Fale com a gente

Marechal Entrevista ao O Presente

Rádio Atlântida FM completa 29 anos de fundação neste sábado

Publicado

em

Gerente da Educadora AM e Atlântida FM, Paulo Nogueira: “O número de pessoas que ouve rádio é extraordinário, principalmente em Marechal Rondon e no Oeste do Paraná, onde existe esta cultura. Aqui, o assunto do momento normalmente é o que foi divulgado na rádio, sinal de popularidade, de credibilidade e de um trabalho bem feito ao longo de muitos anos” (Foto: Joni Lang/OP)

A Atlântida FM completa neste sábado (25) 29 anos de fundação. A emissora, que pertence ao mesmo grupo da Educadora AM, foi a última concessão pública de iniciativa privada de radiodifusão em Marechal Cândido Rondon.

Em entrevista ao O Presente, o gerente das duas emissoras de rádio, Paulo Nogueira, falou sobre o processo de inovação vivenciado pelas rádios com a chegada das novas tecnologias e como utilizam delas ao seu favor. Também comentou sobre competitividade de mercado, alcance, audiência e o papel do rádio nestas eleições. Confira.

 

O Presente (OP): A Rádio Atlântida FM completa 29 anos neste sábado, 25 de julho. O que representa comemorar quase três décadas de história em um município que completa 60 anos, inclusive na mesma data?

Paulo Nogueira (PN): A rádio não foi programada para começar efetivamente nesta data, mas, por coincidência, exatamente no dia 25 de julho de 1991 tínhamos a Atlântida FM no ar e em caráter permanente em Marechal Rondon. Nossa satisfação é muito maior pelo fato de comemorarmos o aniversário junto com o município. Dividimos com todos os rondonenses a alegria dessa conquista. Conquista porque há de se considerar que naquela época dificilmente o governo federal autorizava novas concessões. Então, Marechal Rondon, a partir daquela ocasião, passava a contar efetivamente com quatro emissoras de rádio, duas AM e duas FM.

 

OP: Há quanto tempo o senhor gerencia a Educadora AM e a Atlântida FM?

PN: Eu comecei na Rádio Educadora em 1986 e passei a gerenciar as emissoras lá pelos anos 90. Quando a Atlântida FM entrou no ar, na época, eu providenciei todo o processo de montagem, a parte operacional da emissora, a parte documental com o Ministério das Comunicações. A Educadora AM já está atuando há mais de 40 anos e é uma das emissoras com mais tempo de atuação na região.

 

OP: Como é o formato de trabalho da Educadora e da Atlântida? Apesar de ambas funcionarem no mesmo prédio têm equipes e administrações diferentes?

PN: São duas empresas com razões sociais diferentes. Hoje, as duas equipes praticamente atuam nas duas emissoras. Tanto a AM quanto a FM fazem parte de um mesmo grupo econômico e todos os funcionários das rádios trabalham para esse grupo. Então, não existe essa divisão. Todos trabalham para essas duas empresas.

 

OP: A Atlântida foi a última concessão pública de iniciativa privada de radiodifusão que Marechal Rondon teve. Depois veio a rádio comunitária, que é uma concessão pública de iniciativa comunitária de radiodifusão. Como não ser apenas mais uma rádio e fazer a diferença na comunidade local e na região, que nos últimos anos ganhou muitas rádios comunitárias?

PN: Até a inauguração da Atlântida, Marechal Rondon contava com quatro emissoras de rádio. A comarca de Marechal Rondon contava com quatro emissoras de rádio; hoje a comarca tem mais de dez emissoras de rádio, entre as comerciais, que são cinco ou seis, e as comunitárias, que vieram ao longo dos últimos anos, implantadas em praticamente todos os municípios e em alguns deles até mais que uma. Sem falar que, por estarmos em uma região de fronteira, temos também as rádios “piratas”, que operam como uma emissora de rádio, mas que não têm registro no Ministério das Comunicações. Aquelas que participaram de uma concorrência pública, foram vencedoras dessa licitação e ganharam o direito de atuar através da outorga do governo federal, concedida por um prazo de dez anos e sempre precisam renovar para mais dez anos desde que se atendam todas as exigências, que não são poucas. É bastante burocrático este processo. A partir do governo Bolsonaro houve uma desburocratização, mas, mesmo assim, aqueles compromissos que você assinou lá atrás quando recebeu a concessão, essa outorga você precisa provar que continuou cumprindo.

 

OP: Como o senhor define a Atlântida FM? Qual marca ela deixa no ouvinte?

PN: A Atlântida FM, por ser a mais nova das rádios comerciais em Marechal Rondon, e até pelo seu nome se tornou a rádio “charmosa” aos olhos dos anunciantes. É uma rádio bastante querida entre os ouvintes. São poucos locutores que fazem programas na Atlântida, no entanto são extremamente conhecidos e respeitados. A Atlântida é vista com uma simpatia muito grande por parte dos seus ouvintes. A marca dela é justamente este contato que existe entre ouvinte e comunicador. O contato diário (ouvinte e comunicador) se transformou em uma marca familiar.

