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Erro em julgamento tirou título da escola carioca Mocidade Independente

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O Carnaval do Rio de Janeiro parece ainda não ter acabado. Na segunda-feira (20), com a divulgação das justificativas dos jurados, verificou-se um erro no julgamento de enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel. Erro esse que acabou custando o título da escola da zona oeste – a Portela ficou com o primeiro lugar, encerrando um jejum de 33 anos.

Em sua justificativa, o julgador Valmir Aleixo diz que tirou um décimo (ele deu a nota 9,9) da Mocidade em enredo por causa da ausência de um destaque de chão chamado O esplendor dos sete mares. No entanto, o tal destaque não está previsto no livro Abre-Alas, publicado no site da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), que serve de roteiro para a apresentação, e representantes da escola garantem que não havia indicação alguma ao componente.

A Portela venceu com 269,9 pontos, contra 269,8 da Mocidade, vice-campeã. Se o julgador não tivesse tirado o décimo em enredo da agremiação de Padre Miguel, as duas escolas terminariam empatadas. O desempate, pela ordem, só sairia em Comissão de Frente, onde a Mocidade teve 30 pontos, contra 29,9 da Portela. Em suma, a Mocidade seria a campeã.

“(A escola) Não apresentou o destaque de chão O esplendor dos 7 mares, que executa função narrativa dentro do enredo, comprometendo, assim, sua leitura”, escreveu Aleixo em sua justificativa.

Nas redes sociais, o vice-presidente da Mocidade, Rodrigo Pacheco, mostrou-se indignado. “Como é que se faz quando se descobre que o Carnaval nos foi tirado por conta de um ‘equívoco’ de um determinado jurado? Nível máximo de irritação!!!!”, declarou.

Em nota, a Mocidade não questionou o título da Portela, mas criticou o “despreparo apresentado pelo julgador” e faz uma cobrança.

“A Mocidade se posiciona em busca de mais preparação técnica e responsabilidade para todos os julgadores. Cobraremos isso! Meses de investimento, trabalho pesado, e a dedicação de milhares de componentes não podem ser prejudicados desta maneira”, diz a escola no comunicado.

Duas versões – uma possível explicação

A Liesa informou que o roteiro da Mocidade teve duas versões. A primeira delas previa, de fato, uma destaque de chão, no caso Camila Silva, com a fantasia O esplendor dos sete mares, conforme citado pelo julgador. Esta versão foi enviada pela escola à Liesa no dia 11 de janeiro e usada no início do curso dado aos julgadores, em 31 de janeiro.

No entanto, no dia 24 de janeiro, Camila foi promovida ao posto de rainha de bateria e, portanto, não desfilaria mais no local indicado no roteiro anteriormente. Uma nova versão, sem a destaque de chão, e com Camila como rainha, foi enviada pela escola à Liesa. Por isso a entidade admite que pode ter havido uma falha de comunicação, em que o julgador teria feito sua avaliação baseado na primeira versão, desatualizada, do chamado livro Abre-Alas.

Como a versão final da Mocidade só chegou à Liesa após a realização da primeira etapa do curso de julgadores, pode ter havido uma falha de comunicação ocasionando a avaliação, pelo julgador, através de sua versão inicial, deixando de considerar o livro impresso entregue pela Liesa no dia do desfile, diz a Liesa em comunicado.

Neste caso, analisando as justificativas do julgador Valmir Aleixo, depreende-se que o referido julgador utilizou a versão anterior, recebida no dia do curso de julgadores, com suas observações iniciais sobre o enredo de cada escola de samba, conclui a entidade.

Leia a nota da Mocidade na íntegra:

A Mocidade Independente de Padre Miguel vem a público externar todo o seu descontentamento com a justificativa da nota atribuída pelo julgador de enredo Valmir Aleixo Ferreira. Antes de tudo, gostaríamos de exaltar o belíssimo desfile feito pela Portela e o merecido título conquistado.

O que questionamos nesta nota é o despreparo apresentado pelo julgador em questão para cumprir tão importante função. É inadmissível que o sonho de uma comunidade seja jogado fora por um erro tão crasso. Criar algo que em nenhum momento esteve no livro Abre-Alas e em cima disso nos penalizar, soa estranho e sem explicação. No livro Abre-Alas definitivo, entregue pela escola na data correta, e disponível no site da Liesa, o cronograma de desfile sempre esteve correto, exatamente fiel ao que se passou na Avenida.

A Mocidade se posiciona em busca de mais preparação técnica e responsabilidade para todos os julgadores. Cobraremos isso! Meses de investimento, trabalho pesado, e a dedicação de milhares de componentes não podem ser prejudicados desta maneira.

À nossa valorosa comunidade: nunca deixem de acreditar neste sonho! O desfile que fizemos só foi possível com a participação determinante de vocês. Em 2018 vamos voltar na Avenida e buscar o título que nos foi tirado de forma tão lamentável.

Leia a nota da Liesa na íntegra:

Com relação às matérias relacionadas com a publicação dos mapas de notas e justificativas do Grupo Especial do carnaval 2017, a Liesa esclarece que:

# em 11 de janeiro a Mocidade Independente de Padre Miguel enviou uma versão do livro Abre-Alas na qual cita a presença da destaque Camila Silva, descrevendo sua fantasia como O esplendor dos sete mares;

# em 31 de janeiro, data da realização do curso de julgadores para o quesito Enredo, os julgadores receberam esta versão impressa em preto e branco, bem como a digital colorida, para poder nortear e iniciar seu trabalho de pesquisa visando o julgamento a ser realizado por ocasião dos desfiles, conforme vem ocorrendo todos os anos;

# posteriormente, em uma segunda versão, a Mocidade Independente de Padre Miguel alterou o roteiro enviado inicialmente; na nova versão, Camila Silva já vem citada como rainha de bateria, com o figurino Dona das Areias, Yemanjá;

# como a versão final da Mocidade só chegou à Liesa após a realização da primeira etapa do curso de julgadores, pode ter havido uma falha de comunicação ocasionando a avaliação, pelo julgador, através de sua versão inicial, deixando de considerar o livro impresso entregue pela Liesa no dia do desfile;

# neste caso, analisando as justificativas do julgador Valmir Aleixo, depreende-se que o referido julgador utilizou a versão anterior, recebida no dia do curso de julgadores, com suas observações iniciais sobre o enredo de cada escola de samba.

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