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Municípios Milhares de postos de trabalho

Oeste é protagonista na geração de empregos

Impulsionada pelo setor de serviços e, especialmente, pela indústria de transformação, região se consolidou como polo de oportunidades, contribuindo para o Paraná se firmar como o 4° Estado com maior saldo em número de contratações com carteira assinada do país em 2022

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Hamdy Maher Hamdy Aljafarawy, 30 anos, é um dos 131 estrangeiros que trabalha na unidade de aves da Lar, em Marechal Rondon (Foto: Ana Paula Wilmsen/O Presente)

O Oeste do Paraná se tornou, nos últimos anos, protagonista na geração de empregos no Estado.

Impulsionada pelo setor de serviços e, especialmente, pela indústria de transformação, a região se consolidou como polo de oportunidades, contribuindo para o Paraná se firmar como o 4° Estado com maior saldo em número de contratações com carteira assinada do país em 2022.

De janeiro a outubro deste ano, o Oeste paranaense abriu aproximadamente dez mil postos de trabalho, conforme aponta o Mapa do Emprego, baseado em levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), vinculado ao Ministério do Trabalho e do Emprego.

Toledo foi o município paranaense que, em termos proporcionais, mais gerou empregos no 1º semestre de 2022 em comparação a outras cidades do Estado com média de 100 mil habitantes. De janeiro a setembro deste ano, 21.588 admissões e 18.912 desligamentos foram registrados, perfazendo um saldo de 2.676 novos postos de trabalho. Nos últimos 12 meses (setembro de 2021/setembro de 2022), a soma de contratações em Toledo alcançou 31.399 e a de desligamentos, 28.073, com sobra positiva de 3.326 empregos.

Cascavel, outro gigante do Oeste na oferta de oportunidades, tem um saldo positivo de 4.509 postos de trabalho no acumulado deste ano.

Ambiente favorável

De acordo com o prefeito de Toledo, Beto Lunitti, o município é destaque em nível estadual e nacional por conta da diversidade da sua economia. “Temos uma junção de setores que inovam e primam por tecnologias, os quais, em conexão com instituições que oportunizam a qualificação de mão de obra, com o apoio do Poder Público a partir de políticas públicas de fomento e com a intermediação da Agência do Trabalhador, criam o ambiente harmônico e de prosperidade que temos em Toledo”, ressaltou ao O Presente.

Para Lunitti, que é 1° vice-presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), entre os fatores que contribuem para os bons resultados na geração de empregos em Toledo está a desburocratização da Agência do Trabalhador no atendimento a pessoas que buscam encontrar ou melhorar sua posição no mercado laboral.

Ele destaca um projeto inovador criado pela Agência do Trabalhador local, há cerca de um ano, e que tem surtido resultados que chamaram a atenção não só no município, mas também do Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Renda e do Ministério do Trabalho e Emprego. Trata-se do “Currículo top”, uma ferramenta em que candidatos a uma vaga de emprego podem organizar dados pessoais, profissionais e escolar-acadêmicos, deixando-os dispostos em um layout padronizado e atraente.

“Dos 150 trabalhadores atendidos diariamente pela Agência do Trabalhador de Toledo, em média 50% não têm um currículo. Daí surgiu a ideia de facilitar a vida de quem busca uma posição no mercado de trabalho”, menciona o gerente do órgão, Rodrigo Souza. “Ao fim do processo, o arquivo pode ser salvo no celular ou computador e enviado por e-mail para a empresa contratante”, amplia.

O prefeito acredita que Toledo vai seguir sendo um polo de oportunidades.

“Temos empreendedores fortes, um Poder Público comprometido e uma comunidade que faz acontecer”, considera.

Prefeito de Toledo e 1° vice-presidente da Amop, Beto Lunitti: “Temos o compromisso de atender as demandas do setor produtivo, contribuindo com a geração de empregos e possibilitando a qualificação da mão de obra” (Foto: Fabio Ulsenheimer)

Terra de oportunidades

Em Marechal Cândido Rondon desde março de 2020, Hamdy Maher Hamdy Aljafarawy conta que veio da Arábia Saudita ao Oeste do Paraná pensando em oportunidades.

“Sou palestino, mas comecei minha vida na Arábia Saudita, porque minha família mudou para lá por causa da guerra. Me formei em engenharia de produção, mas infelizmente não consegui trabalhar como engenheiro por lá. Na Arábia Saudita o sistema é muito difícil. Estrangeiro ou refugiado não têm chance de atuar nessa área”, relatou ao O Presente.

Diante da falta de oportunidades, Hamdy decidiu procurar um lugar melhor para viver. Trabalhou um ano para juntar dinheiro e resolveu vir ao Brasil. “Cheguei em Foz do Iguaçu em agosto de 2018. Não falava uma só palavra em português. De cara gostei do lugar e das pessoas. Decidi ficar. Trabalhei em uma carpintaria, por um ano e sete meses, até ver no Facebook sobre vagas de emprego na unidade de aves da então Copagril, hoje Lar, em Marechal Rondon”, relembra o palestino, que tem 30 anos e fala quatro idiomas.

Hamdy Maher Hamdy Aljafarawy foi recebido de braços abertos no Oeste do Paraná: feliz da vida com as oportunidades que encontrou na região, onde arrumou emprego e constituiu uma família (Foto: Ana Paula Wilmsen/O Presente)

Feliz e grato pelas oportunidades de emprego e de aprendizado que conseguiu na região, Hamdy diz que não pretende ir embora de Marechal. Além do vínculo empregatício, agora ele tem um elo a mais com o município. É onde nasceu seu filho, hoje com um ano e um mês. “Conheci por aplicativo uma pessoa de Fortaleza. Decidimos ficar juntos, ela veio para cá e hoje também trabalha na Lar”, expõe.

