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Dom João Carlos Seneme

Elas tomaram suas lâmpadas e entraram para a festa de casamento

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Estamos próximos do final do Ano Litúrgico, que terminará no dia 25 de novembro. As leituras desses últimos domingos nos convidam a fazer uma avaliação do ano enquanto fiéis discípulos do Senhor. Para isso, nestes três últimos domingos do ano (32º, 33º e 34º), são lidas três parábolas que se complementam: as dez virgens, os talentos, o Juízo Final. Estas parábolas só são encontradas no Evangelho de Mateus, que as acrescenta com um propósito muito específico: nos encorajar a levar a vida muito a sério.

A parábola das dez virgens (Mt 25,1-13) dá especial importância ao óleo para as lâmpadas como uma imagem da fé, do fervor, das boas obras das quais devemos estar providos quando chegar o esposo, Cristo.

As virgens imprevidentes não se importam com o óleo. A parábola ressalta que o importante é estar preparado agora e não esperar até um momento que seja tarde demais. Podemos usar a imagem de dez estudantes universitários que estão se aproximando do final do curso. Cinco estudaram ao longo do ano, frequentaram as aulas, tomaram notas, se dedicaram ao estudo. Os outros cinco viveram o ano sem muito compromisso com os estudos, viveram o momento. Na hora exame pedem aos primeiros que lhes dêem as respostas. Os outros recusam, é claro. A prova final deve ser feita por cada um individualmente, naquele justo momento e não dever ser improvisada nem copiada.

De qualquer forma, as interpretações e os exemplos podem ser muitos e se complementam. Se dissermos: “O importante é estar preparado”, em que consiste a preparação? Levar vasilhas de óleo com mais óleo, preparados para o encontro, que pode ser em momento inesperado. E o que é o óleo? Mateus deixará claro em dois domingos, na parábola do julgamento final, que o óleo com o qual devemos ser abastecidos são as boas obras: alimentar os famintos, saciar os sedentos, vestir os nus, e assim por diante.

A primeira leitura, tirada do livro da Sabedoria (Sb 6,12-16), oferece uma perspectiva muito interessante que se aproxima da sensatez das virgens prudentes. Na leitura, a sabedoria não é algo intelectual ou um conjunto de conhecimentos. Trata-se de uma pessoa a quem se ama, se busca e se encontra; ela está sentada a nossa porta nos esperando. Os primeiros cristãos aplicaram essa imagem personalizada da sabedoria à pessoa de Jesus, sabedoria de Deus.

Desse modo, a parábola adquire um sentido novo. Como podemos estar preparados? Em que consiste a vigilância? Consiste em estar em contato com Jesus, pensar n’Ele, falar com Ele, desejar ardente se encontrar com Ele. Para que não aconteça conosco o que disse o noivo às cinco virgens imprudentes: “Não vos conheço”. A amizade com Jesus e a capacidade de dialogar com Ele não pode ser improvisada. Temos que exercitá-las todos os dias para poder desfrutar o banquete das bodas. Não podemos esquecer que o segundo mandamento: “Amar o próximo como a ti mesmo” é equivalente ao primeiro: “Amar a Deus sobre todas as coisas”: o amor e a preocupação com o próximo não podem ser deixados para o último momento.

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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