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Política Troca de acusações

Veja o que é #FATO ou #FAKE nas falas dos presidenciáveis no último debate antes das eleições

Sete candidatos participaram do debate: Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT), Felipe D’Ávila (NOVO), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB)

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(Foto: Reprodução/TV Globo)

Sete candidatos à Presidência da República participaram entre a noite de quinta-feira (29) e a madrugada desta sexta-feira (30) do debate da Globo.

Estiveram presentes Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT), Felipe D’Ávila (NOVO), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB).

A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações dos políticos.

Leia:

Lula (PT)

“Aumentamos o salário mínimo em 77% no período em que fui presidente da República.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o salário mínimo em janeiro de 2003, quando Lula assumiu, era de R$ 200. No último ano de governo do petista, em 2010, o salário mínimo era de R$ 510. Considerando a inflação, o aumento real é de 54%.

O valor chega a próximo do mencionado pelo ex-presidente se consideramos o tempo em que Dilma Rousseff foi presidente. No começo de 2016, ano em que Dilma foi afastada, o salário mínimo era de R$ 880, um aumento real de 77%, de acordo com o Dieese.

“Fui absolvido em dois processos da ONU.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: A Organização das Nações Unidas (ONU) não tem poder para fazer análise penal do caso contra Lula, portanto não tem poder para absolvê-lo. O que Comitê de Direitos Humanos da ONU emitiu, em abril deste ano, foi um parecer considerando que o ex-presidente teve violados seus direitos políticos, a garantia de um julgamento parcial e a privacidade na Lava Jato.

O comitê da ONU concluiu que a conduta de Sergio Moro e atos públicos do ex-juiz federal – responsável pelas decisões da Lava Jato em 1ª instância – e dos procuradores da operação violaram, ainda, o direito de Lula à presunção de inocência.

A decisão do comitê da ONU não é vinculante. Ou seja, na prática, o órgão internacional não tem como obrigar que a Justiça brasileira a adote como parâmetro para casos envolvendo o ex-presidente.

No entanto, ela serve como um instrumento de pressão internacional e um aval à argumentação da defesa de Lula de que ele teria sido julgado e condenado injustamente e teve seus direitos políticos violados.

“O TST acaba de tirar do ar o site das mentiras da sua família que estava hoje na rede digital sobre o Celso Daniel. Primeiro porque a Polícia Civil deu por encerrado, o Ministério Público deu por encerrado.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: A ministra Maria Claudia Bucciareni, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou nesta quinta-feira (29) que sejam removidos vídeos que apontam a suposta relação de Lula (PT) com o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel. A decisão atendeu a uma representação feita pela “Coligação Brasil da Esperança”, dos partidos da chapa do ex-presidente, após a veiculação de trechos de uma entrevista na qual Mara Gabrilli (PSDB), vice na chapa de Simone Tebet (MDB), acusa Lula de ser mentor do crime.

Em julho, o ministro Alexandre de Moraes já havia proferido decisão semelhante que proibia canais bolsonaristas e deputados de veicularem conteúdo que associava o PT à morte de Celso Daniel.

Sete pessoas foram acusadas pelo crime – entre elas, Sombra, que foi considerado o mandante – e seis foram condenadas à prisão. Sombra respondia em liberdade devido a um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que ainda não havia sido julgado por causa de recursos. Ele morreu em 2012, e o caso foi considerado encerrado.

“Você não sabe o prazer que eu tenho de ter sido um presidente que tirou a universidade brasileira de 3,5 milhões para 8 milhões de estudantes.”

NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Segundo dados do Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2002, ano anterior ao início do primeiro mandato de Lula, havia 3,5 milhões de estudantes matriculados no ensino superior no Brasil. Em 2003, esse número passou para 3,9 milhões.

