Dom João Carlos Seneme
A força redentora de Cristo purifica nossos corações
Neste fim de semana, retomamos o Evangelho de São Marcos que nos revela quem é Jesus. O texto do Evangelho nos apresenta Jesus em um confronto sério com os fariseus e os escribas devido ao fato de Jesus e seus discípulos não seguiram à risca as normas da Lei em relação à purificação ritual. Os fariseus (=puros) faziam parte de um grupo religioso que observavam estritamente os mínimos detalhes da Lei judaica, eram apegados às tradições e aos costumes dos antepassados e inflexíveis no cumprimento das normas. Destacavam-se por ser um grupo fechado e constantemente entravam em conflito com Jesus e seus discípulos. Julgavam duramente aqueles que não faziam parte do seu grupo ou que eram considerados impuros.
Jesus não quer abolir as normas e os costumes que sua religião foi estabelecendo ao longo dos anos. Sua intenção é chamar a atenção para que a religião não seja restrita ao cumprimento de normas, mas que ela converta os corações e seja instrumento de inclusão e fraternidade. Jesus traz uma novidade profunda para dar mais sentido as práticas religiosas do seu tempo. Jesus desloca todo o sentido da Lei do exterior para o interior, dos lábios para o coração, de fora do homem para dentro dele. Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem (Mc 7,21-23). Na linguagem bíblica o coração é o lugar da decisão.
Jesus se aproxima particularmente dos excluídos e considerados impuros diante da Lei e traz alívio aos aflitos e sobrecarregados revelando sua compaixão e misericórdia. Ele ensina a viver a religião autêntica conforme a vontade do Pai; ela deve ser testemunhada no amor fraterno. O verdadeiro culto leva ao encontro com o Senhor e faz experimentar a alegria da salvação. As palavras do profeta Isaías – este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim – são um apelo para renovar o compromisso diário com o Senhor e sua Palavra.
Por isso o ouvido do discípulo deve estar atento à escuta da Palavra para conhecer a vontade de Deus. Como continuadores da missão de Jesus, que entregou a vida por amor, nossas práticas religiosas devem nos conduzir a Deus e aos irmãos. O verdadeiro discípulo missionário é atento aos ensinamentos de Deus e da Igreja e busca viver a vida como evangelizador estendendo a mão aos mais necessitados e frágeis.
Este domingo é o Dia Nacional dos Catequistas, mulheres e homens, servidores das comunidades, que vivem com alegria o seu batismo e, movidos pela fé, esperança e caridade, se dedicam a evangelizar. O Concílio Vaticano II diz: É digno de elogio aquele exército com tantos méritos, o exército dos catequistas, homens e mulheres, que, cheios do espírito apostólico, prestam com grandes trabalhos uma ajuda singular e absolutamente necessária à expansão da fé e da Igreja (Decreto Ad Gentes, n. 17). Obrigado, queridos catequistas, pelo bem que fazem em nossa Diocese. Deus os abençoe!
* O autor é bispo da Diocese de Toledo