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Novas geadas colocam lavouras de trigo em risco, diz chefe da Seab

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(Foto: Divulgação/Copagril)

Com uma massa de ar polar avançando sobre o Paraná, entrando pela região Sul do Brasil, o milho safrinha está prestes a enfrentar a terceira onda de frio deste inverno. Apesar da grande dimensão esperada para o fenômeno climático, profissionais da agricultura consideram que não há mais muito o que se perder na cultura. As preocupações agora, segundo eles, são outras.

“O milho de segunda safra, que é a grande ocupação do solo na região nesse momento, já teve seus estragos consolidados. Uma nova geada agora não vai fazer grande diferença: pode ampliar um pouco as perdas, mas não muita coisa”, considera o chefe do núcleo de Toledo da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Paulo Salesse.

Representando uma área aproximada de 428 mil hectares na regional de Toledo, a expectativa inicial de produção para a safrinha era de 2,4 mil toneladas, número que, conforme o chefe regional da Seab, diminuiu drasticamente. “Com o impacto da estiagem, a expectativa de produção caiu para cerca de 1,9 mil tonelada. As duas geadas, contudo, levaram as estimativas para apenas 1,15 mil tonelada, menos da metade do que se pretendia colher”, lamenta.

Além disso, Salesse acrescenta que não há garantias sobre a qualidade desse milho. “Temos o risco de ter um produto com qualidade ruim, que não servirá para a principal finalidade, que é a produção de ração”, pontua.

 

TRIGO NA BERLINDA

Ao O Presente, Salesse ressalta que os olhos se voltam agora à cultura do trigo, que se encontra em estado crítico. “Nosso núcleo não produz muito trigo, mas no Paraná é uma cultura bastante presente. Se fizer muito frio, como noticiado, vai atingir a cultura no estágio de formação da espiga ou cacho, como alguns chamam. Há leite ali e, se gear, isso pode queimar”, explica.

Num período em que mesmo culturas de inverno estão propícias a sofrer com o frio, ele diz que o agricultor se vê mais uma vez refém dos eventos climáticos. “O trigo gosta de frio, mas desde que não seja nesse período”, menciona.

 

PREJUÍZOS BILIONÁRIOS

Apesar de irremediáveis, as perdas na agricultura já podem ser calculadas, afirma o chefe regional. “No Paraná, o prejuízo é de cerca de R$ 11 bilhões com o evento da geada. Com uma nova frente fria, os prejuízos devem se propagar também para as lavouras de trigo”, amplia.

 

AGRICULTORES

O preço elevado das commodities faz contraponto à quebra na safra e, no entendimento de Salesse, o ânimo dos agricultores não foi de todo abalado. “Os preços do que exportamos está em patamares elevados e essa vantagem não desmotiva e nem descapitaliza o produtor rural. São valores nunca vistos na história da agricultura e, sabendo disso, sabemos que uma coisa compensou a outra”, aponta.

 

INSUMOS MAIS CAROS

O chefe da regional da Seab aponta preocupação com o futuro pelo mesmo motivo que hoje alivia os produtores. “Por trás dos preços elevados também se elevam os custos dos insumos. Isso é grave e não temos controle”, expõe, emendando que a cotação dos insumos é baseada em dólar e, por isso, segue os preços das commodities.

Para o próximo ano, Salesse orienta para que produtores se planejem bem e façam o investimento na hora certa para evitar eventuais prejuízos na colheita. “O principal adversário do produtor em tempos modernos da agricultura tecnificada e altamente produtiva com uma boa abertura de mercado é a questão climática, uma variável incontrolada”, enfatiza.

Com ou sem chuvas, ele destaca que não há escapatória. “Chegou a época de plantar é preciso plantar. Daqui a pouco precisamos colocar soja no chão e não dá para esperar, precisa plantar no final de setembro ou outubro. Se não chover, vamos prolongando”, pontua.

 


Chefe do núcleo de Toledo da Seab, Paulo Salesse: “No Paraná, o prejuízo é de R$ 11 bilhões com o evento da geada. Com uma nova frente fria, os prejuízos devem se propagar também para as lavouras de trigo” (Foto: Divulgação)

 

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