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Municípios Falta de comprometimento

Faltantes a consultas de saúde prejudicam diminuição nas filas de espera na microrregião

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Horário marcado nos atendimentos de saúde monitora as demandas, por meio de filas de espera, e previne aglomeração (Foto: Marili Koehler)

Esperar por dias, semanas, meses ou mais de ano, no pior dos casos. Essa é a realidade, por vezes, da saúde pública. Os agendamentos são necessários tanto para fins organizacionais quanto para evitar a aglomeração em tempos de pandemia. Contudo, não raro os trabalhadores da saúde encaram lacunas quando pacientes deveriam ser atendidos e faltam a consulta.

Na maioria dos municípios da região Oeste do Paraná, todos os atendimentos de saúde acontecem mediante horário marcado, salvo situações de urgência e emergência, e o absenteísmo é um problema frequente em grande parte deles.

Em entrevista ao O Presente, representantes da saúde pública de cidades da microrregião de Marechal Cândido Rondon falam sobre a falta de comprometimento de uma parte da população com os agendamentos na saúde pública e elencam o ranking das áreas que mais registram faltantes. Confira.

 

PATO BRAGADO

Sem exceção, o problema do absenteísmo é “um gargalo que prejudica o bom funcionamento dos trabalhos dos profissionais de saúde pública de maneira geral”, considera a diretora do Departamento de Saúde de Pato Bragado, Neusa Inês Schirmann. A situação, de acordo com a servidora, é bastante comum no município. “É frustrante para quem se esforça em busca das vagas. Muitas pessoas na fila de espera necessitam do atendimento, enquanto os que foram agendados faltam por qualquer motivo. Toda vez que uma consulta médica é agendada uma demanda humana e financeira foi investida e espera-se que essa consulta seja efetivada. Há uma enorme lacuna entre oferta e demanda das consultas e o não comparecimento causa transtorno”, pontua.

No município bragadense, as consultas deixaram de ser agendadas devido ao remanejamento de profissionais em decorrência da Covid-19, mas essa organização retorna aos poucos. “A expectativa é que já em outubro todas as consultas da atenção básica sejam realizadas por agendamento prévio”, adianta.

Ao O Presente, Neusa relata uma média de absenteísmo de 14 pacientes/mês nas especialidades. “Apenas dois médicos da Unidade Básica de Saúde atenderam com agendamento prévio neste ano, totalizando 983 agendamentos em setembro, com registro de 173 faltantes nas consultas da atenção básica. A média mensal foi de 82 consultas agendadas e 14 faltantes”, informa.

O absenteísmo chegou à média mensal de 17% por mês nas UBS de Pato Bragado.

Um dos pontos que leva à ausência nos agendamentos, na opinião da diretora, é a grande antecipação do horário e, por falta de atenção, o paciente esquece a consulta. “A ortopedia é a especialidade com mais faltosos, justamente porque há mais vagas disponíveis e profissionais que atendem pelo Ciscopar (Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná)”, indica, ressaltando, porém, que as faltas acontecem em todas as especialidades: “Inclusive em situações em que o município dispõe de apenas uma vaga mensal per capita”.

Diretora do Departamento de Saúde, Neusa Inês Schirmann: “Registramos faltas inclusive em situações em que o município dispõe de apenas uma vaga mensal per capita” (Foto: Divulgação)

 

MERCEDES

Levantamento realizado pela Secretaria de Saúde mostra que Mercedes registrou 374 pessoas faltantes a consultas na rede municipal nos últimos três meses, numa média mensal de 124 ausentes. As consultas que mais sofreram com o absenteísmo no município no último trimestre foram serviços odontológicos (136), psicologia (139), nutricionista (30), ginecologia (14), pediatra (16), médico saúde da família (21) e enfermagem (21).

“Amanhã pode ser você que vai precisar desta vaga e ter que aguardar um tempo maior, porque alguém não compareceu na data agendada. Sem contar que nossa equipe já está exaurida por conta do longo trabalho que vem sendo desenvolvido na pandemia de Covid-19 e na forte epidemia de dengue que enfrentamos. Trabalhamos muito para prestar o melhor serviço possível à população, mas precisamos da colaboração dos mercedenses”, enfatiza o secretário de Saúde, vice-prefeito Alex Graunke.

Secretário de Saúde, Alex Graunke: “Trabalhamos muito para prestar o melhor serviço possível à população, mas precisamos muito da colaboração dos mercedenses” (Foto: Divulgação)

 

NOVA SANTA ROSA

Em Nova Santa Rosa, a coordenadora de Saúde, Ligia Patrícia Rambo, notou uma média de 10% de pacientes faltantes nas consultas agendadas. Segundo ela, apesar do número ser significativo, as equipes de saúde percebem uma diminuição no absenteísmo os últimos anos, ou seja, um comprometimento crescente por parte da população.

