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Marechal Alta de 10%

Plantas se popularizam durante a pandemia e vendas em floriculturas aumentam em Marechal Rondon

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(Foto: Bruno de Souza/OP)

Plantas, flores e folhagens viram sua popularidade crescer durante a pandemia. Antes da Covid-19, muitos já tiravam proveito dos benefícios de cultivar e ter em casa suas próprias plantinhas. Agora, contudo, elas marcam presença na casa de muito mais pessoas, trazendo aconchego para o ambiente e satisfação para quem as cultiva.

Além dos “pais e mães” de plantas, o mercado que cultiva e revende também se beneficiou do momento. Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura, o setor de flores e plantas fechou o primeiro ano da pandemia com uma alta de 10% nas vendas em todo o país, lideradas pelas plantas ornamentais e plantas em vasos.

 

Aumento gradativo

O “boom” no setor também foi registrado em municípios menores, como é o caso de Marechal Cândido Rondon. A empresa Flora Paraná está há 22 anos no mercado e constatou a mudança de ares advinda da pandemia. O sócio-proprietário Jonathan de Souza Oliveira relata que a alta foi percebida principalmente em 2020, aliado ao período de adaptação da sociedade às medidas restritivas ao coronavírus. Ele ressalta que, neste ano, a produção enfrentou dificuldades com a seca e o frio, o que pode ter prejudicado o bom momento.

“No ano passado, tivemos um aumento gradativo. O pessoal investiu mais em plantas ornamentais e até em pedras. Como não era possível viajar e fazer festas, as pessoas investiram mais nas suas próprias casas”, considera, pontuando que a procura geralmente acontece pelas plantas mais baratas e com cuidados simples: “Podocarpo, buchinho e moreia são plantas mais fáceis de cuidar e mais baratas. Algumas palmeiras, um pouco mais caras, têm alguma saída maior também, assim como rabo de raposa e palmeira fênix”.

 

Plantinhas como hobby

O rondonense menciona que até na construção civil houve maior apreço pela jardinagem. “Muita gente não gastava com plantas e começou a comprar na pandemia, principalmente quem constrói casas para vender. Antigamente, as casas eram vendidas com, no máximo, a grama plantada e agora fazem jardim, deixando a casa mais completa”, expõe.

No que diz respeito aos novos entusiastas do mundo das plantas, Oliveira comenta que as preferidas são as suculentas, rosas do deserto, bambu da sorte e plantas menores. “São plantas menores que respondem bem aos cuidados. Você cuida para ter uma recompensa e ela te retribui com flores, com uma planta saudável. Há variedades diferentes e dá para fazer coleção. As plantinhas passam a ser um hobby”, enaltece, pontuando que, se houver um espaço maior para abrigar a planta, plantas maiores conseguem se destacar e aparecer, trazendo um visual diferente para a propriedade.

Sócio-proprietário da Flora Paraná, Jonathan de Souza Oliveira: “Você cuida a planta para ter uma recompensa e ela te retribui com flores. Há variedades diferentes e dá para fazer coleção. As plantinhas passam a ser um hobby” (Foto: Divulgação)

 

Público consumidor

Se antigamente o cultivo de plantas era algo relacionado às mulheres, o empresário assegura que hoje isso já mudou bastante. “Atualmente, muitos homens nos procuram. Porém, há uma mudança no que cada um procura. Homens buscam árvores frutíferas e de sombra, enquanto as mulheres procuram mais por flores. Percebemos também um público mais jovem comprando conosco”, conta.

Na Jo Floricultura, a mudança do perfil de público seguiu os mesmos parâmetros. “Antes da pandemia atendíamos mulheres acima de 40 anos, mas a clientela mudou. A maioria segue sendo feminina, mas o número de homens que compram flores, principalmente para presentear, aumentou. A faixa etária atendida caiu também, desde 20 anos até idosos”, detalha ao O Presente a sócia-proprietária, Carla Diehl Gruber, emendando que, assim como o público, mudaram os produtos procurados.

 

Mudanças para o bem

A empresa completa neste mês 25 anos de mercado e, conforme Carla, a pandemia foi um momento decisivo para o negócio, aliando adaptação a oportunidades de crescer no ramo. “As redes sociais demonstraram esse interesse maior das pessoas por terem plantas em casa, seja para transformar seus lares em um local mais aconchegante ou como alternativa para ocupar o dia a dia. Nós embarcamos nessa onda e repensamos nossos produtos, o que se tornou uma necessidade”, relembra.

Nessa onda, as plantas que se popularizaram na empresa foram as folhagens, principalmente as pendentes, indicadas para serem penduradas em ambientes internos, como as jiboias. “Até então esses produtos não tinham um giro tão alto na loja. Nos dois ou três meses da pandemia foi tranquilo encontrar essas plantas com nossos fornecedores, mas a procura era geral e fez os preços subirem e as plantas ficaram escassas”, relata.

Sócia-proprietária da Jo Floricultura, Carla Diehl Gruber: “As redes sociais demonstraram esse interesse maior das pessoas por terem plantas em casa. Nós embarcamos nessa onda e repensamos nos-sos produtos, o que se tornou uma necessidade” (Foto: Divulgação)

 

Novos produtos

Ela menciona que as flores de corte, com saída majoritária em eventos, viram os preços diminuírem, porque havia uma sobra muito grande. “Aproveitamos e passamos a ofertar buquês diferentes, coisas que não víamos na cidade. Por conseguir resfriar e ter durabilidade de duas a três semanas, esse novo produto deu bastante certo”, ressalta.
Segundo a empresária, a assinatura floral foi outra inovação. “É um plano de recebimento de flores. O cliente assina um pacote quinzenal ou semanal, de diferentes tamanhos, e nós fazemos a entrega”, comenta.

