ser um direito, ela é mal interpretada. Autonomia significa exatamente liberdade e pluralidade. Aliás, os que defendem a liberdade de expressão e, portanto, da extrema direita à extrema esquerda, muitas vezes querem ‘caçar’ a autonomia da Universidade. Ela está garantida como uma premissa basilar exatamente para que não se tenha roubos autoritários em relação ao ensino de alto nível para que se possa produzir ciência para o desenvolvimento econômico e social do país. É bom que se diga que mais de 95% das pesquisas do nosso país são realizadas pelas universidades públicas”, revela.

Ele prossegue expondo que a autonomia pressupõe o respeito e o cumprimento da legislação. “Um diretor de campus ou um reitor não pode querer criar cargos, mas a Universidade pode, por meio do Conselho Universitário, propor uma nova estrutura”, pontua, ressaltando que isso deverá obedecer aos trâmites legais. “Portanto, a autonomia é administrativa, financeira, pedagógica e acadêmica. Da mesma forma ocorre em relação ao orçamento, que o Estado deve garantir o funcionamento da instituição do ponto de vista financeiro, mas não está fazendo esse papel”, diz.

Segundo ele, no ano passado o custeio para os cinco campi da Unioeste mais a Reitoria foi iniciado em R$ 10,7 milhões, sendo que após diálogo chegou a R$ 15 milhões. “Hoje iniciamos com R$ 10,9 milhões, o que é insuficiente para manter as atividades de ensino, pesquisa e extensão em bom nível. Iniciamos com uma problemática, porém acreditamos que vamos resolver tranquilamente com o Governo do Estado porque há este canal de diálogo aberto. Neste caso eu me refiro ao custeio, não à folha de pagamento. Ao resolver este problema nós daremos condições de planejar o ano. O tempo que perdemos em resolver a questão do custeio nós poderíamos trabalhar projetos que envolvem Universidade, instituições e iniciativa privada para desenvolver projetos com a comunidade”, sugere.

Conforme o diretor, as pessoas têm buscado uma resposta simplória ao invés de olhar para onde estão os problemas e enfrentar os gargalos. “Não digo que não tenha que cortar, reavaliar e visualizar onde estão os limites, mas falo que as instituições devem mostrar com transparência os dados para buscar as soluções”, diz.

 

EVASÃO ESCOLAR

Outro assunto considerado importante está ligado às vagas ociosas. “Este é um problema seriíssimo e se estende país afora. Quando vamos discutir evasão escolar ou vagas ociosas, nós temos de pensar que isso deve ser enfrentado com uma discussão madura e aprofundada. Quais condições ofertamos para o ingresso e permanência dos estudantes na universidade? Além disso, há que se discutir a respeito de cursos para dar conta das novas profissões que têm surgido”, cita.

“Falo com tranquilidade que o mercado exige profissões que a universidade de modo geral não possui cursos para a formação desses profissionais. Grandes empresas estão elas mesmas formando profissionais, então deve ser feito este olhar. Nós avançamos, mas talvez devemos evoluir para acompanhar os novos desafios que se colocam do ponto de vista da nova realidade que se apresenta”, avalia Schreiner.

Ele ressalva que se de um lado a educação a distância cumpre um papel importante, o “X da questão” quem sabe seja em quais condições a EAD é ofertada. “A mesma questão vale para o ensino presencial, uma vez que ambas as formas cumprem seu papel, mas a EAD é um desafio que se coloca à Unioeste. Há de fato cursos e disciplinas que não podem ser feitos, pelo menos hoje, se não forem presenciais. É um bom debate a ser feito. O que importa para a Universidade é que ela forme profissionais e pesquisadores de excelência. Este é o objetivo que devemos perseguir”, pontua.

 

CAMPUS RONDONENSE

O campus rondonense é o 2º em números da Unioeste, atrás apenas de Cascavel. São em torno de 1.638 alunos distribuídos em dez cursos de graduação, além de duas especializações, cinco mestrados e quatro doutorados. O campus tem em torno de 200 professores, dos quais 95% com doutorado, e 88 servidores.

Além disso, são 31 mil metros quadrados de área construída e outros 155 hectares utilizados em diversas finalidades, em Marechal Rondon e Entre Rios do Oeste. “Apesar da dimensão, estamos iniciando o ano de 2020 descontada luz, água, telefone, Restaurante Universitário, bolsas indígenas e diário oficial, com R$ 43 mil, o que não paga nem os estagiários que nós temos. Nós pagamos outras despesas com funcionários por meio da arrecadação proveniente de recursos próprios”, avisa.

“O que tenho a dizer é o seguinte: estamos dando continuidade às ações já iniciadas e, portanto, nos encaminhando para fechá-las com qualidade. Em termos de obras vamos inaugurar no fim de fevereiro e início de março um prédio de R$ 3 milhões para a pós-graduação, mestrado e doutorado de História e Geografia. Estaremos ainda durante o ano inaugurando cerca de 40 novos laboratórios na área de Ciências Agrárias, por meio dos quais trabalharemos com a graduação e pós-graduação para desenvolver parcerias com instituições públicas e privadas”, destaca.

O diretor complementa haver outros recursos liberados e em fase de autorização para que ocorram novos investimentos na estrutura, incluindo reformas e compra de veículo. “Vamos correr atrás de uma cantina universitária e queremos obter espaços de sociabilidade para os estudantes e atender melhor a comunidade acadêmica. A nossa gestão tem essa preocupação de oferecer condições de oferta dos cursos de graduação e pós-graduação, melhorar a infraestrutura já existente e buscar novas estruturas necessárias. Também um olhar e trabalho mais direto com a comunidade para que se sinta parte da Universidade. Estamos trabalhando por meio de projetos de extensão, mas queremos ampliar bastante a relação com as empresas e instituições públicas, além de manter o olhar muito especial para com os nossos municípios lindeiros”, finaliza.

 

O Presente

 

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