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Marechal Esquecidos no tempo

Apidemar busca manter acesa a chama do pioneirismo rondonense

Ainda que uma lei municipal lembre o Dia do Pioneiro em Marechal Rondon, celebrado em 07 de março, entidade que promove encontros para preservar costumes e debater assuntos relacionados aos pioneiros teme que a importância dos colonizadores seja esquecida pelas novas gerações

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Ao som da serra e do machado, Três homens hastearam uma Bandeira, Futuro viram em todo lado, E apostaram uma vida inteira”. Os versos de Levi Gomes e José Carlos Mello, que acompanham as notas entoadas por Willy Carlos Trentini no hino de Marechal Cândido Rondon, retratam o cenário da década de 1950.

Em 07 de março daquele ano, Oswaldo Heinrich, Antônio Rockembach e Erich Ritscher começaram a fazer a derrubada do mato. A clareira para a construção dos primeiros barracões que receberiam os moradores, vindos principalmente do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, começou a ser aberta na região do Hotel Avenida e da Delegacia de Polícia, onde hoje é a cadeia pública – um local estratégico por ser próximo às águas do Arroio Borboleta.

A derrubada do mato seguiu em direção ao Hospital Filadélfia, formando um quadrado até a Avenida Maripá e o Hospital Marechal Rondon, voltando para o ponto de partida. Ali, naquele espaço roçado, estabelecia-se o que, no futuro, seria o centro de Marechal Cândido Rondon.

A última quarta-feira (07) foi novamente para celebrar o Dia do Pioneiro, instituído pela lei municipal n° 3.466/2003. Apesar de ser reconhecido pela legislação, no entanto, a cada dia, a chama do pioneirismo tem se apagado entre os moradores da antiga Vila Flora. “Essa chama tem se apagado dentro das próprias famílias pioneiras, filhos dos primeiros moradores e descendentes. Há um esquecimento da sociedade rondonense como um todo sobre quem efetivamente fez parte do início do desenvolvimento de Marechal Cândido Rondon”, diz a presidente da Associação de Pioneiros e Desbravadores do município (Apidemar), Ilga Schneider.

Desde 2002, a entidade atua no município de forma a preservar os hábitos e costumes das primeiras famílias rondonenses, promovendo encontros para discussão de assuntos relacionados aos colonizadores. No entanto, apesar de o primeiro encontro ter iniciado com a participação e cadastramento de 750 pioneiros e descendentes, atualmente a entidade conta com aproximadamente 160 membros. “Com o passar dos anos, muitos dos pioneiros foram falecendo e seus filhos e demais familiares não tiveram o interesse em continuar atuando junto à associação para manter a história dos pioneiros da nossa cidade viva”, menciona.

Por outro lado, pontua a conselheira fiscal da entidade, Udilma Lins Weirich, há uma necessidade de a comunidade rondonense ter outro olhar para aqueles que começaram a construir o município. “Não basta apenas parabenizar pelo Dia do Pioneiro. É preciso lembrar constantemente que se a nossa cidade existe hoje é porque no passado um grupo de pessoas chegou aqui e começou a desbravar uma terra até então desconhecida. Elas tiveram muita dificuldade no início, porém, fi zeram a cidade se desenvolver de forma surpreendente, tanto é que em apenas dez anos Marechal Rondon já estava emancipada”, observa.

 

Um marco para Marechal

Na visão das representantes da Apidemar, os pioneiros do município estão sendo esquecidos tanto pela sociedade quanto pelo próprio Poder Público, a começar pelo marco da colonização.

O Bosque dos Pioneiros, localizado na Rua Minas Gerais, no ponto em que a derrubada do mato e a construção dos primeiros ranchos iniciou em 1950, está abandonado desde a sua inauguração, em 2010.

A presidente da entidade explica que o espaço está tomado pelo mato e, apesar das solicitações constantes para a prefeitura, a manutenção não é feita com a frequência necessária. “A entidade não tem obrigação de zelar por aquele espaço porque, acima de tudo, não temos a sessão de uso do terreno, então nós não podemos fazer a limpeza do espaço por ser uma área do município”, destaca.

Em encontro realizado na terça-feira (06) com o prefeito em exercício, Ilario Hofstaetter (Ila), Ilga conta que foram feitas diversas solicitações ao Poder Público rondonense para que, além de preservar a área, com a limpeza do matagal que já está próximo da placa que identifica o Bosque dos Pioneiros, seja construída uma estrutura que permita aos rondonenses frequentar o bosque e conhecer o local em que a cidade iniciou.

“Nosso pedido, desde que o bosque foi feito, é de que a Apidemar tenha a sessão de uso da área e novamente pedimos. Além disso, colocamos a ele a nossa sugestão de que seja feita, após a limpeza do lote, uma academia ao ar livre, com calçamento em paver, alguns bancos e bebedouro, permitindo que todas as pessoas usufruam deste espaço e conheçam um pouco mais sobre a história de Marechal Rondon, de forma que os nossos pioneiros não sejam esquecidos”, enfatiza.

Conselheira fiscal da Apidemar, Udilma Lins Weirich, e a presidente da entidade, Ilga Schneider: preocupação é que a entidade, a história e a relevância dos pioneiros de Marechal Cândido Rondon sejam esquecidas pela falta de envolvimento da sociedade com a causa. (Foto: Mirely Weirich/OP)

 

 

 

Confira essa matéria na íntegra em nossa edição impressa desta sexta-feira (09).

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