 

OP: Em todas as áreas, as empresas precisam ter um olhar constante voltado para a inovação a fim de permanecer na mente do seu público e com relevância em seu respectivo mercado. Como a Atlântida tem inovado nestes 29 anos de atuação?

PN: No caso da Atlântida FM, e isso se aplica também na Educadora AM, a mudança maior é em dois setores: o de jornalismo e o comercial. Antes, dependia-se exclusivamente da equipe de vendas, normalmente formada por uma ou duas pessoas. Com as novas legislações, as rádios tiveram de se adaptar e também trabalhar com as agências de publicidades. Hoje, por exemplo, uma prefeitura tem que fazer divulgação de qualquer campanha ou qualquer ato institucional via agência. Antigamente, você conversava com o prefeito por telefone e combinava de que forma seria feito e qual seria o custo disso. Na questão do jornalismo, hoje ficou mais fácil. Antigamente qualquer coisa que você precisasse ir atrás teria que necessariamente ir até o local, ter uma unidade móvel, também autorizada pelo Ministério das Comunicações, para fazer qualquer transmissão de dados de um local até o estúdio de rádio para que fosse ao ar. Antes você dependia do alcance da sua unidade móvel, da potência da localização. Hoje você faz isso pelo celular, faz pela internet de qualquer lugar do mundo.

 

OP: Qual é a “fórmula” para se manter vivo e viável economicamente em um mercado tão competitivo, tanto no sentido de programação/audiência quanto na questão publicitária?

PN: Prestamos muita atenção na preferência popular. Quando nós começamos, por exemplo, na Atlântida FM, há 29 anos, tínhamos um momento em que a música sertaneja estava dando um salto fantástico, novas duplas aparecendo no mercado, fazendo sucesso, ocupando as paradas em todas as emissoras de médio e grande porte e nos canais de televisão. Nós acompanhamos aquele momento da música sertaneja com a nossa programação. Isso continua até hoje, mas com uma intensidade bem menor. Então, quem diz o momento de você fazer algo é a opinião pública, a preferência popular. Entra também nessa questão todo o restante da programação. Você tem que saber dosar para não perder ouvintes. Não se pode falar excessivamente de política ou conteúdos policiais. É preciso ouvir as pessoas com frequência e se adaptar sempre ao que for necessário. Em termos comerciais, os decretos que liberaram novas emissoras na região fizeram com que o bolo publicitário inicialmente dividido por quatro empresas do setor passasse a ser dividido entre mais de dez e de forma muito brusca. Isso fez ser necessário reestruturar a programação e adotar medidas.

 

Gerente da Educadora AM e Atlântida FM, Paulo Nogueira: “Em Marechal Rondon, se você colocar todas as mídias existentes, incluindo a própria televisão, somente à noite a ela pode ter uma vantagem, mas durante todo restante do dia o rádio vai predominar. Mais de 80% das pessoas ouvem rádio e é o veículo de comunicação mais popular” (Foto: Joni Lang/OP)

 

OP: O rádio é uma das mídias mais antigas em atuação no mercado e apesar de alguns dizerem que ele está morrendo, o meio se adapta aos novos tempos e às novas formas de transmitir informação. Como vocês, da Atlântida, usam ao seu favor as ferramentas que as novas tecnologias oferecem?

PN: As novas tecnologias que surgiram foram imediatamente incorporadas pelas emissoras de rádio. Hoje temos em Marechal Rondon vários sites de notícias, mas quando eles vieram as rádios já tinham seus sites de notícias. Muito embora não se dedicassem 100% para transmissão de notícias, mas para a transmissão também do seu sinal, que, através da internet, pode ser ouvido e acessado em qualquer parte do mundo. Essas tecnologias também vieram em termos de equipamentos. Hoje a gente não usa o toca disco, o transmissor que era a válvula hoje é um transmissor digital, algo que era muito grande e ocupava muito espaço hoje ocupa minimamente o espaço de uma pequena sala e funciona tudo automático. Antes você precisava de alguém para ir lá, ligar e desligar o transmissor, aumentar e reduzir a potência, hoje você programa e ele faz sozinho. Então, esse acompanhamento tecnológico veio não somente com a internet, redes sociais, celular, mas com equipamentos também.

 

OP: Rádio e internet têm uma relação mais próxima do que a maioria das pessoas imagina. A combinação das duas pode gerar uma série de novas possibilidades bastante vantajosas para ambas, bastando empregar a estratégia correta. Vocês usam, por exemplo, as redes sociais para interagir com seus ouvintes ou disponibilizar sua estação para ser ouvida via streaming?

PN: Isso está disponível há algum tempo e essa interação funciona praticamente 24 horas por dia dentro das duas emissoras. A internet é uma ferramenta que soma, mas em nenhum momento supera o alcance e o potencial do rádio. O velho e bom rádio continua predominando, mandando na audiência. O número de pessoas que ouve rádio é algo extraordinário, principalmente em Marechal Rondon e no Oeste do Paraná, onde existe esta cultura. Aqui o assunto daquele momento normalmente é o que foi divulgado na rádio, sinal de popularidade, de credibilidade e de um trabalho bem feito ao longo de muitos anos. Por isso eu não tenho dúvidas em afirmar que ainda o rádio é o meio de comunicação da preferência da grande maioria da população.