Ao fim do governo do petista, em 2010, o Brasil tinha 6,7 milhões de universitários. A estatística chega a 8 milhões apenas em 2015, durante o governo de Dilma Rousseff. O candidato, porém, não deixou claro se estava se referindo apenas aos seus dois mandatos ou aos do PT quando fez a afirmação.

“(…) ele saber o que foi a quadrilha da vacina, o que foi o oferecimento de 1 dólar por cada vacina importada. Isso não sou eu que disse, não, foi a CPI que está dizendo.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: Em depoimento à CPI da Covid-19 em 1º de julho de 2021, o policial Luiz Dominghetti afirmou que, quando atuou como representante comercial da empresa Davati Medical Supply em uma negociação de contrato de compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, recebeu um pedido de propina de US$ 1 por dose.

Segundo ele, o pedido teria partido do então diretor de Logística da pasta, Roberto Dias, em 25 de fevereiro, em um restaurante na zona central de Brasília. Em outubro de 2021, a denúncia foi incluída no relatório final da CPI da Covid. “Os indícios apontam que Roberto Ferreira Dias, então diretor de Logística do Ministério, teria pedido propina para facilitar a negociação de vacinas oferecidas por um mercado secundário cheio de atravessadores”, diz o texto.

“Em 2002, eu peguei o país com 12% de inflação, 12% de desemprego, com dívida no FMI, com a dívida pública de 60,5%. Nós reduzimos a dívida pública para 37,7%, nós reduzimos a inflação para 4,5%, nós reduzimos desemprego e ao final do mandato geramos 22 milhões de empregos.”

NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Segundo o Banco Central (BC), a inflação de 2002 foi de 12,53%, um pouco acima do mencionado pelo candidato. O desemprego, por sua vez, era de 11,2% em janeiro de 2003, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.

Em relação à dívida do FMI, o Brasil tinha uma dívida de 30 bilhões de dólares, quantia liberada em 2002, um ano antes de assumir. O ex-presidente saldou toda a dívida no final de 2005.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de janeiro de 2003 indicam que a dívida pública era 59,97% do PIB, próximo ao dito pelo petista. Em relação à dívida líquida, de fato, ela atingiu 37,4% após o final dos dois mandatos de Lula.

Entretanto, diferentemente do informado pelo candidato, ao final do seu segundo mandato como presidente, em 2010, a inflação estava em 5,9%, percentual superior ao informado.

O número de empregos gerados no período também é inferior ao mencionado. De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), a base de dados que registra os vínculos de emprego formal no Brasil, entre 2003 e 2010, durante os oito anos da gestão Lula, o saldo de novas vagas ficou em 15.384.442.

Já somando os anos de 2003 a 2014, incluindo os primeiros quatro anos da gestão de Dilma Rousseff, esse saldo subiu para 20.887.597. Porém, ao considerar também o ano de 2015, o último em que o PT passou os 12 meses na Presidência, a soma do período cai para 19.376.894 novos empregos formais criados.

“No nosso governo se transformou no Brasil que mais controlou o desmatamento [na Amazônia]. Reduzimos praticamente 80%, de 27 mil km para 4 mil.”

NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Dados do sistema Prodes-Amazônia, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostram que em 2004, segundo ano do governo Lula (PT), o desmatamento atingiu o pico de 27.772 km² na chamada Amazônia Legal. Em 2010, no último ano do segundo mandato, o desmatamento chegou a 7 mil km². O número só foi alcançado no fim de 2012, quando a presidente era Dilma Rousseff. Naquele ano, o desmatamento alcançou 4.571 km².

Jair Bolsonaro (PL)

“Só na Petrobras o endividamento foi a R$ 900 bilhões no seu governo. Dava para fazer a transposição do São Francisco 300 vezes.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: O maior índice de dívida – cotada em reais – obtido pela Petrobras nos governos Lula e Dilma foi no terceiro trimestre de 2015, quando a petroleira registrou um endividamento de R$ 506,5 bilhões em valores atualizados, bem abaixo do citado pelo presidente. Na época, equivalia a US$ 101 bilhões.

