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Policial

Reforço na fronteira

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Deflagrada na última terça-feira (26) pelo Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), após o assassinato do policial militar Thiago da Silva Rego, morto em confronto com criminosos na área rural de Altônia, a Operação Captura já apresenta resultados efetivos em apenas uma semana de execução. Somente no sábado (30) foram abordadas 188 pessoas, 47 carros, três motocicletas, três bares, um veículo recuperado, duas armas apreendidas e quatro pessoas detidas.

Conforme o comandante do BPFron, major André Dorecki, a pretensão é otimizar os recursos de efetivos, viaturas, aeronaves e embarcações, somando às ações de inteligência, permanecendo no terreno diuturnamente, procurando e capturando criminosos, impedindo o cometimento de crimes e prevenindo até mesmo os delitos peculiares em toda a região de fronteira. Para isso, a operação conta com o apoio de diversas instituições e forças de segurança da região, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), de Curitiba, Núcleo Especial de Polícia Marítima (Nepom), da Polícia Federal, além de órgãos policiais do Mato Grosso do Sul e do país vizinho, Paraguai.

A união de esforços está estruturada em um policiamento ininterrupto por terra, em áreas urbanas, rurais, estradas, barrancas, assim como na água e no ar. “Estamos concentrados não somente na captura dos criminosos, autores do homicídio, mas também em aumentar a tranquilidade da região e combater qualquer outro tipo de ilícito que possa vir a ocorrer”, afirma Dorecki.

Ele diz que com o aporte obtido e o reforço no efetivo e viaturas está sendo possível aplicar o policiamento tanto na parte terrestre como na aquática e aérea, contando com aeronaves e embarcações que trabalham no período diurno e noturno. A operação segue sem previsão de término. “Até porque nós sabemos que operações de curta duração não trarão resultados eficazes para a região. Somente com operações que tenham uma média ou longa duração é que vamos conseguir resultados”, ressalta Dorecki.

Segundo o comandante do BPFron, as quadrilhas conseguem se sustentar por alguns dias, mas por um período mais prolongado elas acabam tendo que começar a se arriscar. “E nesse momento vamos estar prontos para efetuarmos as abordagens, prisões e apreensões necessárias”, frisa.

 

POLICIAMENTO REATIVO E PRÓ-ATIVO

Dorecki menciona que a operação é avaliada de duas formas. Uma delas é material, isto é, a atividade de policiamento reativa. “Com essa forma tivemos aproximadamente 200 abordagens de pessoas por dia, principalmente nos fins de semana, apreensões de alguns caminhões com alerta de furto e roubo, alguns veículos adulterados, como motocicletas e carros, apreensões de armas e prisões de alguns elementos”, pontua.

No entanto, também há as ações pró-ativas, isto é, preventivas, aquelas que o Batalhão não consegue mensurar. “Ou seja, enquanto uma viatura ou uma embarcação está em determinado trecho e ali não passa ou não acontece nada de ilegal, nós não conseguimos mensurar, e o resultado vamos ter talvez a médio ou longo prazo, quando se fizer uma comparação dos dados estáticos do índice de criminalidade antes e durante a operação”, explica.

 

ATENÇÃO REDOBRADA

Como o crime que vitimou o policial militar se apresentou de uma forma extremamente violenta, Dorecki diz que há sim uma preocupação maior por parte dos órgãos de segurança para aquela região, até mesmo, segundo ele, por não ser algo comum no Estado. “É claro que estamos concentrando os nossos esforços na região onde essa quadrilha opera, mas não deixamos de atuar nas demais regiões porque sabemos que não são apenas uma ou duas quadrilhas que operam nessa vasta faixa de fronteira”, ressalta.

“Como a própria população pode acompanhar, cotidianamente as forças de segurança da região vêm fazendo operações, sejam elas em pontos já estabelecidos, como a Ponte Internacional da Amizade, como também nas rodovias e no Lago de Itaipu, mas digamos que desse fato calamitoso tiramos a oportunidade para intensificar as ações de segurança na região, que sempre são bem-vindas”, expõe Dorecki.

 

INVESTIGAÇÕES

Questionado sobre novos detalhes acerca das investigações sobre o homicídio do militar, o comandante diz que está sendo iniciado o inquérito policial e que a Polícia Civil tem a sua própria investigação, no entanto prefere não divulgar detalhes que possam atrapalhar os trabalhos.

Contudo, Dorecki destaca que, desde o início, a polícia já trabalha com uma linha de investigação, não sendo possível até o momento o descarte de nenhuma hipótese. “A qualquer momento podem surgir novas provas e evidências e ter que começar a trabalhar com uma outra linha de raciocínio”, menciona, acrescentando: “Por isso, trabalhamos com todas as linhas possíveis para não sermos surpreendidos e conseguirmos uma solução rápida para esse episódio”.

Os veículos encontrados incendiados, sendo um deles com dois corpos carbonizados, além de um boné ensanguentado e pedaços de massa encefálica, estão sendo investigados como tendo ligação com o homicídio. No entanto, outras linhas de investigação podem descartar essa participação dos elementos ou dos veículos no crime. “Dependemos agora da perícia para, após a identificação desses dois corpos, tentar estabelecer se há ou não uma ligação com os autores do homicídio. A princípio, todos esses episódios, até mesmo pela data e proximidade do local em que ocorreram, estão sendo avaliados de forma interligada. Posteriormente, com os exames periciais e as investigações, nós poderemos talvez descartar a ligação de alguns desses fatos com o crime em si”, relata Dorecki.

A hipótese de os militares terem sofrido uma emboscada já foi descartada pela polícia. “Até mesmo pelo cenário que foi encontrado no local do confronto, que leva a crer que a situação não seria uma emboscada, mas sim algo inesperado por ambos os lados”, declara o comandante.

 

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA

Uma das hipóteses mais concretas do que teria motivado o homicídio, de acordo o comandante, seria realmente a possibilidade de a equipe ter cruzado com a quadrilha extremamente violenta, por uma ocasionalidade e não que estivesse na linha de investigação.

Além disso, ele não descarta que por trás do crime esteja uma associação criminosa. “Nós sabemos que na região existem algumas organizações e cada uma dentro de um nível de atuação específico, sendo umas mais ou menos violentas, como também propícias ao embate com a polícia”, enaltece, acrescentando: “Se trabalharmos com a possibilidade de uma quadrilha, por exemplo, podem haver pessoas indiretamente envolvidas, que não tenham participado do confronto, mas que tenham, de certa forma, algum tipo de envolvimento”.

Dorecki ressalta que caso a polícia chegue à conclusão de que exista essa participação, todas as forças de segurança vão buscar saber do envolvimento destes criminosos não somente na morte do policial militar, mas também em quaisquer outros crimes que estejam acontecendo na região. 

O comandante ainda diz ser possível, através das investigações, relacionar várias pessoas que tenham ou não algum tipo de envolvimento com o crime. “Contudo, somente ao final de todas a investigações poderemos afirmar algo, até porque novos fatos poderão surgir nesse desenrolar e então, quem sabe, teremos definitivamente uma afirmação de quem são as pessoas envolvidas com esse episódio”, finaliza.

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