Marechal Tecnologia nas escolas
Professores e estudantes aprovam aulas em lousas digitais, investimento milionário da prefeitura rondonense
Acompanhar o avanço tecnológico exige investimento, mas quando se trata de educação, geralmente, a tecnologia empregada em escolas públicas não acompanha o ritmo do setor privado.
Marechal Cândido Rondon está tentando mudar essa realidade nas 17 escolas e oito Centros de Educação Infantil (Cmeis) do município. Para isso, a prefeitura adquiriu recentemente 145 lousas digitais que estão sendo instaladas em todas as salas de aula das escolas municipais.
O investimento é de quase R$ 3,6 milhões, incluindo os equipamentos já instalados e a capacitação dos profissionais da educação. Os recursos são do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e devem ser utilizados exclusivamente na educação.
No total, foram instalados 50 equipamentos em sete instituições de ensino. Além das sete escolas localizadas nos distritos, a Bento Munhoz da Rocha Neto, Criança Feliz e Antônio Rockenbach aguardam a instalação, que deve ocorrer no próximo ano.
O objetivo do aparato tecnológico, segundo o secretário de Educação, Fernando Volpato, é ampliar a oferta de tecnologias educacionais aos professores e alunos da rede municipal de ensino.
Conforme ele, a educação pública do município precisa acompanhar o avanço tecnológico. “Nossa intenção é trazer para as salas de aula o que há de melhor em tecnologia para auxiliar os professores e consequentemente os alunos para melhorar a aprendizagem”, afirma.
As primeiras lousas digitais foram instaladas este mês nas nove salas da Escola Waldomiro Liessen, localizada próxima ao portal de entrada do município.
A professora Marlene Cunico aderiu à nova tecnologia desde que foi instalada e, de acordo com ela, a utilização é muito simples. “Como sempre tive facilidade para mexer com computador, para mim está sendo muito fácil”, comenta.
De acordo com Marlene, a primeira experiência com a lousa tem sido bastante positiva tanto para ela quanto para os alunos. “Eu estou amando porque meus alunos se mantêm mais interessados, prestam mais atenção na aula”, revela a professora.
Ela conta que percebeu a satisfação dos alunos ao assistir vídeos educativos com as atividades que antes eram impressas em papel. “A lousa digital ajuda a prender a atenção dos alunos. Eles estão adorando”, relata.
Aluna do 5º ano na Escola Waldomiro Liessen, Tamyani Cordeiro dos Santos, de 11 anos, também aprovou a nova tecnologia. “A gente presta mais atenção e consegue aprender com maior facilidade”, resume.
Professora Marlene Cunico: “As lousas digitais vieram para enriquecer o trabalho em sala, pois tornam as aulas mais interessantes” (Foto: Sandro Mesquita/OP)
Aluna Tamyani Cordeiro dos Santos: “A gente presta mais atenção e consegue aprender com maior facilidade” (Foto: Sandro Mesquita/OP)
CONTRIBUIÇÃO AO APRENDIZADO
Na opinião da diretora da escola, Lorecy Plzygodda, os novos equipamentos contribuirão bastante para o aprendizado dos alunos, além de auxiliar o trabalho em sala de aula. “O fato de trabalhar com imagens e som vai clarear para os alunos a forma que eles recebem essas informações”, entende.
A diretora destaca o investimento que está sendo feito no aperfeiçoamento tecnológico, mas também ressalta duas situações pontuais que poderiam ser melhoradas na escola. “A nossa principal demanda hoje é o piso da quadra que é muito áspero e causa acidentes com os alunos e as carteiras são muito antigas e estão bem danificadas”, aponta. “Já pedimos isso várias vezes, mas por enquanto não foi resolvido”, expõe.
Diretora da Escola Municipal Waldomiro Liessen, Lorecy Plzygodda: “As lousas proporcionarão um ganho no aprendizado dos alunos. Eles estão muito empolgados com a utilização desses equipamentos” (Foto: Sandro Mesquita/OP)
CAPACITAÇÃO
A licitação referente à compra das primeiras 145 lousas digitais que estão sendo instaladas nas escolas determina o treinamento dos profissionais que irão utilizá-las. A empresa vencedora do processo licitatório é a mesma que capacitará os professores.
O secretário de Educação informa que a prefeitura já solicitou à empresa o início do treinamento, mas, segundo ele, em virtude do fim das aulas, é provável que a capacitação ocorra no início do próximo ano letivo. De acordo com ele, a empresa sugeriu que o treinamento aconteça em fevereiro para que os professores não passem todo o período de férias sem utilizar os equipamentos. “A empresa tem 12 meses a partir da assinatura do contrato para finalizar o treinamento com os professores”, menciona.
A capacitação será presencial com carga horária de quatro horas. Os professores serão divididos em grupos de até 20 pessoas com turmas pela manhã e tarde, conforme a disponibilidade dos professores.
Segundo o secretário, todo o processo de treinamento deve demorar cerca de uma semana. “Esse tempo vai depender da quantidade de treinadores que a empresa enviará para dar essa capacitação aos nossos professores”, comenta.