“No tempo do Lula, o Bolsa Família era em média R$ 190 e quem conseguisse emprego perdia o Bolsa Família. No nosso governo nós botamos R$ 600. Hoje em dia são 20 milhões de famílias.”

NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O ex-presidente Lula governou o país entre 2003 e 2010. Ele lançou o programa Bolsa Família em 2004. Segundo números oficiais do governo, o valor médio do benefício, por família, em 2004, estava em cerca de R$ 180 (montante corrigido pela inflação). Em 2008, momento em que houve expansão do número de famílias, o valor recuou para cerca de R$ 140.

Em 2014, o benefício aumentou para R$ 240. Mas nunca houve uma regra que automaticamente retirasse o direito ao Bolsa Família caso o beneficiário conseguisse emprego. A regra para participar é estar dentro das faixas de renda per capita. “Os beneficiários do Bolsa Família que entram para o mercado formal de trabalho com carteira assinada não perdem necessariamente o direito ao benefício. O principal critério para permanecer no programa é a renda familiar”, explicou o governo na época.

No governo Bolsonaro o programa mudou de nome e passou a se chamar “Auxílio Brasil”. A inclusão dessas famílias no programa foi possível graças à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Eleitoral que ampliou os benefícios sociais às vésperas das eleições. O valor do benefício por família também subiu de R$ 400 para R$ 600. Atualmente, 21,6 milhões de famílias recebem o benefício, que desde agosto passou a ser de R$ 600.

“Que rachadinha? Rachadinha ‘é seus’ filhos roubando milhões de empresas após a sua chegada no poder.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Dois filhos de Lula foram investigados, mas os inquéritos foram arquivados pela Justiça.

Fábio Luís Inácio Lula da Silva, conhecido por Lulinha, foi investigado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-Jato suspeito de receber repasses de mais de R$ 100 milhões do grupo Oi/Telemar para as empresas Gamecorp/Gol, de sua propriedade. O inquérito policial foi, entretanto, arquivado pela Justiça Federal de São Paulo em janeiro de 2022.

O arquivamento foi determinado pela 10ª Vara Criminal Federal de São Paulo atendendo a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) que defendeu o arquivamento após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela suspeição do ex-juiz da vara federal de Curitiba, Sérgio Moro, nos processos em relação a Lula e pessoas ligadas ao ex-presidente.

Foi Moro quem autorizou a quebra de sigilos fiscal, telemático (dados de computador ou celular) e outras buscas e apreensões que obtiveram informações que levaram à instauração do inquérito na Polícia Federal contra Lulinha.

Em março deste ano, o ministro Lewandowski também suspendeu a tramitação de uma ação contra o ex-presidente Lula e o filho dele, Luis Cláudio da Silva, que eram acusados por tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Operação Zelotes.

A defesa do ex-presidente e do filho dele argumentaram que os diálogos de procuradores, que constam nas mensagens da Operação Spoofing, mostram que eles sabiam que não havia ilegalidade na conduta do ex-presidente, mas tentaram criar uma narrativa desfavorável ao petista mesmo assim.

A Justiça também arquivou, em 2020, uma ação contra Luis Cláudio, que era acusado por lavagem de dinheiro e tráfico de influência em pagamentos da Odebrecht.

A ação penal era baseada em uma delação premiada dos executivos da Odebrecht e do grupo Alexandrino Alencar, que afirmaram que Lula pediu que financiassem um projeto de marketing esportivo de Luis Cláudio. Em troca, o ex-presidente ajudaria a empresa no trânsito com a então presidente Dilma Rousseff (PT).

Na decisão, o juiz entendeu que Lula “não era mais agente público e a suposta solicitação de vantagem não decorreu da condição de agente público”.

