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Marechal Quarteto Güttges

Rondonenses desbravam a natureza nos fins de semana e inspiram famílias a conhecer as belezas do interior 

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Ao contrário da maioria, família Güttges foge da acomodação do sofá nos fins de semana e vê na natureza o ambiente perfeito para ser desbravado entre pais e filhos, proporcionando experiências incríveis, conhecimento, lazer e muita diversão (Foto: Arquivo pessoal)

O fim de semana é muito esperado por todos. Para alguns, é sinônimo de descanso, de tempo para desfrutar o conforto do lar. Para outros, de programações fora de casa e que proporcionem, de preferência, contato com a natureza. Este é o caso de Silvia e Arlen Güttges, que veem nos momentos de folga um tempo especial para se aventurar com os filhos João Vitor, de dez anos, e Pedro Henrique, de seis.

Os passeios da família nos fins de semana começaram há cerca de quatro anos e o quarteto tem desbravado, em especial, o interior de Marechal Cândido Rondon.

Enquanto muitos preferem as comodidades do sofá, o casal se completa na disposição por aventuras. “Eu fui escoteiro durante nove anos, fiquei um tempo fora, mas agora voltei e presido o Grupo de Escoteiros. O João começou a fazer parte do movimento também. Então, isso está no meu sangue”, conta Arlen ao O Presente. Silvia, por sua vez, sempre foi uma entusiasta do contato com a natureza. “Sempre gostei bastante de aventura, de adrenalina, e os nossos passeios são bem bacanas”, enaltece.

Eles comentam que as aventuras em família foram intensificadas durante a pandemia, quando as opções de lazer na cidade ficaram restritas.

Silvia e Arlen Güttges com os filhos João Vitor e Pedro Henrique: quarteto já desbravou o interior rondonense, e as aventuras continuam (Foto: Arquivo pessoal)

 

OS FILHOS

Segundo Arlen e Silvia, os meninos adoram os passeios. O último destino foi a Linha Campos Sales, lembra o pai. “O João sempre pede para sairmos, enquanto o Pedro é mais caseiro. Mesmo assim, quando estamos no meio do passeio ele se diverte”, compartilha.

A mãe diz que a hora de ir embora nem sempre é fácil para os meninos. “O Pedro sempre pede para caminhar mais. Nesse passeio a Campos Sales nós andamos no meio da floresta, estava muito gostoso”, menciona.

 

PIPOCA E TERERÊ

Enquanto faz a pipoca e o tererê, a família vai conversando sobre a aventura da vez. “A gente decide na hora para que lado vamos. Normalmente eu pego o Google Maps para dar uma olhadinha nas principais estradas rurais. Há alguns roteiros, mas já aconteceu de a gente chegar ao final de uma estrada que dava em propriedades. Conversamos com os agricultores e descobrimos ou precisamos retornar para outras estradas”, expõe Arlen.

Nesses casos, Silvia ressalta que eles dão meia volta e a aventura continua. “Nós geralmente passamos a tarde nesses lugares. O momento da pipoca e do tererê é ainda durante o deslocamento, até chegarmos no local. Vamos comendo e conversando para ser uma coisa divertida”, relata.

 

INTERIOR RONDONENSE

Os destinos escolhidos, afirmam eles, não precisam contemplar somente Marechal Rondon. “Em nossa cidade há locais bem interessantes. Todavia, nada impede de visitarmos lugares mais distantes. Recentemente, voltando de viagem, demos uma ‘esticada’ e passamos em Vila Velha com os meninos. Agora, a gente planeja ir para Prudentópolis”, antecipa. A mãe pontua que, por ser um trecho mais longo, essa viagem está sendo planejada.

A partir das “andanças” da família, o interior de Marechal Rondon já foi praticamente todo desbravado, mas eles sempre ampliam as opções. “Vamos para Mercedes, para Entre Rios do Oeste pescar”, aponta Arlen.

Indicações também contribuem para os roteiros. “Eu vi uma imagem muito linda de uma amiga e perguntei onde era. Era a Linha Campos Sales. A referência que ela deu não bateu, mas fomos pesquisando e encontramos”, conta.

 

CONTATO COM A NATUREZA

De acordo com o pai, nas aventuras os filhos aprendem questões da natureza e criam certa independência. “A gente quer passar esse tipo de conhecimento e quer que eles ‘se virem’. Muitas crianças nunca viram uma vaca de perto, nós fazemos questão de mostrar essas coisas”, frisa.

A família costuma interagir com a natureza. “Não é só visitar. Se estamos em um lugar com fruta, colhemos a fruta, mostramos para os meninos e comemos a fruta na hora. Os meninos já experimentaram de mamão a milho cru. Mostramos as plantações de soja, mandioca e eles vão conhecendo”, enaltece Silvia.

Arlen relembra que em uma das pescarias com o filho mais velho, eles se depararam com um local bastante poluído, com latas de cerveja, entre outros tipos de lixo. “O João pegou uma sacolinha e recolheu. Foi muito legal. Aprendemos nos escoteiros que precisamos deixar o local melhor do que a gente o pegou”, engrandece, e a mãe emenda: “Nós falamos sobre essas coisas para despertar a consciência de cuidado com o meio ambiente”.

 

CONHECIMENTO DE MUNDO

Os passeios mostram aos filhos outras realidades que, muitas vezes, não são observadas na cidade. “Vemos a vida no campo, a simplicidade e em alguns casos até a necessidade. Muitas famílias passam necessidade, têm casas velhinhas. É bom para as crianças verem essas dimensões”, ressalta o pai.

Para o casal, os passeios, de um modo ou de outro, contribuem para o desenvolvimento dos filhos. “Ser pai não é só dar as coisas para o filho, é participar da vida dele. Esse é o trabalho que a gente faz e que dá trabalho”, destacam.

Diversão é garantida para pais e filhos que, juntos, descobrem o mundo (Foto: Arquivo pessoal)

 

TREKKING NO GUAVIRÁ

Entre as aventuras da família há uma que eles consideram especial: um trekking feito no Arroio Guavirá. “Fomos desbravar o rio. Havia alguns lugares um pouco tensos de passar, com pedras grandes. No caminho descobrimos uma represa que eu acho que poucos conhecem e uma roda d’água. Nós passamos por debaixo da ponte e vimos um casal de pica-paus”, relembra Arlen.

No meio da caminhada, Silvia conta que ouviram um barulho, pararam e observaram os pássaros. “Onde é que você veria pica-paus se não no Parque das Aves? E ali estavam livres”, enaltece.

O contato com a natureza do local gerou uma aula ao ar livre, enfatiza o pai. “Passamos por dentro de erosão, crateras e pelos tubos de água. Conseguimos ver partes do rio limpinho e outras nem tanto, raízes expostas, estratificação do solo”, detalha.

Com tantas coisas para ver, o Arroio Guavirá já foi palco das aventuras da família por três vezes. “Andamos um trecho e depois fizemos o resto daquele pedaço. Voltamos uma terceira vez com outras famílias que quiseram levar seus filhos também”, conta Silvia.

 

INFLUENCIANDO FAMÍLIAS

As aventuras, comenta Arlen, rendem memórias espetaculares, que são registradas em fotos e compartilhadas na rede social da família. “Essas atividades inspiram outras famílias. Amigos nossos já pediram para convidá-los. Nós programamos um trekking, que é uma caminhada dentro do rio, com umas quatro famílias”, menciona.

Nos trekkings, os aventureiros escolhem um rio da cidade, entram e avançam junto das águas até onde o tempo permitir. “Já fomos em uns três rios. Nesse passeio com as famílias, ao fim fizemos um piquenique. As crianças adoram, interagem e a gente percebe que aproveitam o dia ao máximo”, observa Silvia.

O casal destaca que não expõe as crianças a riscos. “Nos trekkings eu sempre vou na frente, levo corda, facão, kit de primeiros socorros e tomo cuidado. No início, é interessante ir com alguém que conhece o lugar”, sugere Arlen.

 

ZONA DE CONFORTO

Os passeios da família Güttges são propagados e, como comentado, influenciam muitas pessoas. E por vezes esbarram em um porém: “É mais fácil ficar em casa”. Questionado sobre como vencer essa barreira, o casal é enfático: “O problema é sair de casa, porque ali você está acomodado”. O filho Pedro é um exemplo. “Se pensar no deslocamento, até chegar no local ele acaba dormindo no caminho. Por ele não iríamos, mas quando chegamos no local, o resumo de tudo compensa”, afirma Arlen, acrescentando: “A gente curte e aproveita, mas dá trabalho”.

Silvia salienta que em algumas oportunidades a família curte ficar em casa. “É gostoso ficar em casa no final de semana, assistindo TV, vendo série. De vez em quando, quando está mais frio ou chuvoso, fazemos isso, mas sempre arrumamos coisas para fazer dentro de casa, até porque moramos em apartamento”, comenta ela, Arlen complementa: “Já fizemos pipas, carrinho de rolimã. As pessoas dizem que não sabem, mas tem tanta coisa na internet, eu pesquisei. É isso, não pode se acomodar mesmo em casa”.

 

VÍNCULO FAMILIAR

Na opinião do casal, as aventuras servem para ampliar a proximidade e a sintonia da família. O mundo digital, opina Arlen, é um limitador em alguns momentos. “Nosso filho tem dez anos e acho que é o único dentre os amigos que não tem celular. Nós percebemos que ele não sente falta, claro que quando está à disposição ele joga, mas toda criança faz isso, e no caso dele não é uma prioridade. É preciso cumprir a função como pais, mais do que dar um celular na mão do filho. Se a gente não ensinar para eles essas coisas, alguém vai”, avalia. “Família é doação. Precisamos nos doar, fazer um pouco a mais. Assim, conquistamos a confiança dos filhos e valorizamos muito mais uns aos outros”, destaca.

Para Silvia, as aventuras proporcionam o fortalecimento dos vínculos familiares (Foto: Arquivo pessoal) 

 

COMO COMEÇAR?

Para Arlen, reservar um tempo para a família é importante e enriquecedor. Silvia entende que as atividades não precisam ser necessariamente na natureza, se a família não tem esse gosto. “A questão é fazer algo em família. Há muitas atividades possíveis e gratuitas”, pontua.

Uma caminhada, uma pedalada ou até mesmo uma volta de carro por um lugar novo pode ser um bom começo, avalia o casal. “O importante é sair, passear”, diz Silva. “Também é importante levar comida e celular como forma de precaução”, amplia Arlen.

 

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