 

OP: Em comparação com os outros meios de comunicação, o rádio é o mais acessível economicamente e com isso atinge de forma mais direta as populações de baixa renda. Podemos dizer que o rádio hoje é o meio de comunicação mais acessado pelos rondonenses, o que tem maior abrangência na comunidade? Vocês têm alguma ferramenta que faz esse monitoramento?

PN: A única ferramenta que permite monitoramento em tempo real é a transmissão pela internet, todavia nosso maior objetivo é a transmissão pelo rádio. Temos pesquisas feitas por institutos conceituados que nos dão um parâmetro sobre aqueles que continuam ouvindo rádio e não mudaram mesmo com as opções vindas com as novas tecnologias. O rádio continua disparado na frente. Eu diria que em Marechal Rondon se você colocar todas as mídias existentes, incluindo a própria televisão, somente à noite ela pode ter uma vantagem, mas durante todo restante do dia o rádio vai predominar. Mais de 80% das pessoas ouvem rádio e é o veículo de comunicação mais popular. Não conheço a realidade dos outros em relação a custos, mas acredito que o rádio é o meio mais acessível, mais vantajoso e que também gera uma resposta muito mais rápida.

 

OP: É possível afirmar que as emissoras de rádio, principalmente as FMs, seguem ditando “moda” no meio musical? O senhor percebe isso em Marechal Rondon?

PN: Não. Em Marechal Rondon historicamente a preferência popular é pelas emissoras de rádio AM. As FMs também têm um público bastante considerável. Apesar de terem formatos um pouco diferentes, musicalmente as duas têm influência. Pode ser que amanhã ou depois as FMs, que estão se igualando, até superem este aspecto. Todavia, as AMs ainda ditam essas regras nesse momento.

 

OP: O tradicional imediatismo do rádio, que sempre costumava sair na frente com informações importantes, hoje, de certa forma, “compete” com os portais de notícias, que também têm essa possibilidade e exploram muito bem as publicações, divulgando informações tão logo elas acontecem, saindo, muitas vezes, na frente até mesmo do rádio. Como lidar com isso? É possível dizer que isso de certa forma tirou o rádio do “comodismo”?

PN: Não houve comodismo do setor de radiodifusão em nenhum momento. O que não existe no rádio é a preocupação de que aquela notícia seja imediatamente colocada no seu site pelo fato dos outros sites terem publicado. A prioridade é dada para o ouvinte, então o rádio continua, dentro do possível, informando sempre em primeira mão. É claro que como nós temos excelentes profissionais nos sites de notícias de Marechal Rondon e em outros meios de comunicação, eles também terão esta oportunidade de fazer frente. Temos que nos preocupar também em transmitir informação de qualidade e que corresponda efetivamente com a realidade. O alcance do rádio é muito grande, portanto sua responsabilidade também é.

 

OP: Está tramitando na Câmara dos Deputados um projeto que prevê ampliar o tempo da propaganda eleitoral gratuita nas eleições de 2020 no rádio e na TV como forma de compensar as atividades tradicionais de campanha, afetadas pela pandemia de Covid-19. O senhor acredita que deve ser aprovado e por que seria importante ser aprovado?

PN: Acredito que a possibilidade de aprovação é real porque interessa àqueles que vão votar este projeto, que são os políticos. Interessa a eles, mas não às emissoras de rádio e nem de televisão. Eu sou totalmente contrário e não vejo benefício nenhum em aumentar o horário (da propaganda) eleitoral.

 

OP: Devido ao ano pandêmico, vamos viver uma eleição diferenciada, com limitações por parte do candidato com o eleitor. Isso joga luz à internet, uma vez que a expectativa é de que as redes sociais serão a bola da vez para disseminação de propostas e comícios virtuais. O rádio também ganhará mais força e visibilidade nesta campanha?

PN: Com certeza. A força será aquele momento dos candidatos que conseguirem fazer bom uso do horário eleitoral atingirem o máximo de pessoas e eleitores, que vão querer ouvir o que pensam os candidatos, especialmente a prefeito. Em relação às redes sociais também existe este fator, com certeza serão fortalecidas, contudo, minha maior preocupação são as fake news, que talvez vão confundir o eleitor mais do que ajudar na hora de uma decisão.

 

OP: O que pensar sobre o futuro do rádio e das novas gerações. O senhor consegue visualizar mudanças significativas?

PN: Acredito que o rádio vai manter este padrão e melhorar com o tempo. Mas, pelo andar da carruagem, o rádio poderá ser transformado em uma emissora de tevê a qualquer momento. Isso seria algo para os próximos anos, ao contrário de uma emissora de tevê, que não vai se transformar em rádio. Já é possível trabalhar nesse sentido, então acredito que em breve este contato do comunicador com o ouvinte também será via imagem. Nós poderemos ter a propaganda de uma empresa ao mesmo tempo falada no rádio e sendo transmitida pela internet com imagens e depoimentos. Acredito que pode evoluir para termos uma rádio e tevê funcionando ao mesmo tempo.

 

 

O Presente

 

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente