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Mesmo com alta nos preços da ração, cenário é positivo à piscicultura

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Primeiro lote na área com lâminas d’água localizada na Esquina Santa Fé totalizou em torno de 530 mil tilápias (Foto: Joni Lang/OP)

Apesar da alta nos preços de milho e farelo de soja, principais componentes da ração para alimentação dos peixes, o cenário se mantém positivo à piscicultura, de acordo com profissionais que atuam no setor. E a previsão é de crescimento para o próximo ano. Enquanto o produtor integrado recebe em torno de R$ 1,34 pelo quilo da tilápia, o produtor independente pode faturar até R$ 7,50, mas nesse caso banca os custos que chegam a R$ 5,50 por quilo do peixe.

De acordo com o gerente do Departamento de Peixes da C.Vale, Flavio Paulert, a prova da expansão no setor está no fato de que o abate aumentou de 94 mil para 102 mil tilápias ao dia neste ano no frigorífico instalado no Complexo Agroindustrial em Palotina. “A demanda é bastante grande para a carne de tilápia, mesmo com os efeitos da pandemia, portanto, sem maiores dificuldades para colocar a produção no mercado. O consumidor está dando preferência cada vez maior para alimentos mais saudáveis e a carne de tilápia tem essa característica”, salienta.

Segundo ele, o pagamento ao produtor é feito pelo desempenho do lote de tilápias. “Em outras palavras, por conversão alimentar (capacidade de o alimento se converter em carnes), ganho de peso diário e rendimento de filé. Devido ao aumento das cotações de soja e milho, ao longo do ano tivemos uma elevação próxima de 38% no preço da ração. Mesmo assim, a margem de lucro está se mantendo, uma vez que o produtor tem a garantia do sistema de integração da C.Vale. A cooperativa fornece aos integrados os peixes, assistência técnica e a ração. Os produtores criam e entregam as tilápias ao frigorífico da C.Vale, que faz o processamento industrial e comercializa a carne”, menciona.

Paulert diz que a cooperativa conta com 182 produtores integrados no sistema de produção de tilápias, dentre eles 22 em Nova Santa Rosa, 38 em Maripá e 51 no município de Palotina.

 

Gerente do Departamento de Peixes da C.Vale, Flavio Paulert: “Houve elevação próxima de 38% no preço da ração. Mesmo assim, a margem de lucro está se mantendo, uma vez que o produtor tem a garantia do sistema de integração da C.Vale” (Foto: Divulgação/C.Vale)

 

PRODUÇÃO EM NOVA SANTA ROSA

O advogado palotinense Guilherme Brandt tem uma propriedade com nove tanques de tilápias em sociedade com seu cunhado Guilherme Paludo, em Esquina Santa Fé, no interior do município de Nova Santa Rosa. Eles atuam com peixes faz em torno de um ano e meio, tendo entregue um lote de tilápias até o momento à C.Vale. “Neste primeiro lote produzimos cerca de 530 mil peixes em lâminas d’água de 90 mil metros quadrados. Para o próximo lote que inicia na metade de janeiro vamos produzir aproximadamente 500 mil tilápias. Reduziremos o número de peixes para aumentar a conversão e diminuir o tempo de produção”, relata Brandt.

O produtor expõe que o valor pago varia de acordo com alguns fatores, tais como conversão alimentar, peso e rendimento do filé de tilápia. “Para nosso lote tirado neste ano, o preço variou de R$ 1 a R$ 1,34 por quilo produzido em nossa propriedade. Notamos um aumento no valor da ração, no entanto, como participamos de uma integração, em que a cooperativa nos fornece a ração, tal elevação não afetou diretamente o produtor”, pontua.

