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Dom João Carlos Seneme

Sagrada Família de Nazaré: abençoa nossas famílias

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No primeiro domingo depois do Natal, a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família. Somos surpreendidos pelo mistério de Deus na humilde e simples família de Nazaré. Ali tudo é vivido tendo Deus como centro de suas vidas. A família de Nazaré é colocada como inspiração para nossas famílias. Hoje podemos celebrar e aprofundar aquilo que pode ser um projeto familiar entendido e vivido a partir do espírito de Jesus.

O relato da viagem de Maria, José e Jesus a Jerusalém em uma peregrinação da festa da Páscoa quer colocar Jesus no templo, a casa de seu Pai, onde pronunciará suas primeiras palavras registradas no evangelho de São Lucas: “Não sabeis que devo estar na casa do meu Pai?”. São palavras que revelam a missão e a identidade de Jesus e, ao mesmo tempo, ajudam a igreja, através de Maria, a compreender a dinâmica da fé. Jesus revela a sua relação com o Pai, a sua missão e o lugar de seus pais, Maria e José. Será um gesto profético que indicará o que acontecerá com Jesus. Depois desta revelação, Jesus retorna com os pais a Nazaré e lhes era obediente.

A fé de Maria, como também a dos discípulos e da igreja, é uma viagem, uma contínua atenção aos gestos de Jesus que se revela sempre em contraste com a visão de Messias que todos esperavam.

A família de Nazaré é uma família unida e solidária, que não hesita em enfrentar os perigos do deserto e as incomodidades do exílio numa terra estrangeira, quando um dos membros corre riscos. A família de Nazaré manifesta o amor que supera todos o egoísmo e que se faz dom ao outro. É uma família que escuta a Palavra de Deus, que está atenta aos sinais de Deus e que procura cumprir à risca os projetos de Deus.

A Sagrada Família se torna um modelo para todas as famílias porque vive um relacionamento de amor não fechado em si mesmo, mas voltado para Deus e para os outros. Todos os membros estão envolvidos no mistério de Deus: reconhecem o próprio limite e se abrem a Deus e assim se doam aos demais. Não estão fechados em si mesmos, mas descobrem que o amor os coloca em uma atitude de serviço onde não há conquista, mas acolhida, ninguém vence o outro a todo custo, mas se doa na gratuidade. Entre Maria e José, de um lado, e Jesus, do outro, há um templo que não os divide nem mesmo enfraquece o afeto, mas o torna mais profundo e livre.

Desde o início a família de Jesus foi marcada pelo compromisso e adesão ao projeto de Deus. Eles aceitaram participar do plano de salvação. José recebe um anjo em sonho e toma a decisão de acompanhar Maria e Jesus em tudo. Maria adere ao plano de Deus quando diz “eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim a tua vontade”. É no relacionamento verdadeiro com Deus que nascem as decisões mais importantes de nossa vida.

Rejeitar a família é rejeitar o projeto de Deus que quis nascer numa família. A família é o lugar da estruturação do ser humano. É o lugar do amor dado e recebido entre os seres que decidiram viver juntos e os filhos são o dom da vida.

Este é o último domingo do ano, momento propício para descobrir as milhares de razões que temos para louvar a Deus e agradecer-lhe pelos dons que recebemos. Em nossa oração vamos recordar os que sofrem e peçamos que Deus nos faça instrumentos de paz e fraternidade.

Feliz Ano Novo.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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