EQUIPAMENTOS
Para serem utilizadas, as lousas digitais, precisam necessariamente estar ligadas a um computador e a um projetor.
Segundo o secretário, os computadores e projetores conectados às lousas digitais são os mesmos já pertencentes as escolas, oriundos de um projeto anterior, ao qual foram adquiridos computadores, telas retráteis e projetores que atualmente estão instalados em todas as salas da aula do município. “Tínhamos a opção de comprar os computadores e os projetores junto com as lousas, mas como nós já tínhamos esse material nas escolas, optamos por comprar somente as lousas digitais”, explica.
Segundo o secretário, apenas as telas de projeção retráteis que já estavam instaladas nas salas não serão reutilizadas nas escolas. “Vamos remanejar essas telas para outras secretarias que eventualmente precisem para palestras ou cursos, por exemplo”, revela.
Secretário de Educação, Fernando Volpato: “Hoje o município tem condições de adquirir essas lousas digitais. Estamos investindo em tecnologia e melhorando a infraestrutura das escolas. As duas coisas andam juntas” (Foto: Sandro Mesquita/OP)
DEMANDAS
O valor previsto para equipar com as lousas digitais todas as salas de aulas das escolas e CMEIs do município será de quase R$ 7 milhões.
O investimento é expressivo e deve melhorar consideravelmente o processo de aprendizagem, deixando as aulas mais dinâmicas e atrativas aos alunos, entretanto, assim como na maioria dos municípios brasileiros, algumas escolas municipais carecem de benfeitorias reformas e ampliações estruturas.
O secretário de Educação admite que a estrutura das escolas é o principal gargalo da rede municipal de educação. “Acho que a infraestrutura é a principal demanda para dar suporte para essas ações, mas a gente tem trabalhado nisso”, afirma.
Volpato menciona a obra de reforma e ampliação na Escola Criança Feliz e na Érico Veríssimo, além da obra realizada na quadra de esporte da Escola Ana Paula. “Além disso, temos os serviços de manutenção, como reformas de pisos e telhados, afinal, as nossas edificações são antigas e é natural o surgimento de problemas ao longo do tempo”, ressalta.
O secretário cita ainda o processo de licitação para a troca do telhado do CMEI Pequeno Polegar. O educandário sofre com problemas de goteiras existentes em alguns ambientes desde a gestão anterior. “Esse é um problema grave e antigo, mas estamos prevendo a substituição do telhado em 2022”, informa.
Mesmo sendo a infraestrutura das escolas o principal gargalo na rede municipal de ensino, o Volpato afirma que o investimento nas lousas digitais é equivalente aos investimentos no aperfeiçoamento das estruturas dos educandários. “Até poderíamos priorizar a infraestrutura das escolas, mas acho que não é necessário porque temos condições de fazer as duas coisas concomitantemente”, enaltece.
NOVA LICITAÇÃO
Para o ano que vem, a prefeitura prevê uma nova licitação para a aquisição de mais lousas digitais para serem instaladas em todas as salas dos CMEIs. Para isso, uma licitação está em andamento. “O processo precisa passar pelos trâmites legais e provavelmente acontecerá somente em 2022”, informa o secretário.
Para conseguir equipar as cerca de 60 salas de todos os CMEIs, a prefeitura terá que desembolsar mais R$ 3 milhões. “A previsão inicial do orçamento tem esse valor, mas pode diminuir em razão da licitação”, pontua.
145 lousas digitais estão sendo instaladas em todas as escolas municipais: investimento de quase R$ 3,6 milhões (Foto: Sandro Mesquita/OP)
INTERNET
A qualidade da velocidade da internet nas escolas é outro ponto que chama a atenção. Inclusive, recentemente, alguns vereadores do município apresentaram ao Executivo uma indicação para que a prefeitura aumente para no mínimo 300 Mbps (megabits por segundo) a internet nos educandários municipais.
Conforme os vereadores, a velocidade média de internet nas escolas é de 57 mb, sendo que os planos contratados vigentes são de 60 mb através de fibra óptica e 20 mb via rádio. Esta velocidade, segundo os parlamentares, atende o mínimo exigido pelo governo federal e para o próximo ano está previsto um upgrade do plano para entre 150 e 200 Mbps.
O secretário de Educação afirma que a atual velocidade de internet das escolas é suficiente para atender a demanda, mesmo após a instalação de todas as lousas digitais. “Porque a internet está ligada ao computador como se ele estivesse sendo usado sem a lousa digital”, observa, completando: “Temos tido problema com internet lenta ou fora do ar por alguns instantes, mas isso é uma situação que pode acontecer em qualquer lugar”, justifica.
Segundo ele, para tentar melhorar essa situação, a pasta solicitou à Secretaria de Administração, através do setor de informática, a ampliação do serviço. “Claro que quanto mais rápida a velocidade melhor”, menciona.
No entanto, Volpato acredita que o uso simultâneo de muitos aparelhos conectados pode comprometer o desempenho do sinal de internet. “Talvez possa travar ou demorar para abrir arquivos, mas vai depender do número de pessoas que estarão usando ao mesmo tempo”, menciona.
O Presente
