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Marechal Entrevista ao O Presente

Vacinação de crianças enfrenta receios dos pais em Marechal Rondon

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Secretária de Saúde de Marechal Rondon, Marciane Specht: “Com o avanço da variante ômicron, aumento de casos ativos e pacientes sendo monitorados, a procura no ponto de vacina também teve uma demanda melhor em janeiro” (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

A vacinação contra a Covid-19 enfrenta uma procura crescente em Marechal Cândido Rondon. “Com o avanço da variante ômicron, aumento de casos ativos e pacientes sendo monitorados, a procura no ponto de vacina também teve uma demanda melhor em janeiro”, declarou a secretária de Saúde, Marciane Specht.

Conforme a chefe da pasta rondonense, a meta geral de imunização já foi alcançada, porém há percalços no que diz respeito à vacinação infantil, que começou dia 15 de janeiro no Paraná. “Inúmeros pais de forma informal se manifestam pela não vacinação neste momento, dizem que aguardarão. No entanto, é preciso enfatizar que a vacina fez a total diferença na vida de todas as pessoas e na nossa região não foi diferente”, argumenta.

Em entrevista ao Jornal O Presente, ela falou sobre o termo de assentimento para vacinação de menores de idade e a diferença das doses pediátricas.

Também expôs suas considerações quanto à variante ômicron. “Não se pode afirmar que há casos da nova variante no município, pois não existe confirmação laboratorial”, informa. Confira.

 

O Presente (OP): Como você avalia o andamento da vacinação contra a Covid-19 em Marechal Rondon?

Marciane Specht (MS): Nas últimas semanas vem aumentando a procura pelas vacinas em nosso município, em especial para segunda e terceira doses. No período dos feriados de fim de ano, a população rondonense buscou pouco o atendimento. Com o avanço da variante ômicron, aumento de casos ativos e pacientes sendo monitorados, a procura no ponto de vacina também teve uma demanda melhor em janeiro. Baseado nos dados do cadastro da nossa população no sistema de atendimento da saúde (sistema próprio) e considerando que a vacina para Covid-19, assim como qualquer tipo de imunobiológico, não pode ter acesso negado à população, atingimos a meta de 100% do público vacinado. Conforme os números monitorados pelo Setor de Epidemiologia, a meta foi atingida e inclusive ultrapassada, pois os cidadãos que buscaram atendimento e estavam no prazo de recebimento das doses foram vacinados.

 

OP: Qual o percentual de pessoas vacinadas com segunda e terceira doses? Que efeito esse índice de imunização gera?

MS: Conforme a atualização do dia 31 de janeiro com acompanhamento diário das doses aplicadas, podemos dizer que temos resultados importantes, em especial na busca já pela segunda dose e no reforço (terceira dose). Para a segunda dose na população acima de 18 anos ou mais temos 92,2% que buscaram sua vacina e, na dose de reforço, temos a marca de 25% da população-alvo que cumpriu os prazos estabelecidos e já foi vacinada. Esses números são muito importantes para a evolução da pandemia em relação à situação de gravidade, visto que há um número alto de casos ativos e de pacientes em monitoramento domiciliar. No entanto, o cenário é diferente nas portas de entradas dos serviços de saúde, sendo que a busca por atendimento ambulatorial acontece por pacientes com casos leves e não por uma situação de gravidade como a que foi vivenciada por todos os serviços em 2021, muito provável por conta da variante delta.

 

OP: Em algumas cidades da região estão sendo registrados altos índices de atraso na aplicação da segunda dose. Isso também está acontecendo em Marechal Rondon?

MS: Avaliando as questões relacionadas com fim de ano, a procura caiu consideravelmente por alguns dias, assim o atraso pode estar relacionado a uma destas causas, interação da vacina, hábitos de vida (como consumir bebidas alcoólicas) e ainda intervalo entre a primeira e segunda dose.

 

OP: A vacinação em adolescentes tem transcorrido conforme o planejado? Está sendo bem aceita por parte dos pais deste público?

MS: Neste momento, 72,2% (3.089) dos adolescentes já receberam ao menos a primeira dose em Marechal Rondon. Desses que tomaram a primeira dose, os que buscaram a segunda dose somam um total de 44,6% (1.906). Portanto, solicitamos a todos os pais ou responsáveis pelos adolescentes que vejam a carteira de vacinação e observem a data e o intervalo da primeira para a segunda dose. É importante lembrar que diariamente temos agenda com informações sobre a vacinação sendo divulgada.

 

OP: Em meados de janeiro, o público infantil, de cinco a 11 anos, começou a ser vacinado. Como está a procura pelas doses pediátricas em Marechal Rondon? Quantas crianças já se vacinaram?

MS: Conforme a última atualização dos dados no dia 1º (terça-feira), 12,2% da população, isto é, 638 crianças já foram vacinadas com a primeira dose na faixa etária de cinco a 11 anos.

 

OP: Percebe-se alguma resistência por parte dos pais rondonenses no sentido de não levar as crianças para se vacinarem?