“Me aponte uma fonte de corrupção, não tem.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Ministros do governo de Jair Bolsonaro são alvos de investigações por suspeita de corrupção que estão em andamento. Em 2021, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi acusado de participar de um grupo de exportação ilegal de madeira. As investigações da Polícia Federal apontaram para a existência de um “esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais”, que teria o envolvimento de Salles e de gestores do ministério e do Ibama.

Também em 2021, o então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, foi acusado de pedir um dólar de propina por cada dose adquirida de vacina contra a Covid-19.

Em 2022, entre os casos que ganharam repercussão está o do ex-ministro da educação, Milton Ribeiro, que chegou a ser preso pela Polícia Federal. Ele é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC. Ribeiro é suspeito de favorecer cidades que possuíam o intermédio de pastores aliados do ministro. Prefeitos denunciaram ainda pedidos de propina em troca da liberação de recursos para os municípios.

“Titulando terras, são 420 mil lotes que nós titulamos.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), foram registrados 404.993 documentos de titulação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), expedidos para famílias no campo em assentamentos da reforma agrária e áreas públicas passíveis de regularização fundiária. O número é cerca de 5% menor que o citado pelo presidente. Os dados são relativos ao período de janeiro de 2019 a agosto de 2022. Neste ano, o governo liberou 124.954 registros.

“Nós temos no Brasil dois terço das nossas florestas preservadas da mesma maneira quando Pedro Álvares Cabral aqui chegou.”

NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Levantamento feito pelo consórcio MapBiomas apontou que o Brasil tinha, em 2021, 66% de seu território coberto por vegetação nativa, o que representa dois terços do total. No entanto, a mesma pesquisa revela que essas áreas não são conservadas em sua totalidade, logo não se encontram “exatamente como estavam quando o Brasil foi descoberto”, ao contrário do que diz o presidente.

Segundo a MapBiomas, pelo menos 8,2% de toda vegetação nativa existente é vegetação secundária, ou seja, são áreas que já foram desmatadas pelo menos uma vez desde 1985 ou já estavam desmatadas na época. Na Mata Atlântica, a proporção de vegetação secundária sobe para 27%.

Estimativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que, até 2020, cerca de 729 mil km² já haviam sido desmatados no bioma Amazônia, o que corresponde a 17% do bioma. Mas o desmatamento da Amazônia tem batido recordes seguidos no governo Bolsonaro e levado preocupação à comunidade internacional.

Levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontou que o desmatamento na Amazônia, de agosto de 2021 a julho de 2022, foi o maior dos últimos quinze anos.

Segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do órgão, que monitora a região com imagens de satélites, foram derrubados 10.781 km² de floresta, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo.

Outro levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) apontou que, no período de agosto de 2018 a julho de 2021, o desmatamento no bioma aumentou 56,6% em relação a anos anteriores.

Em 2019, países como Noruega e Alemanha deixaram de repassar ao governo federal uma verba bilionária do ‘Fundo Amazônia’, por causa da falta de comprometimento do país com a preservação da floresta. Em novembro de 2021, o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, disse que os alemães não retomarão investimentos no fundo “sem a convicção de que o Brasil vai reduzir o desmatamento”.

“Você sabe que o orçamento secreto não é meu. Eu vetei. Depois passou e virou uma realidade.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: As emendas do relator-geral, conhecidas por “orçamento secreto”, foram criadas a partir do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias apresentado pela própria Presidência da República. Em dezembro de 2019, o texto enviado ao Congresso e assinado pelo então Secretário de Governo, Luiz Eduardo Ramos, incluiu na previsão para o ano seguinte a emenda de relator-geral, a RP9. As informações foram reveladas pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

Antes disso, Bolsonaro havia vetado uma proposta vinda do Congresso de tornar obrigatória a RP9. Porém, o governo recuou e reapresentou o texto, agora assinado por Ramos.