O estrangeiro afirma que gosta muito de trabalhar nessa indústria. “Os horários são flexíveis e também temos oportunidade de crescimento. Quando cheguei, trabalhava como auxiliar de produção, agora já sou monitor de setor”, comenta.

“Nas horas de folga na Lar, eu faço um curso no Senac, na área de informática. Estou muito feliz. Gosto da região. As pessoas são acolhedoras. Marechal é uma cidade tranquila e seu povo respeitador”, define.


Hamdy Maher Hamdy Aljafarawy: “Gosto das oportunidades de crescimento. Quando cheguei, trabalhava como auxiliar de produção, agora já sou monitor de setor” (Foto: Ana Paula Wilmsen/O Presente)

Imigrantes e migrantes

Assim como Hamdy, milhares de pessoas mudaram para a região Oeste do Paraná atraídas pela oferta de emprego visando melhores condições de vida.

No município rondonense, por exemplo, o número de imigrantes cadastrados aumentou 34,6% nos últimos três anos, conforme dados do sistema IPM Social cedidos pela Secretaria de Assistência Social. Em março de 2019 – mês que marcou o início da pandemia da Covid-19 -, 1.505 imigrantes estavam cadastrados na plataforma e em 13 de outubro de 2022 o número era de 2.026.

A maioria dos imigrantes que chegam a Marechal é oriunda do Paraguai, Gana, Serra Leoa, Haiti, Senegal, Bangladesh, Guiné-Bissau e Mauritânia, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Assistência Social. Há também estrangeiros vindos da Argentina, Venezuela, Nigéria, Mali, Marrocos, Gambia e Cuba, porém em menor número.

Além de chamariz de imigrantes, Marechal tem sido point de migrações. Isto é, quando pessoas se deslocam dentro do próprio país. A maioria de migrantes que chega ao município vem da região Norte.

Secretária de Assistência Social de Marechal Rondon, primeira-dama Josiane Rauber: “A maioria dos imigrantes são homens entre 20 e 50 anos, com Ensino Médio completo. Muitos vêm sozinhos e posteriormente buscam suas famílias no país de origem” (Foto: Divulgação)

Frigoríficos

A abertura de um grande número de vagas de empregos nos últimos anos no Oeste foi alavancada especialmente pela expressiva quantidade de frigoríficos na região. Apenas na atividade de abate de suínos, aves e outros pequenos animais, são milhares de oportunidades.

Na Lar Cooperativa Agroindustrial, por exemplo, que no Oeste tem unidade de abate em Medianeira (suínos), Marechal Rondon (aves), Cascavel (aves) e Matelândia (aves), são 2.728 colaboradores de origem estrangeira. Somente na unidade rondonense há 131 estrangeiros, entre africanos, bengaleses, egípcios, ganenses, haitianos, marroquinos, paquistaneses, paraguaios, senegaleses, sírios, venezuelanos, indiano e palestino.

Hamdy Maher Hamdy Aljafarawy, 30 anos, é um dos 131 estrangeiros que trabalha na unidade de aves da Lar, em Marechal Rondon (Fotos: Ana Paula Wilmsen/O Presente)

E a tendência é de que muitos outros imigrantes e migrantes escolham os municípios oestinos para morar, tendo em vista que vários frigoríficos da região projetam ampliar o abate para sábados e domingos, o que vai demandar mais mão de obra, além do maior frigorífico de suínos da América Latina, previsto para ser inaugurado em dezembro próximo no município de Assis Chateaubriand, que vai gerar centenas de novos empregos.

O “x” da questão

A empregabilidade no Oeste do Paraná, contudo, apesar de positiva, tem suas complexidades. Tanto que, em julho, o 1º Fórum Estratégico de Empregabilidade discutiu a relação negativa entre oferta de vagas e trabalhadores.

Reunido a partir de uma iniciativa do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), o setor produtivo da região, juntamente com instituições de ensino e o Poder Público, colocou em pauta encaminhamentos com olhos voltados para o futuro, tendo como base o desafio do crescimento econômico e do desenvolvimento sustentável.

“Foi apenas o começo de um trabalho que deve ser permanente e estratégico para o desenvolvimento do Oeste. Somos um dos territórios que mais gera emprego no país e isso precisa ser tratado de forma eficiente e ampliada”, enalteceu ao O Presente o presidente do POD, Rainer Zielasko. “Gerar empregos em larga escala não pode ser um problema, mas, sim, precisa ser uma solução para a sociedade”, opina.

Conforme Zielasko, uma ação imediata pós-Fórum foi a criação de um Grupo de Trabalho sobre Empregabilidade. “Este grupo foi oficializado pelo POD e já possui pautas com os RHs, palestras e encontros em andamento. A aproximação com as universidades e com outras instituições de formação também já é resultado daquele momento de discussão. Somos um território rico em universidades e também com um imenso potencial de formação técnica, só precisamos alinhar a engrenagem para que os profissionais encontrem nas vagas ofertadas a sua realização e uma maneira de ofertar sua contribuição para o nosso desenvolvimento”, salienta o presidente do POD.

“O desafio de preencher as milhares de vagas geradas no Oeste é grande, mas, por outro lado, o Oeste é nesse momento uma oportunidade para muita gente. Nem todas as regiões do país respondem de forma tão eficaz e potente em relação à geração de vagas”, enfatiza Zielasko.

Presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), Rainer Zielasko: “O Oeste segue sendo uma oportunidade para todos aqueles que desejam trabalhar e construir um futuro melhor” (Foto: Maria Cristina Kunzler/O Presente)

Ana Paula Wilmsen/O Presente

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