Fale com a gente

Municípios "Pedágio caro não dá"

Lideranças mercedenses criticam valor previsto para praça de pedágio entre Mercedes e Terra Roxa

Publicado

em

(Foto: Sandro Mesquita/OP)

Mesmo com toda a mobilização de entidades, lideranças, empresários e autoridades do Oeste do Paraná, a região vai ganhar novas praças de pedágio, conforme informou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, durante reunião em Curitiba na última quarta-feira (11), oportunidade em que apresentou o projeto do novo modelo de pedágio no Estado.

O projeto foi formatado para seis lotes, de maneira a garantir tarifas menores, disputa livre na Bolsa de Valores e R$ 43,5 bilhões em obras.

Além das 27 praças de pedágio já existentes, o pacote manteve as 15 novas praças e o Paraná passará a ter 42. Em média, isso representa uma praça a cada 70 quilômetros percorridos.

Também foi confirmada a polêmica praça na BR-467, entre Cascavel e Toledo. A princípio, o pedágio terá a tarifa considerada mais baixa entre as demais, R$ 7,56.

A tarifa considerada mais alta, de R$ 13,49, será cobrada no município de Corbélia, sendo 23,8% menor do que a atual, de R$ 17,7 para veículos de passeio. Com o tempo, a praça deverá subir o degrau tarifário, tão logo aconteça a duplicação da BR-369.

As rodovias que passam pelo Oeste do Paraná estão inseridas em dois lotes. O lote 5 compreende as BRs 158, 163, 369 e 467 e a PR-317, partindo de Guaíra, passando por Cascavel e seguindo para o Noroeste do Estado, numa extensão de 429,85 quilômetros, com previsão de duplicação de 249 quilômetros.

O lote 6, por sua vez, inclui as BRs 16, 277, as PRs 182 e 280 e compreende o trajeto de Foz do Iguaçu a Cascavel, com uma via até Pato Branco, no Sudoeste, e outra até Prudentópolis.

Uma das praças está prevista para ser instalada no quilômetro 313 da BR-163, entre os municípios de Mercedes e Terra Roxa, a cerca de um quilômetro após a ponte do Rio Guaçu (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

TRÊS NO OESTE

Das novas praças previstas, três ficam no Oeste. Além de Cascavel/Toledo, recebe praça de pedágio o quilômetro 313 da BR-163 entre os municípios de Mercedes e Terra Roxa, a cerca de um quilômetro após a ponte do Rio Guaçu. Também está prevista praça em Lindoeste. O lote 6 inclui ainda novas praças em Ampére e Renascença.

A praça de Lindoeste parte da tarifa de R$ 11,46 e a de Santa Terezinha do Itaipu terá valor inicial de R$ 12,68.

A praça de pedágio a ser instalada em Mercedes terá tarifa inicial de R$ 10,75 para veículos de passeio.

Vale lembrar que as tarifas são iniciais, sendo que a partir do leilão as empresas concorrentes poderão propor descontos. Vence quem oferecer o menor preço.

 

NÃO AGRADOU

Além da instalação da praça, o preço previsto para o pedágio no local não agradou o prefeito de Mercedes, Laerton Weber, que considera o valor exorbitante. “Sou contra o aumento do número de praças e não concordo com pedágio caro. Acredito que teria que custar entre R$ 3 e R$ 4, como é em Santa Catarina, por exemplo”, menciona.

Laerton acredita que por conta da precariedade da BR-163 entre Marechal Cândido Rondon e Guaíra, que se encontra com muitos buracos, a população aceitaria a instalação da nova praça, com a expectativa de melhorar a infraestrutura. “O povo não questiona porque quer melhoria, mas teria que ser um valor insignificante para não lesar os usuários da rodovia”, sugere.

Na opinião do mandatário, vai ser muito difícil reverter a implantação de novas praças de pedágio no Paraná, já prevista no projeto do Ministério da Infraestrutura.

Prefeito de Mercedes, Laerton Weber: “Pelo movimento que tem nesse trecho da BR-163 em Mercedes, a rodovia já deveria ser duplicada. Deveriam adequar esta estrada antes de colocar outra praça de pedágio” (Foto: Arquivo/OP)

 

REVERTER A SITUAÇÃO

A exemplo da maioria dos municípios da região Oeste do Estado, Mercedes é considerado um reduto bolsonarista, afinal, 83,22% dos eleitores mercedenses votaram em Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições em 2018, contra 16,78% dos votos para o candidato do PT, Fernando Haddad.

Mesmo com todo o apoio ao governo federal e representatividade de muitos políticos locais, as mobilizações contra a implantação de novas praças não surtiram efeito. “Acredito que a população não se incomode em pagar pedágio, mas não esses valores altos, mas, mesmo assim, o povo é Bolsonaro”, supõe Weber.

 

SEM VANTAGEM

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Mercedes (Acim), Egon Iappe, destaca como negativa a instalação da praça de pedágio no trecho entre Mercedes e Guaíra. “Particularmente não vejo vantagem, pois já pagamos muitos impostos”, opina.

No entanto, Iappe ressalta que caso a implantação de fato se concretize, a classe empresarial do município espera que os valores sejam menores que os propostos no novo modelo. “Se for um valor justo e com melhorias, será aprovado pela população, ao contrário disso, não”, enfatiza.

Ele acredita que a instalação de uma praça de pedágio deve onerar o custo dos produtos que chegam no município através da BR-163, o que deve impactar diretamente a população mercedense. “A mercadoria chegará ao nosso município já com o preço do pedágio embutido no preço final. Essa conta quem vai pagar somos nós”, lamenta.

Por outro lado, Iappe entende que a nova estrutura ajudará a aquecer a economia do município, pois deve gerar novos postos de trabalho para a população mercedense e também da região. “A nova praça trará oportunidades, mas o valor dessa tarifa é um muito elevado e parte da população não terá condições de pagar”, observa.

O empresário afirma que o serviço prestado pelas concessionárias no Paraná não é compatível com os preços das tarifas cobradas por elas. “Os preços são altos e há poucas rodovias duplicadas”, ressalta.

 

ASSEMBLEIA DA AMOP

O prefeito de Guaíra e presidente do Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu, Heraldo Trento, preferiu não se manifestar sobre o assunto. Ele declarou ao O Presente que vai se pronunciar a respeito do posicionamento da entidade sobre a criação de novas praças de pedágio somente após a assembleia geral da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), marcada para sexta-feira (20).

 

Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Mercedes, Egon Iappe: “Faltou mobilização por parte dos nossos deputados, pois cobramos e não fomos ouvidos” (Foto: Arquivo pessoal)

 

O Presente

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente