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Municípios Sensação de insegurança

Revolta e tristeza tomam conta dos pecuaristas que tiveram gado furtado em Nova Santa Rosa; prejuízos passam de R$ 20 mil

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

O furto de gado, crime relativamente comum em diversas regiões de Brasil, tira o sossego de produtores rurais e preocupa autoridades do setor de segurança pública.

A prática criminosa costuma acontecer de forma esporádica ao longo do ano, mas, geralmente, a incidência aumenta em meses que antecedem o fim de ano, em virtude das festas e confraternizações, típicas nesse período.

Ao que parece, os casos de roubo e/ou furto a gado em propriedades rurais da região começou mais cedo em 2021, e com o agravante do alto valor da proteína, especialmente a carne bovina.

No último fim de semana, a Polícia Civil de Marechal Cândido Rondon registrou duas situações de furto de novilhas na comarca rondonense.

Ambos os casos aconteceram no município de Nova Santa Rosa, onde seis cabeças de gado foram furtadas pelos ladrões.

O primeiro furto aconteceu na noite da última sexta-feira (15) na propriedade de Roní Schirmer, morador da Linha 1° de Março.

O produtor contou ao O Presente que os ladrões aproveitaram a ausência dele e de sua esposa, que haviam ido à igreja, para cortar a cerca e roubar uma vaca da propriedade. “Provavelmente alguém viu que estávamos na igreja e entraram para levar a novilha”, sugere.

Segundo o agricultor, a família pretende evitar sair de casa e até mesmo as idas à igreja serão repensadas devido à sensação de insegurança que o fato causou. “Vai chegando mais perto o fim de ano e vai acontecer mais. Não dá nem para sair de casa mais, temos que ficar atentos”, ressalta.

 

Audácia

O furto ocorrido na propriedade do seu Roní chama a atenção pela audácia dos ladrões, que carnearam a novilha bem próximo ao sítio e deixaram para trás apenas os membros do animal espalhados pela lavoura. “Dá um remorso muito grande, mas não é isso que vai fazer desanimarmos”, salienta o nova-santa-rosense, triste e indignado com o ocorrido.

Ele pretende aumentar a segurança nas instalações da propriedade para tentar evitar novos crimes semelhantes. “Vou ter que investir em segurança na casa e no estábulo. Instalar portões e sensores para ver se pego esse malandro”, afirma.


Produtor rural Roní Schirmer: “É complicado a gente sair de casa agora sabendo que ao voltar alguém pode ter roubado aquilo que trabalhamos para conseguir” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Foco no gado

A segunda situação de furto aconteceu na propriedade de Nerci Jaime Kurz, na Linha 15 de Dezembro. No local existe um barracão, onde o empresário rural armazena produtos que usa na empresa, que inclusive já foi alvo de ladrões no início deste ano. Na ocasião, o imóvel foi arrombado e diversos itens foram subtraídos.

Dessa vez o foco dos criminosos era mesmo as novilhas que ficavam em uma estrebaria construída ao lado do barracão.

O empresário relata que saiu do local por volta das 18h30 e menos de uma hora depois uma vizinha da propriedade ligou para avisar que haviam novilhas soltas na lavoura. “Quando cheguei me deparei com a cerca cortada e vi que haviam levado as novilhas grandes”, menciona.

No total os ladrões levaram cinco cabeças de gado da propriedade e deixaram outras quatro, possivelmente porque não couberam no veículo usado para levar os animais.

 

Prejuízo, revolta e tristeza

Kurz estima que cada novilha pesava cerca de 170 quilos e o prejuízo, segundo ele, é de aproximadamente R$ 20 mil. “É um sentimento de revolta e tristeza, fora o estresse e desânimo que esse tipo de situação causa”, lamenta.

De acordo com o empresário, no momento do furto os elementos usaram máscaras para dificultar a identificação e mesmo com as imagens das câmeras de segurança do imóvel, devido à pouca luminosidade por conta do horário, não foi possível confirmar as placas dos veículos. “Pela estrutura que montaram e quantidade de carros e motos que aparecem nas imagens, havia bastante gente envolvida”, relata.

Os criminosos usaram um veículo próprio para transportar gado e, conforme o nova-santa-rosense, devem ter planejado o crime dias antes do ocorrido. “No momento que chegou a camionete com a boiadeira eles invadiram e rapidamente tiraram as novilhas. Isso mostra que havia muitas pessoas envolvidas”, sugere.

Apesar da diferença na maneira de levar os animais, o empresário acredita que o furto ocorrido em sua propriedade pode ter sido praticado pela mesma quadrilha que praticou o outro furto de gado na Linha 1° de Março. “Acho que tem alguma ligação, porque eles vieram da mesma direção”, salienta.

Kurz pretende acelerar a construção de um muro que já estava sendo edificado no entorno da propriedade para reforçar o quanto antes a segurança no local. “Vou fazer o muro mais alto, colocar cerca elétrica, câmeras melhores e um cachorro bravo para ver se evita esse tipo de coisa”, pontua.


Empresário Nerci Jaime Kurz: “No momento o desânimo é grande, mas vamos ver se juntamos os cacos para termos força para levantar novamente” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Sem movimentação estranha

A agricultora Ivete Sommerfelt Dockhorn, vizinha da propriedade citada acima, inclusive, foi quem avisou o vizinho sobre as novilhas soltas na lavoura, após o furto.

Segundo ela, no dia do furto ninguém percebeu nenhuma movimentação estranha nas proximidades. “A rua aqui é muito movimentada e não dá para saber quem está mal-intencionado ou não”, ressalta.

Ivete cria gado de leite em sua propriedade e, segundo ela, o recente caso de furto no vizinho serviu para alertar sobre os riscos que muitos proprietários rurais estão expostos. “Estamos mais atentos agora e quando notarmos qualquer coisa estranha, alguém levanta para olhar”, relata.


Produtora rural Ivete Sommerfelt Dockhorn: “Estamos pensando em colocar mais luzes com sensores no pátio para inibir qualquer tentativa de roubo” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Boletins de ocorrência

Os dois roubos de gado ocorridos no fim de semana em Nova Santa Rosa foram registrados na delegacia de Marechal Rondon.

Segundo o delegado da Polícia Civil, Rodrigo Baptista dos Santos, é pequena a incidência desse tipo de delito nos municípios da microrregião.

Com os dois últimos casos o número de crimes dessa natureza sobe para quatro este ano, enquanto que em todo o ano de 2020 foram confeccionados dois boletins de ocorrência na comarca rondonense.

De acordo com o delegado, devido à proximidade entre os dois locais onde aconteceram os crimes, é provável que tenham sido praticados pela mesma quadrilha. “Contudo, não é possível afirmar ainda, tendo em vista que o inquérito policial está em andamento para elucidar esses dois furtos”, menciona.

Santos diz que os ladrões costumam agir geralmente à noite para dificultar a identificação e, assim, obterem êxito na prática criminosa. “O mais comum é acontecer o abate ainda no local e levarem apenas as melhores partes do animal”, salienta.

O delegado destaca a importância do registro da ocorrência junto à delegacia para o devido acompanhamento das ações criminosas dessa natureza. “É fundamental a realização do boletim de ocorrência para conseguirmos mapear as regiões onde esse tipo de crime está ocorrendo, desenvolver as investigações e chegar aos autores”, conclui.


Delegado Rodrigo Baptista dos Santos: “Não é possível relacionar o aumento do número de casos às festas de fim de ano, pois é um crime que acontece esporadicamente em nossa região” (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)


Furtos registrados no fim de semana no interior de Nova Santa Rosa deixaram moradores com sensação de insegurança (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

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