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Dom João Carlos Seneme

A fidelidade de Deus dura para sempre

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Estamos às vésperas de celebrar o nascimento de Nosso Salvador. Para este dia nos preparamos durante quatro semanas, um grande retiro de expectativa, vigilância, oração, leitura da Palavra de Deus, encontro dos grupos de família para fortalecer rezar e fortalecer nossa pertença à comunidade cristã.

O evangelho deste domingo (Mt 1, 18-24) nos coloca no interior do grande mistério da encarnação de Jesus, a comunicação entre o céu e a terra. O evangelho relata o anúncio da gravidez de Maria Santíssima por ação do Espírito Santo, enfatizando, de modo especial, a vocação e missão de São José. No evangelho de São Lucas o anúncio é feito diretamente a Maria. O evangelista São Mateus revela em sonho a José a gravidez de Maria por obra do Espírito Santo e o convida a participar do projeto salvador de Deus. Ele recebe as informações necessárias: José é da linhagem de Davi, a gravidez de Maria é fruto do Espírito Santo, o menino se chamará Jesus (= Deus salva), tudo é projeto de Deus e ele será o Emanuel, Deus conosco. Da parte de José não há dúvidas, ele acolhe e assume a missão que lhe é confiada por Deus e se torna pai de Jesus. Naquele momento, Maria e José, consagram-se a Deus e ao seu projeto salvador. Não é uma atitude de simples conformidade, mas de plena atividade colocando tudo de si a serviço da salvação da humanidade que será realizada por Jesus Cristo.

Através de Jesus, Deus intervém definitivamente na história, que muitas vezes, graças à humanidade se torna uma história de sofrimento e dor porém Deus, na sua fidelidade, manifesta que Ele caminha com seu povo. O Deus que se manifesta em Jesus será misericordioso, é Ele que salvará a humanidade das dores do pecado e da morte: “Jesus salvará o seu povo dos seus pecados”. A missão de Jesus é reconduzir a humanidade a Deus, reconstituir os seus filhos na plenitude de Deus. Onde o ser humano está dilacerado, Deus se manifestará como salvação.

Emanuel, Deus conosco, recorda que Deus está próximo de um povo rebelde e pecador. É uma promessa de consolação e um convite a todos que duvidam da presença de Deus. Uma promessa de consolação porque Ele afirma que, nos momentos felizes e nas derrotas, no pecado e na fidelidade, na vida e na morte… Deus será sempre Deus com a humanidade, Deus para a humanidade. O Natal é um convite para os cristãos distraídos, que não conseguem ler os sinais divina nos acontecimentos. Se Jesus é o sinal que Deus escolheu para estar no meio da humanidade, então devemos reaprender a ler a nossa história, com seu sucesso e derrotas à luz desta verdade fundamental: Deus é fiel e não se arrepender de renovar sua aliança conosco.

O nascimento de Jesus está aí diante de nossos olhos, apesar de tudo. Deus nasce mais uma vez e se faz um de nós para nos ensinar a ser humanos. Para Deus não existem barreiras que limitem o seu agir. Por isso o convite que Ele nos faz no Natal é contemplar o seu mistério. Não entendemos o Natal se não sabemos fazer silêncio em nosso coração, abrir nossa alma ao mistério de um Deus que se aproxima de nós, acolher a vida que Ele nos oferece e saborear a festa da chegada de um Deus Amigo. Entrar no mistério de Deus-menino é aceitar a proximidade de Deus e se deixar atrair por sua ternura.

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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