Fale com a gente

Marechal De heróis da pandemia a vilões da economia

Ato em defesa da enfermagem reúne cerca de 150 profissionais no centro rondonense

Com apoio da população e chamando a atenção, manifestação foi avaliada positivamente pelos organizadores. A depender da decisão final do STF, outras ações podem ser realizados em Marechal Rondon

Publicado

em

De heróis da pandemia a vilões da economia. É dessa maneira que os profissionais da enfermagem avaliam ser tratados pela classe política brasileira. Para mostrar a união da categoria no município rondonense, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem ocuparam um dos pontos centrais de Marechal Cândido Rondon ao final da tarde e início da noite de quarta-feira (21). Confira acima vídeo sobre a mobilização.

“A avaliação do protesto é positiva e superou o que imaginávamos. A nossa categoria durante muito tempo foi considerada desunida, mas agora a gente acordou. A pandemia contribuiu para isso, porque a enfermagem sentiu o poder que tem”, enaltecem os organizadores.

Apoio da comunidade

De acordo com os organizadores, cerca de 150 manifestantes participaram do ato contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu o piso salarial da enfermagem. Segundo informações, os profissionais revezavam a presença no ato enquanto entravam e saiam dos plantões na rede de saúde.

“A gente teve o apoio da sociedade, amigos e colegas de trabalho. O que nos deixou mais satisfeitos foi o respeito que a população teve com o nosso ato. Foi muito bonito os carros parando, buzinando e fazendo gestos de apoio”, destacam.

Vestidos de preto e com jalecos pendurados no ombro, os manifestantes ostentavam cartazes em defesa da enfermagem e do piso salarial, a exemplo da frase de abertura desta matéria. Sob o coro de “Enfermagem na rua, Barroso a culpa é sua”, a classe questionava: “Se a enfermagem parar, quem vai cuidar?”.

Em um dos cartazes, um senhor frisava que “quando Deus criou a enfermagem, pensou com todo amor”. De acordo com os organizadores, o rondonense estava no ato representando a filha, que é enfermeira em Santa Catarina. “Isso nos deixa mais fortes, porque sabemos que as pessoas reconhecem o nosso valor”, ressaltam.

“Batalha não está ganha”

Ao O Presente, os organizadores da manifestação salientam que o ato foi positivo e conseguiu sensibilizar a população. Inclusive, a depender da decisão final em relação ao piso salarial, outros protestos da categoria podem ser realizados em Marechal Rondon.

“Queríamos chamar a atenção e conseguimos, mas a batalha não está ganha ainda. Vamos esperar para ver a repercussão nacional e, se preciso for, vamos, sim, fazer mais atos, aqui em Marechal Rondon”, frisam.

Em todo o Brasil, profissionais da enfermagem têm feito paralisações por 24 horas. Por aqui, os organizadores do ato descartam ações desse tipo. “A nossa categoria não tem direito à greve, apenas paralisação parcial, mantendo um número mínimo do efetivo trabalhando. A enfermagem é tão importante que não pode fazer greve e, ao mesmo tempo, é desvalorizada”, lamentam.

Indignação

A suspensão do piso da enfermagem foi recebida com indignação e preocupação pelos profissionais da categoria em Marechal Rondon, conforme relatado ao O Presente.

“Naturalizam um médico ganhar R$ 35 mil ou R$ 40 mil por mês, mas quando se almeja um salário de R$ 4,7 mil para o enfermeiro e de R$ 3,3 mil para o técnico de enfermagem parece absurdo”, critica o enfermeiro rondonense e coordenador do Curso de Técnico em Enfermagem do Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta, Claudinei Teleken.

O enfermeiro destacou, inclusive, que os salários da categoria pagos em Marechal Rondon e municípios lindeiros é inferior à média nacional. Clique aqui e confira a matéria na íntegra.

Entenda a tramitação

Sancionada no começo de agosto pelo presidente Jair Bolsonaro, a lei 14.434/2022 prevê um piso salarial para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras.

Mesmo com trechos já vetados durante a tramitação no Congresso e na caneta do presidente, a legislação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão do ministro Luís Roberto Barroso, no início de setembro, que teve como justificativas supostos impactos financeiros da mudança.

A decisão individual foi julgada na última semana e, por sete votos a quatro, manteve-se a suspensão do piso salarial por 60 dias, prazo em que o Congresso deve apresentar projetos que garantam o pagamento desses valores.

Piso salarial

O piso fixa o salário-base de enfermeiros em R$ 4,75 mil nos setores públicos e privados, valor que acompanha a remuneração de técnicos de enfermagem (70% do valor – R$ 3.325), auxiliares de enfermagem (50% do valor – R$ 2.375) e parteiras (50% do valor – R$ 2.375).

O Presente

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente