Fale com a gente

Política Filiação partidária

“Não consigo ver entrar agosto sem o presidente tomar essa decisão”, diz Roman

Publicado

em

Deputado federal Evandro Rogério Roman (Patriota): “Saímos de um partido nanico para o maior partido da República (com a filiação de Bolsonaro)” (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Patriota foi o partido escolhido por Bolsonaro para se filiar, mas problemas internos travaram as conversas

O Patriota afastou, por 90 dias, o presidente Adilson Barroso do comando do partido por ter negociado individualmente a filiação do presidente Jair Bolsonaro, que está sem partido e precisa se filiar a algum para disputar a eleição do ano que vem.

A decisão, por maioria, foi tomada em convenção nacional do partido realizada em 24 de junho.

Em entrevista ao Jornal O Presente, o deputado federal Evandro Rogério Roman (Patriota-PR) lamentou a disputa interna e avalia que não passa de um jogo por poder internamente.

Segundo ele, se o imbróglio continuar, corre-se o risco de Bolsonaro escolher outra sigla para disputar a reeleição ano que vem.

O parlamentar falou ainda sobre as discussões na Câmara envolvendo possíveis mudanças para as eleições de 2022. De acordo com ele, enquanto a proposta do voto impresso esfriou, a proposta de implantar o chamado distritão ganhou força.

No distritão, os candidatos a deputados federais, estaduais e vereadores mais votados seriam eleitos, assim como já acontece na eleição para prefeito, governador, senador e presidente da República. Confira.

 

O Presente (OP): Diante do afastamento do presidente do partido, como estão as conversas visando à filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Patriota?
Evandro Rogério Roman (EVR): O presidente (Barroso) foi afastado por liminar. O jurídico do partido, juntamente com o jurídico dele, está trabalhando nisso. Não tem êxito o afastamento do presidente. Tudo passa por uma briga de poder dentro do partido. Até mesmo esses que estão brigando muitos querem o Bolsonaro, mas querem estar à frente deste protagonismo da negociação de filiação. Eu sou bem franco: caso isso se encaminhe para um imbróglio jurídico, ficar para lá e para cá, temo que o presidente tome sua decisão e poderá ir para outro partido. Mas acredito que vamos ter algo positivo em um curto prazo.

 

OP: As conversas ainda estão ocorrendo com o presidente Bolsonaro?
EVR: Muito. Até mesmo estive no Palácio do Planalto, há poucos dias, e falamos sobre isso. É algo que está bem aceito. Se não conseguirmos resolver em 15 dias acredito que teremos mais dificuldade, mas a questão da vinda não depende mais do presidente. Ele quer, está certo, mas precisamos resolver a situação partidária. Nosso estatuto prevê que precisa ter 65% de aprovação, e conseguimos chegar a 64,35%, o que acabou fortalecendo outro grupo.

 

OP: A expectativa então é que nos próximos dias tenha uma definição?
EVR: Eu não consigo ver entrar agosto sem o presidente tomar essa decisão. Não consigo.

 

OP: De que forma uma possível filiação do presidente Bolsonaro impacta no Patriota?
EVR: Saímos de um partido nanico para o maior partido da República.

 

OP: O senhor acredita que a filiação vai auxiliar no crescimento da sigla?
EVR: Só na janela de 1º a 30º de março de 2022, quando haverá a possibilidade dos deputados migrarem de partido, de cara teremos 40 deputados. Não teremos mais porque existem os partidos aliados. No entanto, o pessoal mais próximo do presidente estará no Patriota. Com a polarização que temos hoje, tenho certeza que teremos, tranquilamente, uma eleição para mais de 60 deputados a partir de 2022. Será o maior partido da República.

 

OP: Na Câmara dos Deputados existem discussões envolvendo possíveis mudanças já para as eleições de 2022. Das diversas propostas que são debatidas, o que o senhor sente que está ganhando mais força?
EVR: O que está ganhando mais força, de 15 dias para cá, é o distritão. No Paraná, são 30 vagas de deputados federais e os 30 candidatos mais votados seriam eleitos. Isso está ganhando mais força, embora há uma rejeição muito grande por parte dos presidentes de partidos. Eles não querem. Se fosse para votar hoje, apostaria que o distritão passaria.

 

OP: Qualquer mudança para a eleição de 2022 precisa ser votada pela Câmara e pelo Senado, e sancionada até começo de outubro, considerando que neste período ainda tem o recesso legislativo…
EVR: O nosso recesso vai de 17 de julho até 03 de agosto. Tem que votar na Câmara até 04 de agosto.

 

OP: O senhor acha que é possível?
EVR: Eu vejo muita dificuldade, confesso. Se houver desejo e apelo, vota em um fim de semana, vota em dois turnos no mesmo dia. Mas não estou sentindo ainda esse apelo forte. Há um apelo maior, porém, não tão forte.

 

OP: Se dependesse do cenário atual poderíamos dizer que a eleição de 2022 pode ocorrer sem novidades?
EVR: Sim. Eu creio que estamos indo para um caminho, devido ao tempo, de não ter nenhuma modificação.

 

OP: A questão do voto impresso também perdeu força?
EVR: Lamentavelmente, perdeu força. Lamentavelmente.

 

OP: Por que o senhor vê como lamentavelmente?
EVR: Não quero ser leviano, porque as urnas eletrônicas já me elegeram e já me derrotaram. Não posso ser leviano. Porém, de uns quatro meses para cá me convenci, ouvindo técnicos, de que é possível violar (a urna eletrônica), sim. Não estou dizendo que aconteceu e não quero entrar em leviandades ou em falácias. Ocorreu? Não sei. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que precisa julgar. Mas que existem formas de fraudar qualquer equipamento eletrônico, existem sim.

 

OP: O senhor acha que o voto impresso traria mais segurança?
EVR: Eu diria que daria a transparência. Não entraria na segurança, mas tiraria qualquer hipótese de questionamento.

 

OP: Não seria um retrocesso? Cada eleição poderia ser questionada e ficaria novamente naquele processo de contar votos…
EVR: Não é todo voto. O processo seria auditável. Pega-se um percentual de votos em Marechal Cândido Rondon, por exemplo, e esse percentual vai ser analisado e auditado. Não é contar voto por voto. É um percentual dentro de todos os votos de uma cidade. Quantos países hoje adotam a urna eletrônica? Porque entre o candidato que você vota e o que é processado, aí é que os técnicos aqui em Brasília dizem que é possível mudar. Para o eleitor aparece certo na urna, na hora está certo, mas a urna pode ser programada, basta alguém dar o comando. O problema não são as urnas, mas se alguém dar o comando consegue mudar (o voto).

 

Maria Cristina Kunzler/O Presente

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

 

Copyright © 2017 O Presente