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Dom João Carlos Seneme

Em Cristo somos novas criaturas

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Neste 6º Domingo de Páscoa (Jo 14,15-21), com a próxima partida definitiva de Jesus, o Espírito é colocado em evidência: ele é o criador, a testemunha, o advogado, o companheiro de viagem. A leitura dos Atos (At 8) testemunha a presença do Espírito nos momentos cruciais da história da Igreja. O Evangelho chama a atenção sobre a sua função de consolador no caminho dos discípulos. Onde está o Espírito, ali está o sopro de vida.

Jesus continua no cenáculo com seus discípulos celebrando a Páscoa dos judeus; ali Ele faz a sua despedida e deixa o seu testamento: “Amai uns aos outros com eu vos amei”.

Nós também somos convidados a sentar à mesa com Jesus para receber o seu mandamento e entrar junto com Ele na sua Paixão e Ressurreição. Os discípulos irão vivenciar a experiência de orfandade: sem pai e sem raízes, sem estabilidade nem segurança.

Neste contexto ressoa a promessa da presença constante de Jesus através do envio do Paráclito: “Eu rogarei ao Pai e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco”.

A separação da pessoa amada pode dar oportunidade para criar compensações e substituições, por isso Jesus recomenda insistentemente: “Se me amais, guardarei os meus mandamentos”.

Amar e guardar os mandamentos são duas maneiras de manifestar a pertença, porque realizar o desejo da pessoa amada é manter a comunhão. A observância dos mandamentos de Jesus, resumidos no novo mandamento do amor, é o testemunho verdadeiro de que Jesus está conosco e nós estamos com Ele.

O amor a Jesus se manifesta no amor aos irmãos. Este é o mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. É a nossa identidade como discípulos missionários.

O amor a Jesus nos coloca diretamente relacionados à observância dos seus mandamentos: se não há observância dos mandamentos, significa que não amamos Jesus. O dom do Espírito Santo, da parte do Pai, é fruto deste amor e sua observância: amor e obediência.

Agora é momento de nos perguntar: e nós o que fazemos? Por que continuamos a agir, a caminhar sem esperança?

A vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes provoca em nós um renascimento; aprendemos a recorrer sempre ao Espírito Paráclito, aquele que vem em nosso socorro, nos defende, nos consola. Muitas vezes, buscamos em tantos lugares e descobrimos que não somos felizes e muito menos livres: riquezas, prazeres, poderes. Coisas que garantem conforto momentâneo e passageiro.

Só Deus pode nos garantir a felicidade eterna, ela é dom para quem crê e molda sua vida no seguimento de Jesus Cristo, animado pela vida nova, dom do Espírito Santo.

Estamos prestes a celebrar a Ascensão do Senhor e Pentecostes (nos próximos domingos). Vamos transformar estes dias em uma preparação humilde e sincera, lendo, cada dia, uma pequena passagem nos capítulos 14-17 do Evangelho de São João. O capítulo 17, em particular, uma longa oração que Jesus faz ao Pai em nome dos discípulos pode nos dar boas razões para reafirmar nossa confiança: a oração de Jesus é o fundamento da nossa esperança.

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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