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Municípios Entrevista ao O Presente

“Os policiais do 19º Batalhão estão entre os mais eficientes do Estado”, destaca major Novach

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Comandante do 19º Batalhão da Polícia Militar, major José Novach: “Nossa prioridade sempre será atender os crimes relacionados ao risco à vida e à violação da integridade física do cidadão, mas cada comandante de Destacamento e Companhia é orientado, e isso tem acontecido, a ouvir a comunidade para saber de sua demanda” (Fotos: Divulgação/19º BPM)

O 19º Batalhão da Polícia Militar (BPM) com sede em Toledo e atuação em 23 municípios do Oeste completou na segunda-feira (31) 15 anos de atividades. Em entrevista ao O Presente, o comandante da unidade, major José Novach, destacou números de apreensões, prisões e recuperações feitas por policiais militares no decorrer deste período, bem como enalteceu o trabalho realizado em prol da segurança pública da região. “Esses números, que são elogiados por todos os escalões da nossa instituição, se dão principalmente pela qualidade do nosso efetivo, por sua dedicação e comprometimento para com a instituição e a comunidade”, frisou.

Em relação às atuais demandas, Novach diz que é necessário dar atenção especial ao efetivo, uma vez que dos 23 municípios do 19o BPM – subordinado ao 5o Comando Regional na PM em Cascavel -, nove estão na fronteira com o Paraguai. Perturbação do sossego, furtos e consumo de entorpecentes, segundo ele, são as principais contravenções registradas na região, embora crimes contra a vida e que ferem a integridade física dos cidadãos sejam as prioridades de atendimento. Confira.

 

O Presente (OP): O senhor comandou a 2ª Companhia da PM em Marechal Cândido Rondon, quando capitão, e depois assumiu funções em outras companhias e batalhões até chefiar o 19º BPM, que ontem completou 15 anos de fundação. Que avaliação faz em relação ao trabalho desenvolvido pelo BPM nesses 15 anos? Quais as principais evoluções?

José Novach (JN): O 19º Batalhão, embora ainda jovem, se compararmos com a história dos 166 anos da Polícia Militar do Paraná, tem demonstrado uma força muito grande. Somos um dos Batalhões do Estado com índices operacionais excepcionais. Temos uma área de abrangência de grande responsabilidade e nosso policial tem de estar onde a comunidade pede, via ligação 190, através de ofício solicitando policiamento em um evento ou ainda atendendo as demandas de outros órgãos, como o Poder Judiciário, Depen (Departamento Penitenciário do Estado do Paraná) e outros. Esses números que são elogiados por todos os escalões da nossa instituição se dão principalmente pela qualidade do nosso efetivo, por sua dedicação e comprometimento para com a instituição e a comunidade.

 

OP: Como está estruturado o 19º BPM atualmente?

JN: Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 2019, atendemos uma população estimada em 444.193 habitantes. Atualmente, atuamos em 23 municípios, distribuídos em quatro Companhias com sedes em Toledo, Marechal Cândido Rondon, Assis Chateaubriand e Santa Helena, que foi a última Companhia criada, em 2018. Dos 23 municípios, nove são lindeiros ao Lago de Itaipu, ou seja, estão na fronteira com o Paraguai.

 

OP: É possível falar em números, em termos de prisões e apreensões realizadas nesses anos todos?

JN: O avanço dos trabalhos do 19º Batalhão da Polícia Militar pode ser observado pelos dados estatísticos destes 15 anos de atuação. Neste período (até 05 de agosto) foram atendidas 341.036 ocorrências, efetuadas 35.578 prisões e apreensões, sendo que apenas dois municípios da área de atuação têm população superior ao número de prisões e apreensões realizadas. Nossos policiais militares, mesmo não atuando diretamente em rodovias, realizaram a apreensão de 60 toneladas de entorpecentes, dos quais maconha, crack e cocaína. Somente quanto à maconha, isso significa prejuízo de mais de R$ 60 milhões ao crime organizado. Houve recuperação de 6.372 veículos, enquanto foram furtados ou roubados 5.494 veículos. Nesses 15 anos, 2.819 armas de fogo foram apreendidas em situações de ilicitude. Houve a elaboração de 7.485 termos circunstanciados, além de terem sido efetuados cumprimentos a 3.142 mandados.

 

OP: Hoje o raio de ação do BPM abrange 23 municípios na região. Quais as principais demandas do Batalhão atualmente: efetivo, veículos, armamento?

JN: Essas demandas sempre existirão, até pela característica de nossa unidade. Precisamos ter atenção especial na questão do efetivo, pois estamos em uma região de fronteira, onde se a polícia não estiver presente e atuante se torna terreno fértil para a atuação de grupos e facções criminosas. Estamos confiantes de que com esse próximo concurso público (em andamento) seremos contemplados com um número suficiente para manter a atuação e completar alguns vazios que existem. Quanto a viaturas e armamentos, estamos em contato com o escalão superior para que as próximas aquisições nos contemplem de acordo com a demanda que uma atividade de fronteira necessita.

 

OP: Há algum foco específico de trabalho no 19º BPM ou alguma ação que receba atenção especial?

