Fale com a gente

Silvana Nardello Nasihgil

A humanidade está cheia de eternos infantilizados e dos que com maturidade buscam soluções. De que lado você está?

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A vida tem cobrado muito caro daqueles que vivem para satisfazer as suas expectativas, daqueles que acreditam estarem sempre certo, que são destemperados e pensam que o mundo gira ao seu redor.

Não sei onde foi que nos perdemos como seres humanos e onde foi que passamos a acreditar que um casal, um par, pode conviver vivendo cada um do seu jeito.

A incompreensão vem se derramando nas relações. O egoísmo e o ego são os comportamentos que têm dado espaço para os desentendimentos, gerando conflitos difíceis de serem resolvidos.

São tantas cobranças infundadas que não existe relação capaz de suportar. É muito mimimi e muita infantilidade fazendo parte das relações. Pessoas com décadas de casados esperando o príncipe no cavalo branco com o buquê de rosas, ou a princesa encantada, doce e perfeita, esquecendo que estão casados com um ser humano, alguém que traz consigo uma vitória de vida, dores, angústias e necessidades emocionais.

Muito triste constatar a falta de maturidade e empatia com que muito seguem a relação, cobrando sem cessar aquilo que são incapazes de dar.

Existe algo cultural que é um fator complicante nas relações. Nós, mulheres, esquecemos que os homens são só seres humanos, que eles não precisam ser fortes o tempo todo, que eles precisam ser acolhidos, ouvidos, que eles têm fragilidades também. Esquecemos de perguntar como estão se sentindo, de dar carinho, colo, e vivemos cobrando sem cessar. A gente esquece que isso cansa, esgota e distancia, a gente esquece tudo e como mulheres só buscamos direitos. Amamos nos vitimizar se as coisas não saem como imaginamos.

Essa é uma verdade que precisamos repensar, precisamos entender que relações de pares são feitas de dois seres humanos, ninguém tem super poderes e ninguém está na história como único provedor de todas as expectativas.

Tem gente, e são muitos que se queixam ao ponto de anular o outro, de fazer o outro perder totalmente o interesse e o desejo de voltar para casa. Sem se dar conta, vão contabilizando desamor, afastando quem deveria sentir prazer na companhia. Então a relação vai se desgastando e ainda sobra energia de apontar o outro como culpado.

Seria muito mais construtivo e necessário uma conversa de gente grande, dando a oportunidade de cada um falar sobre si, ajustar as diferenças, traçar metas, buscar criar parcerias reais de ajuda mútua, reforçar as qualidades, se propor a fazer mudanças, um ajudando o outro na construção da relação.

Muitos vivem como se estivessem em constante cobrança, medido forças para ver quem ganha; como resposta terão um desgaste imenso e o desejo de separação. Fatalmente esse é o destino daqueles que se permitem viver constantemente em turbulência. Se o interesse for esse, só seguir que uma hora o objetivo se realiza.

Caso queiram uma vida juntos, a urgência de mudança de comportamentos precisa ser revista. Precisa, simmm! Precisa!

Precisamos ter muito claro que uma relação de pares é composta de duas pessoas. Quando cada um fizer a sua parte, conversando, buscando compreender as diferenças, com respeito, empatia e acolhimento, usando a inteligência emocional em favor da relação, as possibilidades de dar certo são imensas.

Então, a vida é feita de escolha. Existem os que com maturidade buscam as soluções, e existem os eternos infantilizados que creditam ao outro a obrigação de lhes fazer feliz. E assim caminha a humanidade, dividida em: os que celebrarão bodas e os que sentados assistirão o fracasso gerado pela sua falta de interesse, foco e coragem.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

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