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“Não temos estrutura para custodiar todos os presos”, diz delegado

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Mais uma tentativa de fuga foi registrada na cadeia pública de Marechal Cândido Rondon. A ação, realizada na noite de segunda-feira (04), mobilizou uma forte presença policial, após detentos tentarem novamente abrir mais um buraco na parede do prédio.

Os agentes perceberam que os sacos de lixos retirados das celas estavam mais pesados, assim como as próprias marmitas. Desconfiados, acabaram encontrando dentro destes pedaços de concreto e reboco da parede. Diante da suspeita, fizeram revistas no interior das celas e constataram que os detentos já estavam fazendo o buraco na parede.

A princípio, o buraco daria abertura para a ala feminina da cadeira, e os presos conseguiriam chegar à parte exterior, onde a parede é mais frágil.

Segundo a Polícia Civil, após a constatação da tentativa de fuga, os detentos teriam confessado o plano e entregado os equipamentos utilizados para abrir os buracos, dentre eles serras, brocas e barras de ferro.

Confirmada a tentativa, o comando dos agentes penitenciários da cadeia entrou em contato com o Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) pedindo reforço, uma vez que os presos precisavam ser retirados das celas para que o buraco que estava sendo aberto fosse fechado.

Cerca de 20 policiais atuaram na retirada dos presos, que foram colocados em um local provisório, conhecido como “gaiolão”, bem como na vistoria minuciosa dentro das celas, que culminou com descoberta e apreensão de mais materiais de metais utilizados na arquitetação da fuga. 

 

Falta estrutura

Segunda tentativa de fuga registrada neste ano, o episódio recente abre mais uma vez a discussão sobre a precariedade da estrutura física do prédio da cadeia pública, planejado inicialmente para abrigar 18 presos, mas que hoje conta com 105 detentos no interior das celas. “Não temos estrutura para custodiar todos os presos, e enquanto não forem construídos os presídios, situações como essas irão continuar acontecendo”, lamenta o delegado de Polícia Civil de Marechal Rondon, Diego Valim. “As medidas tomadas são apenas paliativas, visto que a estrutura é precária e cada vez que há uma tentativa de fuga apenas é feito um concerto”, comenta.

Contudo, a superlotação e a falta de estrutura não seriam os únicos problemas. Conforme o delegado, oito investigadores atuam hoje em regime de plantão na cadeia para poder fazer a segurança armada, visto que os agentes, que são em torno de dez, não podem portar arma. “O problema está no fato de que agentes que aqui estão não são concursados, mas sim contratados por meio de contratos emergenciais. Sendo assim, eles não têm o mesmo preparo que um concursado teria”, afirma Valim. Segundo ele, a cada 15 dias são realizadas revistas na cadeia pelo Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), que auxilia nos trabalhos.

Além disso, o delegado avalia as consequências de os investigadores estarem em um desvio de função, deixando de trabalhar nas investigações dos crimes para efetuarem a custódias dos presos. “A custódia não é feita por quem deveria, no caso pelo Depen, e isso desfalca as investigações da Polícia Civil, na medida em que é preciso lotar grande parte dos investigadores na cadeia, sendo que a minoria deles está na rua”, critica.

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