JN: Nosso foco específico é sempre atender a comunidade, e toda a nossa atenção é disponibilizada para isso. Mesmo nas grandes operações de combate e a crimes transfronteiriços, o que não é o nosso foco, diga-se de passagem, onde a princípio possa parecer que estamos preocupados com crimes que afetam outras regiões ou Estados, é fato que se esses crimes não forem combatidos, essa atividade se tornará cada vez mais lucrativa e atrairá mais grupos criminosos para a nossa região.

 

Comandante do 19º Batalhão da Polícia Militar, major José Novach: “O 19º Batalhão, embora ainda jovem, se compararmos com a história dos 166 anos da Polícia Militar do Paraná, tem demonstrado uma força muito grande”

 

OP: Qual é o tipo de criminalidade que mais preocupa no momento na região?

JN: Nossa prioridade sempre será atender crimes relacionados ao risco à vida e à violação da integridade física do cidadão, mas cada comandante de Destacamento e Companhia é orientado, e isso tem acontecido, a ouvir a comunidade para saber de sua demanda e adequar a atuação da polícia às necessidades da comunidade.

 

OP: Quais os crimes mais comuns atendidos pelas companhias que integram o Batalhão?

JN: Se falarmos em crimes e contravenções, ainda são muito comuns a perturbação de sossego, os furtos e o consumo de entorpecentes.

 

OP: É possível dizer que algum crime realizado em outros tempos hoje foi amenizado/reduzido ou até deixou de acontecer e que há outros que demandam maior atenção atualmente por ocorrerem com maior frequência?

JN: A Polícia Militar, por se tratar de uma Polícia Administrativa, tem como responsabilidade constitucional ser Polícia Ostensiva, devendo com isso atuar na prevenção de crimes. Isto nós fazemos quando trabalhamos de forma rápida e firme no atendimento de uma ocorrência, gerando na comunidade a certeza de que se for preciso estaremos lá, mas, principalmente, antecipando ao cometimento dos crimes das mais diversas formas, seja através de um planejamento para colocar o efetivo em locais onde estão ocorrendo os crimes e capacitando o efetivo para que seja eficiente em sua atuação. Para ser mais específico, dos principais crimes, se compararmos com o ano anterior, o roubo e os furtos tiveram uma redução significativa nos sete primeiros meses do ano, contudo, se falarmos da história, vale lembrar de um crime que já assolou muito a região: o roubo a propriedades rurais para levar veículos e máquinas agrícolas ao Paraguai. Esse tipo de crime diminuiu sensivelmente na região.

 

OP: Alguns anos atrás lideranças rondonenses sugeriram a criação de uma Companhia Independente no município, todavia o assunto não prosperou. Ainda há municípios solicitando a abertura de novas Companhias ou Companhias Independentes? No que isso contribuiria? Qual sua opinião sobre o assunto?

JN: Acho que são demandas justas, e com certeza ainda existem, seja a Companhia Independente de Marechal ou as Companhias de Guaíra e Palotina, que são as atuais demandas na região. Porém, esse tema deve ser tratado junto ao alto escalão da Polícia Militar, até por envolver a reestruturação de área de atuação de outras unidades e até do CRPM, no caso de Guaíra, envolvendo inclusive a contratação de efetivo.

 

OP: Qual o maior desafio em atuar em uma região de fronteira, como a que o BPM está inserido, com municípios próximos do Paraguai?

JN: São inúmeros os desafios, que mudam constantemente, mas acredito que nosso maior desafio é manter o foco do nosso atendimento na comunidade, buscando sempre ouvir e atender a população.

 

OP: Nos últimos tempos tem sido evidenciada a utilização de ferramentas tecnológicas em favor da segurança em todo o Paraná. Como o uso de novas tecnologias tem influenciado positivamente no trabalho da PM na região?

JN: Novas tecnologias sempre são bem-vindas, mas na nossa atividade em primeiro lugar vem sempre a pessoa do policial. Nossa melhor tecnologia ainda é a motivação do policial que atende a população.

 

OP: Os equipamentos utilizados em termos de unidades, viaturas, armamentos, entre outros, são suficientes para que os trabalhos sejam feitos com eficiência? Quais principais dificuldades?

JN: Nossa região tem sido muito bem atendida, mas, é claro, sempre há demandas, por isso estamos diariamente tratando com nosso escalão superior visando subsidiar nossos governantes para que as aquisições atendam nossas necessidades.

 

OP: Qual avaliação o senhor faz hoje da atuação da PM na região do Batalhão e da segurança como um todo, que já foi bem mais tranquila anos atrás?

JN: A segurança pública é caracterizada muito mais pela percepção, isto é, pela sensação de segurança. Se analisarmos os números, veremos que na primeira década desse século alguns municípios da região estavam entre os mais violentos do país, como é o caso de Guaíra. É claro que continuamos tendo problemas e que nossa demanda muda constantemente, no entanto posso dizer, com certeza, que os policiais do 19º Batalhão estão entre os mais eficientes do Estado. Apenas nos primeiros sete meses deste ano nossos policiais efetuaram 1.251 prisões e ou apreensões, das quais boa parte das pessoas não foram presas pela primeira vez ou possuem monitoramento eletrônico.

 

O Presente

 

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