A aceitabilidade do produto foi boa, garante Carla. “A flor entrou no contexto de trazer esse aconchego para o lar, tornar o ambiente mais agradável, com vida e esperança. No mesmo sentido, o ato de presentear com flores tornou-se mais frequente. As flores carregam seu lado medicinal, posto que purificam o ar e ajudam a eliminar toxinas. Além do sentimento agradável que a planta traz, tem essa maior qualidade de vida. É um bem-estar emocional e físico”, enfatiza.

Com tantas vantagens, a rondonense indica o bambu da sorte, lança ou espada de São Jorge e a zamioculca, popular Zazá, como plantas ideiais para quem deseja pegar gosto pela jardinagem.

 

Geração em geração

A rondonense Tatiane da Silva da Mota é uma das pessoas que não vive sem o verde: em casa, no jardim e no trabalho. Adepta da assinatura floral, ela conta os dias para receber seu pacote de flores toda semana. “Assim eu garanto flores para a semana toda e as utilizo para alegrar um cantinho de afeto da minha casa, mas sempre troco de lugar. Às vezes uso na sala de jantar, outras no quarto e até nos meus chimarrões”, relata, pontuando que virou até uma marca registrada: “A Tati dos chimarrões floridos”, brinca.

Com a chegada da pandemia, Tati priorizou ainda mais o verde em sua vida, pois, de acordo com a rondonense, “essas pequenas coisas fazem com que a vida seja mais leve, colorida e mais doce”.

Ela também é adepta das orquídeas e está sempre renovando seus modelos. “Quando floridas, as deixo no meu local de trabalho. Depois, repasso para minha mãe que as cultiva. Lá elas floram de novo”, expõe.

Rondonense Tatiane da Silva da Mota é uma das pessoas que não vive sem flores: da casa ao ambiente de trabalho, até seus chimarrões são floridos 

 

Venda em orquidários muda de rumo

Com vendas ancoradas majoritariamente em feiras, que foram suspensas devido às restrições da Covid-19 no início da pandemia, muitos orquidários adentraram ao período pandêmico com poucas expectativas. Felizmente, a surpresa foi positiva.

O empresário rondonense Vandir Hoffmann, do Orquidário Esplendor, diz que no começo a incerteza foi grande. “Não sabíamos que rumo os negócios tomariam. As feiras pararam e foi uma grande preocupação. Se a entrada de dinheiro da empresa vinha majoritariamente pelas feiras, como iríamos sobreviver?”, relembra.

Passados alguns meses de 2020, a demanda começou a aumentar repentinamente. “Clientes do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina que pediam poucas plantas passaram a pedir mais. Pouco depois, as vendas para outros países também expandiram”, relata.

 

 

Foco de vendas

Segundo ele, não necessariamente o negócio cresceu, mas houve uma mudança brusca no tipo de clientes. “As feiras davam lucro, mas também geravam muitas despesas entre deslocamento, hora-extra para funcionário e essas coisas.

É um trabalho complexo selecionar, encaixotar, colocar plástico e carregar caminhão. Eram cerca de dez dias com quatro ou cinco funcionários para montar uma feira e depois, no local da feira, a trabalheira se repete. O foco de vendas mudou drasticamente. Antes eram as feiras que sustentavam o empreendimento e hoje são os clientes de revenda e atacado”, expõe.

Uma das motivações para o aumento nas vendas, na opinião do empresário, é a maior permanência das pessoas em casa. “Estou no ramo há 30 anos e talvez as pessoas tenham compreendido essa beleza, aprenderam a apreciar mais as orquídeas nesse período”, pontua.

 

Processo a longo prazo

Ao passo que outros setores da economia sentiram dificuldades para produzir na pandemia, Hoffmann afirma que a produção de orquídeas não foi impactada. “Na orquídea é tudo a longo prazo. Se causar algum impacto, ainda está por vir. Por exemplo, se alguém pede 100 mil mudas até entregar vai uns dois anos e meio”, exemplifica, contando como acontece a produção: “Faço o cruzamento e a maioria das cápsulas leva nove meses para amadurecer. Daí elas são mandadas ao laboratório, onde ficam mais um ano e meio. Se passaram dois anos, pelo menos, e as plantas vêm para cá para serem climatizadas. Se forem plantas na bandeja leva uns dois anos e meio e se for em vasinhos individuais leva cerca de três anos”.

O empresário comenta que não é possível elaborar uma média de produção, haja vista os longos processos. “Há meses em que chegam do laboratório mil vidros cada um com 40 mudas, com possibilidade de chegar a 80. Por outro lado, passam dois ou três meses sem vir nenhum vidro. É uma coisa muito variada”, explica, emendando que a maior parte da produção é de híbridos de catleia.

Proprietário do Orquidário Esplendor, Vandir Hoffmann: “Na orquídea é tudo a longo prazo. Se causar algum impacto, ainda está por vir. Por exemplo, se alguém pede 100 mil mudas até entregar vai uns dois anos e meio”

 

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