 

CENÁRIO FAVORÁVEL

Ele avalia que o cenário é positivo à piscicultura em virtude da necessidade de consumo de peixe, que aumenta ano a ano. “Devido à maior divulgação da carne de tilápia, sua procura vem aumentando significativamente. Também devemos considerar a abertura de novos mercados externos, o que é muito bem trabalhado pelos grandes frigoríficos e cooperativas”, analisa, emendando que “neste fim de ano houve um reajuste da integradora para o produtor, com aumento próximo de 15%”.

 

Produtor Guilherme Brandt: “Para o próximo lote que inicia na metade de janeiro vamos produzir cerca de 500 mil tilápias. Reduziremos o número de peixes para aumentar a conversão e diminuir o tempo de produção” (Foto: Divulgação)

 

NÚMEROS EM MARIPÁ

O diretor do Departamento de Proteção ao Meio Ambiente e Piscicultura de Maripá, Cleiton Manske, ressalta que nas propriedades rurais do município há 145 hectares de lâmina d’água, tendo sido produzidas 8.010 toneladas de tilápia no ano passado pelos 102 produtores comerciais.

Maripá é considerado referência em piscicultura, promovendo há anos a Festa das Orquídeas e do Peixe. Só no ano passado as tilápias geraram cerca de R$ 32 milhões aos produtores.

Manske comenta que, apesar do aumento de cerca de 50% no custo da ração no período de um ano, cujo valor varia de R$ 2,5 mil a R$ 2,7 mil a tonelada, o cenário é positivo à piscicultura. “Em nosso município a piscicultura ocupa o 5º lugar no VBP (Valor Bruto de Produção), ficando atrás do frango, suíno, soja e milho”, enaltece.

O diretor informa que o produtor que não é integrado recebe em torno de R$ 7 o quilo de peixe, podendo chegar a R$ 7,50, o que gera um movimento financeiro muito grande. “Isso sem contar equipamentos e energia elétrica utilizados para aumentar a quantidade de peixes por metro quadrado, aeradores para oxigenar água, alimentadores elétricos e flutuantes e outros acoplados aos tratores, usados para alimentar peixes, além de valores para compra de alevinos e ração”, frisa, destacando o mercado produtor.

Ele lembra que dados da Peixe BR apontam que o Brasil produz em torno de 758 mil toneladas de peixes, das quais 437 mil toneladas são de tilápia. “O Brasil é o 4º maior produtor de peixes do mundo, perdendo para China, Indonésia e Egito, e no país o Paraná lidera o ranking de produção. Este avanço e aumento no número de peixes se deve a uma série de fatores, seja o comprometimento de piscicultores irem atrás de conhecimento, como palestras e eventos, a assistência técnica também fundamental para a melhora, bem como parceria dos Poderes Público municipal e estadual. Outros fatores como construção de fábricas de rações e atuação dos prestadores de serviços também contribuem para este aumento”, enfatiza.

Conforme Manske, a atividade é rentável, sim. “Houve crescimento de 4,9% na piscicultura. Do 2º semestre de 2018 até o 1º semestre de 2019 teve muita oferta na região. Os piscicultores não venderam tudo, daí o preço caiu. Após isso os produtores alojaram menos peixe e agora teve piscicultor não integrado que levou até R$ 8 no quilo da tilápia. Teremos de ver os próximos capítulos por causa do aumento na ração e nos custos, mas se continuar o valor praticado a atividade segue rentável e vale a pena investir na piscicultura”, finaliza.

 

Diretor do Departamento de Proteção ao Meio Ambiente e Piscicultura de Maripá, Cleiton Manske: “Alguns produtores não integrados receberam até R$ 8 no quilo. Teremos de ver os próximos capítulos por causa do aumento na ração e nos custos, mas se continuar o valor praticado a atividade segue rentável” (Foto: Divulgação)

 

 

Propriedade dos sócios Guilherme Brandt e Guilherme Paludo, no interior de Nova Santa Rosa, conta com nove tanques que formam 90 mil metros quadrados de lâminas d’água (Fotos: Joni Lang/OP)

 

 

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