Ainda em dezembro de 2019, Bolsonaro tentou vetar trechos que previam que o governo precisasse da aprovação das comissões permanentes da Câmara e do Senado antes de executar as emendas parlamentares – não somente as de relator, mas também as individuais, as de bancada e as de comissões.

Em um acordo com o parlamento, houve derrubada desses vetos. Com isso, o Congresso passou a ter o poder de decisão na prioridade de pagamentos de parte dos recursos dos ministérios.

O orçamento previsto para 2023 sancionado pelo governo mantém a existência das emendas de relator.

Na prática, isso dá poder ao Congresso sobre o orçamento público porque não exige identificação de quais parlamentares solicitaram a verba e nem a distribuição igualitária entre deputados e senadores, abrindo margem para beneficiamento de aliados ou localidades.

Ciro Gomes (PDT)

“60% das nossas escolas já são em nível médio em tempo integral.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Dados do Censo da Educação Básica de 2021, divulgados no início do ano pelo governo federal, indicam que o Ceará tinha, no ano passado, 955 escolas de ensino médio, incluindo as redes estadual e municipais. Dessas, 330 (35%) tinham pelo menos 5% das matrículas em tempo integral. Considerando apenas as 671 escolas da rede estadual que ofereciam turmas de ensino médio, 299 tinham pelo menos 5% das matrículas em tempo integral, isso representa 45% da rede.

“O desemprego chegou perto de 12% ao longo de 14 anos [do governo do PT].”

A declaração é #FATO. Veja por quê: De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, o desemprego ao final do segundo trimestre de 2016, ou seja, até o início de julho, era de 11,3%. O governo do segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) terminou em 31 de agosto de 2016, após processo de impeachment, completando 14 anos do PT na Presidência.

“Quando acabou o governo do PT, 63 milhões e 400 mil famílias estavam humilhadas no SPC e Serasa.”

NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Em julho de 2016, antes de Dilma Rousseff sofrer o impeachment, o número de inadimplentes no Brasil, segundo levantamento do SPC era de 58,9 milhões.

Em outubro de 2016, dois meses depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o número de inadimplentes era de 58,7 milhões. No mesmo ano, fechou em 58,3 milhões. Os 63 milhões foram registrados apenas em março de 2019.

Simone Tebet (MDB)

“As pessoas com doenças raras são esquecidas e são, no todo, 30 milhões de brasileiros”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Especialistas explicam que não existe uma definição epidemiológica única para o que é uma doença rara, mas que elas são doenças que atingem uma proporção pequena da população. Pelos critérios usados na União Europeia, que estima que entre 6% e 8% da população seja acometida por uma doença rara, o Brasil teria algo entre 13 milhões e 15 milhões de pacientes nessa categoria. O Ministério da Saúde, por sua vez, considera que a doença rara é a que afeta 1,3 pessoas para cada 2.000 indivíduos. O valor é menos que metade do mencionado pela candidata.

“O seu governo foi o que teve maior desmatamento nos últimos 15 anos.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontou que a área de floresta desmatada da Amazônia Legal em 2022 foi a maior dos últimos 15 anos. De agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de floresta, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto.

“[Bolsonaro] atrasou a compra de vacinas em 45 dias.”

NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O atraso na compra das vacinas chegou a até sete meses, de acordo com o relatório final da CPI da Covid, instaurada no Senado Federal.

Com relação à vacina da farmacêutica Pfizer, a primeira oferta foi feita em 15 de agosto de 2020. Apesar das diversas tentativas de contato com o governo brasileiro, a empresa não teve resposta. O contato só aconteceu em novembro daquele ano, quando o então secretário de Comunicação Fabio Wajngarten tomou conhecimento de uma carta direcionada a ele, enviada pelo laboratório dois meses antes. O contrato só foi assinado em março de 2021, sete meses depois da primeira proposta.

Já a respeito da vacina Coronavac, do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, a primeira oferta foi feita em julho de 2020. Em outubro daquele ano, o Ministério da Saúde chegou a anunciar a compra de 46 milhões de doses, mas, no dia seguinte, foi desautorizado pelo presidente Bolsonaro (PL). O contrato só foi assinado em janeiro de 2021, seis meses depois da primeira proposta.

“A Caixa Econômica banca com dinheiro público a construção de casas populares pra quem ganha até 1,5 salário mínimo. Casas essas que não existem mais com o atual governo, que cortou em mais de 90% a construção de casas populares pros mais pobres.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: A proposta de orçamento para 2023 prevê uma redução de 95% na verba do programa “Casa Verde e Amarela”, que tem o objetivo de fomentar construções de moradias populares.

A proposta de Orçamento, de autoria do Ministério da Economia e enviada ao Congresso Nacional no final de agosto, prevê um total de R$ 34,1 milhões destinado ao programa. Neste ano de 2022, a dotação para o Casa Verde e Amarela já chegou a R$ 665,1 milhões – quantia esta já considerada insuficiente para a construção de novas habitações, segundo avaliação do Ministério do Desenvolvimento Regional, responsável pelo Casa Verde e Amarela.

Soraya Thronicke (União Brasil)

“Hoje temos (…) 130 milhões de órfãos [de pais mortos pela Covid-19].”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Um estudo publicado na revista científica Lancet, em julho de 2021, estimou o número de órfãos de pais mortos pela Covid-19 em 130 mil, número inferior ao dito pela candidata. Levantamento mais atualizado publicado pelo Imperial College, do Reino Unido, indicam que o número de órfãos até o dia 28 de setembro de 2002 no Brasil era de 158 mil.

“Nós tivemos 5 ministros da Educação, um foi preso.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: De fato, o governo Bolsonaro teve cinco ministros da Educação até o momento — Ricardo Vélez, Abraham Weintraub, Carlos Alberto Decotelli, Milton Ribeiro e Victor Godoy Veiga. Um deles, Milton Ribeiro, chegou a ser preso em 23 de junho, mas foi solto no dia seguinte. Ele é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação. O caso está no Supremo Tribunal Federal (STF).

“O atual governo já teve absurdos como secretário que já fez vídeos com conteúdo nazista, assessor que fez gesto supremacista em pleno Congresso Nacional e presidente da Fundação Palmares que é contra o movimento negro.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: O secretário especial da Cultura do governo Bolsonaro, em 2020, Roberto Alvim, fez um vídeo com um discurso semelhante ao do ministro de Adolf Hitler da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels.

Assim como Goebbels havia afirmado em meados do século XX que a “arte alemã da próxima década será heroica” e “imperativa”, Alvim afirmou, na ocasião, que a “arte brasileira da próxima década será heroica” e “imperativa”.

Depois da repercussão negativa, ele acabou exonerado do governo.

Em março de 2021, Filipe Martins, assessor especial da Presidência, fez gesto considerado nos Estados Unidos como “verdadeira expressão da supremacia branca” porque indica, na mão, as letras W e P, numa referência a “White power” (poder branco, em português). Ele chegou a ser denunciado pelo Ministério Público, mas acabou inocentado no final do ano passado.

O ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, chegou a chamar, em 2020, o movimento negro de “escória maldita” instituição criada para promover a preservação das manifestações culturais do povo negro. Também disse que Zumbi era “filho da puta que escraviza pretos” e criticou o Dia da Consciência Negra. A Fundação Cultural Palmares foi criado para preservar valores e manifestações culturais do povo negro.

“Entrei com uma ação popular, na ausência, na omissão do Ministério Público, uma ação popular que bloqueou R$ 730 milhões da JBS.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: Em 16 de outubro de 2017, um juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais da comarca de Campo Grande deferiu parcialmente o pedido da ação popular 0820215-58.2017.8.12.0001 e determinou, entre outras medidas, o bloqueio de R$ 730.626.583,71 da JBS. Os autores do pedido foram Danny Fabricio Cabral Gomes e Soraya Thronicke.

Felipe D’Ávila (NOVO)

“O Mensalão é compra de votos, é compra de apoio no parlamento brasileiro.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: O escândalo que ficou conhecido como mensalão foi revelado em 2005 pela imprensa e investigado pela Polícia Federal, Ministério Público e pelo próprio Congresso. À época, um funcionário dos Correios foi filmado recebendo propina e relatando um esquema montado na estatal para desvio de dinheiro. Ele relatou o envolvimento do então deputado Roberto Jefferson que, em entrevista sobre o tema, relatou a existência do que veio a ser conhecido como mensalão.

Em 2014, o Supremo Tribunal Federal concluiu, após um ano e meio de julgamento, que houve desvio de recursos públicos e fraudes em empréstimos para financiar um esquema de suborno de parlamentares para que eles votassem a favor de projetos de interesse do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, no entanto, não foi denunciado no caso.

“Não é à toa que nos últimos 10 anos o PIB do agronegócio cresceu 34% enquanto o da indústria caiu 18(%).”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Segundo a série histórica de taxas de variação real anual do PIB mantida pelo Banco Central, o PIB da agropecuária teve um crescimento acumulado de 27,1% entre 2012 e 2021, e não 34% como citado pelo candidato. Pelo mesmo critério, o PIB da indústria encolheu 9,73% no mesmo período, e não 18% como informado pelo candidato.

“Aí eu gostaria de dar um exemplo do nosso governador Romeu Zema em Minas Gerais, governou o tempo inteiro sem fazer um único acordo (…) E fez andar o estado, (…) saneou as contas do estado.”

NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Diferentemente do afirmado pelo candidato, as contas do estado de Minas Gerais não foram saneadas pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Nos últimos quatro anos, segundo a Secretaria de Estado da Fazenda, o total da dívida pública do estado subiu de R$ 113,46 bilhões para R$ 155,45 bilhões. Durante todo o mandato, Zema não pagou nenhuma parcela da dívida, já que liminares obtidas pelo estado junto ao Supremo Tribunal Federal suspenderam a cobrança do débito desde junho de 2018.

Além disso, o governador herdou dívida de R$ 30,2 bilhões, referente a pagamentos de salários e férias-prêmio que não foram feitos, repasses de IPVA devidos aos municípios, entre outros.

Alguns destes valores ainda não foram integralmente quitados. É o caso das férias-prêmio atrasadas – o pagamento foi retomado em setembro do ano passado e será feito até dezembro deste ano.

Também há o valor de R$ 7,5 bilhões de depósitos judiciais do Tribunal de Justiça, que começou a ser pago em janeiro deste ano e tem quitação prevista para janeiro de 2028.

Outra dívida cujo pagamento se estenderá pelos próximos anos é a de repasses da saúde aos municípios. O valor total é de R$ 6,7 bilhões. Até agora, R$ 800 milhões foram pagos. O valor residual será acertado em 96 parcelas mensais a partir de outubro deste ano.

Para retomar todos estes pagamentos, o governador Romeu Zema fez acordos, com mediação da Justiça e do Ministério Pùblico. Portanto, não é correto dizer que ele governou sem fazer acordos.

Zema também fez o acordo com a mineradora Vale, de R$ 37,5 bilhões para reparação pelos danos provocados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, em janeiro de 2019, que resultou em 270 mortes.

Padre Kelmon (PTB)

“Se nós somos 84% de cristãos nesse país, vamos olhar para aquele que nos dá o maior exemplo de como nós devemos viver a nossa vida em sociedade.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: Dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2010, indicam que o número de cristãos brasileiros, representados por evangélicos e católicos, é de cerca de 87%. Uma pesquisa mais recente feita pelo Datafolha, de 2020, apontou para a porcentagem de 81%.

Com G1

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