“Pela pandemia, os pacientes foram comprometidos. Nós, como profissionais da saúde, tentamos buscar alternativas para não ter tanta desistência”, ressalta.

Coordenadora de Saúde, Ligia Rambo: “Dez por cento das consultas são perdidas devido aos munícipes faltosos” (Foto: Divulgação)

 

MARIPÁ

Em Maripá, as consultas acumularam 196 faltantes neste ano e no que diz respeito aos exames houve 534 ausências. “Geralmente as consultas são pré-agendadas na semana anterior, mas temos as consultas do dia também. Contudo, as faltas acontecem em geral, não há uma especialidade específica”, relata a secretária de Saúde, Marguid Maas Lerner.

Assim como outros gestores de saúde, Marguid lamenta um aumento nos números de pacientes faltosos. “As faltas aumentaram, pois a demanda do agendamento está sendo muito maior neste ano do que em anos anteriores”, expõe.

Secretária de Saúde, Marguid Lerner: “As faltas aumentaram, pois a demanda do agendamento está sendo muito maior neste ano do que em anos anteriores” (Foto: Divulgação)

 

ENTRE RIOS DO OESTE

O secretário de Saúde de Entre Rios do Oeste, Jair Bokorni, menciona que a maioria dos munícipes honram com os horários marcados, porém uma “minoria simplesmente não se manifesta”.

Bokorni comenta que as consultas que mais sofrem com o absenteísmo são na especialidade clínico geral. “Devido à maior procura e ao maior número de profissionais/vagas. Neste ano, registramos 148 faltantes nas consultas junto à Unidade Básica de Saúde (UBS), resultando em uma média mensal de 16 pessoas”, mensura, acrescentando que o absenteísmo aumentou: “Todavia, não é parâmetro para consideração, pois temos três profissionais clínicos e anteriormente tínhamos um ou dois somente”.

Secretário de Saúde, Jair Bokorni: “Neste ano, registramos 148 faltantes nas consultas junto à UBS, resultando em uma média mensal de 16 pessoas” (Foto: Divulgação)

 

QUATRO PONTES

O município de Quatro Pontes acumulou, até fim de agosto, 321 faltantes nas consultas da rede municipal de saúde. Atendimentos de odontologia registraram o maior número de faltantes (171), seguidos por consultas de psicologia (158), ginecologia e obstetrícia (55), médico da estratégia de saúde da família (40), nutricionista (37) e clínico geral (15).

Diante dos números expressivos, o secretário, Marco Antônio Wickert, diz que as faltas refletem no desempenho da equipe de saúde. “Em algumas demandas as pessoas esperam uns dias a mais por falta do comprometimento dos faltosos. Isso nos deixa chateados”, lamenta.

Wickert aponta que o maior número de faltantes se dá quando as consultas acontecem via Ciscopar. “Há uma van disponível para levar a população, mas as pessoas marcam e não vão. Falta conscientização, porque aquela vaga é ocupada, ‘perdida’ e poderia ter atendido outra pessoa. No consórcio, alguns profissionais têm poucas vagas para Quatro Pontes, então quando agendamos esperamos que honrem esse compromisso de comparecer”, frisa.

Secretário de Saúde, Marco Antônio Wickert: “Falta conscientização, porque aquela vaga é ocupada, ‘perdida’ e poderia ter atendido outra pessoa” (Foto: Divulgação)

Em Marechal Rondon, neste ano, 75.126 pacientes agendaram atendimento, sendo que 62.449 compareceram e 12.677 faltaram (Foto: Divulgação)

 

MARECHAL RONDON

A falta de pessoas nas consultas médicas vai na contramão ao desafio da municipalidade em diminuir o tempo de espera nas consultas, afirma a diretora da Secretaria de Saúde rondonense, Luana Cristina Borth. “As filas de espera demoram e se tornam maiores, pois um faltante reflete em outra pessoa que deixou de ser agendada e atendida”, expõe, pontuando que, em Marechal Rondon, tanto consultas nas UBS quanto nas especialidades são agendadas.

Neste ano, 75.126 pacientes foram agendados para atendimento, sendo que 62.449 pacientes compareceram para o atendimento e 12.677 faltaram, isto é, cerca de 16% do total. “A média mensal de faltantes gira em torno de 1.584 pacientes. Atualmente, as consultas de cirurgião dentista, ginecologia/obstetrícia e ortopedia são as que lideram o ‘ranking’ dos faltantes”, expõe Luana.

Apesar dos últimos anos terem sido atípicos devido à Covid-19, a diretora ressalta que 2021, até os primeiros oito meses, registrou recorde no absenteísmo. “Houve um aumento de 3,61% no número de faltantes, se comparado ao ano passado”, observa.

Diretora da Secretaria de Saúde, Luana Borth: “As consultas de cirurgião dentista, ginecologia/obstetrícia e ortopedia são as que lideram o ‘ranking’ dos faltantes” (Foto: Divulgação)

 

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