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Marechal Mudança de rotina

Empresas de ônibus para turismo estão há dois meses sem funcionar em Marechal Rondon

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Expectativa é de que, após a retomada das atividades turísticas, setor encare mudança nos destinos escolhidos. População deve passar a valorizar ainda mais os destinos nacionais, pois terá medo de viajar ao exterior. Com isso, economia brasileira será favorecida (Foto: O Presente)

Desde antes do primeiro decreto municipal (079/2020), que determinava restrições para o enfrentamento ao novo coronavírus em Marechal Cândido Rondon, publicado em 21 de março, a Verde Vale Turismo já estava com seus ônibus estacionados na garagem da empresa no município. Com os primeiros boatos da pandemia e o receio popular à Covid-19, os passageiros foram desistindo de suas viagens e até mesmo as viagens de compras foram suspensas.

O diretor Luciano André Rossetto lembra que antes da pandemia a rotina da empresa, que está há 15 anos no mercado, era bem movimentada. “Tínhamos viagens semanais em duas principais linhas, compras e turismo, ambas com o mesmo peso. Temos quatro ônibus que tinham agenda intensa, seja em viagens de lazer ou levando lojistas para os shoppings atacadistas de Cianorte, Maringá e Santa Catarina. Então, roteiros e eventos foram cancelados e os polos de compras fechados. Nossa última viagem foi no dia 06 de março”, conta. Ou seja, nesta terça-feira (05) a Verde Vale Turismo completa 60 dias sem atividades.

Segundo Rossetto, esses dois meses tinham muitas datas marcadas que tiveram de ser modificadas. “Os eventos, encontros e reuniões que aconteceriam nesse período vão acontecer somente no ano que vem, então, os fretamentos passaram para 2021. Já as viagens a turismo foram remarcadas ainda para este ano, de setembro em diante”, comenta.

Luciano Rossetto, diretor da Verde Vale Turismo: “Se continuarmos parados até agosto, como sugerem algumas previsões, teremos acumulado um prejuízo de cerca de R$ 500 mil e para recuperar isso vai pelo menos uns dois anos” (Foto: O Presente)

 

“TIVEMOS DE AGIR”

Ele diz que a empresa está totalmente sem renda e teve de se reorganizar internamente. “Nós éramos em 12 funcionários e hoje estamos em quatro. Nós tivemos de agir. Fizemos a demissão enquanto ainda conseguiríamos pagar todos os seus direitos, aproveitar os recursos”, lamenta, emendando: “Por hora, nós ainda não recorremos a nenhuma ajuda dos bancos, estamos utilizando do caixa. Aguentamos com ele até agosto, quando há previsão de volta; a partir daí, teremos de buscar financiamentos”, revela. “Caso continuemos parados até agosto, como sugerem algumas previsões, teremos acumulado um prejuízo de cerca de R$ 500 mil e para recuperar isso vai pelo menos uns dois anos”, calcula.

 

RETOMADA LENTA

Para o empresário, a retomada será em velocidade muito inferior à que a empresa estava acostumada a trabalhar. “Acreditamos que as viagens para compras terão um retorno mais rápido, porém com um faturamento bem reduzido. Já o turismo vai ser mais complicado. De volta à normalidade mesmo acho que somente a partir do primeiro semestre de 2021, quando as pessoas podem ter menos medo de aglomerações”, projeta.

Empresas estão há pouco mais de 60 dias sem atividades (Foto: O Presente)

 

IMPORTÂNCIA DO CAIXA

Rossetto ressalta que com essa crise na saúde e na economia, a empresa pôde perceber a importância de se manter recursos reservas. “Vimos a importância do caixa. Se não fosse isso, estaríamos falidos em menos de três meses. Eu pensava, às vezes, que era desnecessário até chegar essa situação. Nos salvou literalmente”, enfatiza.

 

FRONTEIRAS FECHADAS

Gerente comercial da Transgiro Turismo, Djeni Schwingel conta que a empresa sentiu os efeitos tão logo houve o avanço da pandemia no Brasil. “Nós realizávamos em torno de dez a 30 viagens semanais, levando de 500 a 800 passageiros. Estamos há 49 anos no mercado e temos uma expressiva gama de serviços. Como atuamos em todo o Brasil e no Mercosul, logo no início suspendemos as atividades, pois as fronteiras interestaduais e internacionais foram fechadas”, relata.

Sobre as viagens e fretamentos marcados para esse período, a gerente afirma que não houve cancelamentos na empresa. “As viagens de turismo que não pudemos realizar foram remarcadas para o segundo semestre. Os passageiros compreenderam e aceitaram viajar em outro momento. Falando de viagens de compras, como não realizamos vendas antecipadas, apenas paramos de fazer, sem ser preciso realizar devoluções; fretamentos também têm seus pagamentos na semana anterior e não tivemos de devolver valores”, explica.

Segundo ela, não é possível estimar um tempo para que a receita seja recuperada. “Sobre nossos funcionários, nós mantivemos alguns trabalhadores, pois continuamos fazendo o transporte de trabalhadores e ocasionais viagens de compras. A Transgiro estava em um momento de contratação antes da pandemia e, por isso, somente suspendemos contratos, de acordo com a MP 936/2020. Quando retomarmos as atividades, precisaremos dos nossos colaboradores”, destaca.

Djeni Schwingel, gerente comercial da Transgiro Turismo: “A Transgiro estava em um momento de contratação antes da pandemia e, por isso, somente suspendemos contratos. Quando retomarmos as atividades, precisaremos dos nossos colaboradores” (Foto: Divulgação)

 

CONFIANÇA DO CLIENTE

Djeni garante que o momento foi de muito aprendizado para a empresa, uma vez que novas estratégias foram buscadas e houve uma reestruturação no modo de trabalhar. “Buscamos novidades e modificamos muito. É como se se iniciasse uma nova gestão”, menciona.

A gerente comercial diz que a agência de turismo chegou a atender clientes que fizeram compras on-line e não receberam respaldo das outras empresas. “Demos todo o suporte, com reagendamento ou reembolso para nossos clientes. Também nos procuraram pessoas que compraram passagens na internet e, mesmo com muitos e-mails, ligações e afins não conseguiam resolver a situação. As pessoas viram o quão confiável é o nosso serviço e como é importante uma empresa com loja física, com pessoas para atender e ajudar nas necessidades”, finaliza.

 

TURISMO NO PÓS-PANDEMIA

Tendo em vista a futura retomada das atividades turísticas, Djeni acredita que o setor deve se preparar para uma grande mudança nos destinos escolhidos. “Acredito que o turismo vai se fortalecer muito. Vai existir uma maior valorização dos momentos de lazer, dos bons momentos com as pessoas que você quer por perto, que você ama; esse isolamento foi sentido por todos”, ressalta.

Ela entende que grande parte da movimentação depende da situação dos grandes centros. “Somente com a situação lá normalizada é que a região voltará a operar normalmente. É provável que a população mude um pouco sua visão e passe a valorizar mais o Brasil, pois vai haver um medo de viajar para o exterior. Destinos nacionais serão até mais economicamente viáveis, posto que o dólar e o euro estão estourados e vai levar um tempo para normalizar”, aposta a gerente comercial da Transgiro, concluindo que essa mudança na escolha dos destinos favorecerá a economia brasileira.

 

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