MS: Sim. Inúmeros pais de forma informal se manifestam pela não vacinação neste momento, dizem que aguardarão. No entanto, é preciso enfatizar que a vacina fez a total diferença na vida de todas as pessoas e na nossa região não foi diferente. Comparando o cenário que vivenciamos no ano passado, com inúmeros casos graves e pacientes evoluindo para óbito, com início da vacinação e o atingimento da “imunidade de rebanho”, que tanto os estudiosos falaram, esse panorama foi mudando em relação a casos ativos no ano passado, mas em especial no âmbito da gravidade.

 

OP: Na vacinação de crianças, pais ou responsáveis precisam assinar o termo de assentimento, o que não aconteceu – salvo engano – com o público adolescente. Por quê?

MS: Essa informação está desencontrada com a realidade fática, visto que, na vacinação dos adolescentes de 12 a 17 anos, houve solicitação de termo de assentimento assinado pelo genitor ou responsável legal, no ato da vacinação, cujo termo foi retido para arquivamento no Setor de Epidemiologia. Na ausência do genitor ou responsável legal, o acompanhante deve estar munido do termo de assentimento, devidamente preenchido, com firma reconhecida em cartório. Há recomendação que orienta o preenchimento do termo de assentimento em caso de ausência do genitor ou responsável legal. Outrossim, na ânsia de resguardar e minimizar erros de processos, a Secretaria de Saúde solicitou que o responsável do menor assine o termo de consentimento, uma vez que não sabemos se o responsável que acompanha o menor é casado, convivente, separado, divorciado etc, nem é possível identificar se o outro cônjuge, companheiro, ex-marido, ex-esposa etc, concorda com a vacinação do menor. Além disso, há situações em que o menor está sob guarda, tutela, de modo que o termo de consentimento tem por finalidade precaver eventual discussão que possa envolver a situação e acautelar, inclusive, o responsável que acompanhou o menor na aplicação de vacina, em caso de divergência do outro genitor, tutor, curador. Esses são os objetivos pelos quais há o preenchimento do termo de assentimento, justificando, desta forma, a unificação de todo o processo de vacinação da população menor de 18 anos.

 

OP: Qual é a diferença da dose convencional para a dose pediátrica, de modo geral?

MS: A vacina da marca Pfizer disponibilizada para adultos e adolescentes de 12 a 17 anos, após diluída, apresenta seis doses em cada frasco, que tem tampa e rotulagem na cor roxa. O intervalo entre a primeira e a segunda dose para esta marca é de 21 dias, sem alterações de saúde, e de quatro meses da segunda para a terceira dose (reforço). Podem ocorrer perdas técnicas, de modo que alguns frascos acabam completando apenas cinco doses, que são de 0,3 ml. No frasco das vacinas para crianças de cinco a 11 anos, a tampa e rotulagem são da cor laranja, contendo dez doses. A dose a ser aplicada é de 0,2 ml, com intervalo de oito semanas entre a primeira e a segunda dose. O local de aplicação é no deltóide (braço). O diferencial deste público-alvo é que após a aplicação as crianças devem ficar em observação por 20 minutos, com a presença da pessoa que a acompanha durante o ato vacinal. Caso tenha alguma alteração, a criança é encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para avaliação médica.

 

OP: Como estão os estoques de vacinas contra a Covid-19 em Marechal Rondon? Imunizantes de todas as marcas ainda são distribuídos ou apenas algumas? Quais?

MS: Há imunizantes de todas as marcas, o que requer um controle rigoroso por parte da equipe para não utilização de doses de lotes e finalidades diferentes, ou seja, quando for dose 2 ou reforço (dose 3) deve ser utilizada para esta finalidade, por conta da reposição e seguimento de esquema vacinal completo.

 

OP: Há bastante preocupação em relação à ômicron. Por mais que ela tenha sintomas mais amenos, tem contribuído para uma explosão de casos de Covid-19 em todo o mundo. Por sinal, tem sido considerado o vírus de mais rápida propagação de toda a história, conforme apontam estudos. O que isso deve mudar na realidade que temos hoje da pandemia? Haverá medidas mais duras novamente para conter esse contágio?

MS: Frente à grande procura por atendimentos ambulatoriais, em especial a partir da segunda quinzena de janeiro, foi necessária a abertura de um ponto de atendimento ambulatorial na Clínica da Mulher somente para sintomáticos respiratórios. Isso ocorreu porque durante inúmeros dias tivemos busca que sobrecarregou vários pontos de atenção da rede de saúde. Neste momento precisamos enfatizar a manutenção das medidas não farmacológicas, que são a utilização da máscara, álcool gel e lavagem das mãos.

 

OP: A Secretaria de Saúde de Curitiba declarou que a ômicron é, possivelmente, a variante dominante na capital do Paraná. Já há casos da nova variante em Marechal Rondon? É possível que ela já seja ou venha ser dominante no município?

MS: Não se pode afirmar que há casos da nova variante no município, pois não existe confirmação laboratorial que comprove a informação. Podemos dizer que este momento da pandemia está diferente, uma vez que é possível observar maior velocidade na contaminação, contudo não há registro de casos de gravidade, apenas considerável aumento de casos ativos.

 

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