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Silvana Nardello Nasihgil

Amor vivido no “endereço” errado incomoda

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Um dia a gente descobre que tudo tem a medida certa, nada de menos faz sentido e tudo o que é demais sufoca.

Então vem a pergunta: existe amar e esse amor não fazer sentido? Sim, existe amor sem sentido quando se ama quem não deseja ser amado, quem está longe de partilhar do mesmo sentir. O amor vivido no “endereço” errado incomoda, fica chato e se torna um estorvo, perdendo toda a razão para existir.

O amor precisa de reciprocidade para poder ser um sentimento bom; só assim a sua grandeza encontra o encaixe perfeito.

Amar sem ser amado(a) faz com que o amor seja um peso, perdendo o brilho, o valor, e o sentimento mais lindo e nobre deixa de ser o ápice de todo o sentir e se torna um peso, uma amarra e uma grande dor.

Mesmo cantado em verso e prosa que o amor de verdade não conhece medidas, que o amor de verdade dá de si sem esperar retribuição, que o amor de verdade se importa, cuida, se entrega, mesmo com tudo o que ouvimos falar sobre o amor, o amor não pode ser um sentimento unilateral, que nos cega e rouba o melhor de nós. Precisamos estar atentos a quem dedicamos o que temos de melhor, porque existe muita gente que não merece. Mesmo que não tenha a obrigação de nos amar, não sabe lidar com as sutilezas do sentir, não sabe respeitar o sentimento do outro, podendo ferir de um jeito muito doido um coração, deixando rastros que demorarão para serem curados.

Na falta de compreensão daquele que não ama, de que o amor não acontece por mágica, mas que ele foi conquistado por ter sido permitido conquistar, nesse processo deveria existir mais responsabilidade emocional, o respeito por quem está com o coração tomado de amor e sem forças para desapegar. Mas isso raramente acontece, então é preciso saber quando é hora de partir. Arrumar as malas do coração, comprar uma passagem para um cantinho seguro, aonde seja possível desembarcar sem medos, desarrumar as malas, estirar o corpo e a alma, respirar fundo, olhar para dentro de si e dizer: aqui dentro ainda existe alguém que se ama, e mesmo com dificuldade vai aprender que antes de amar alguém precisa se amar verdadeiramente e sem medidas. Afinal, quando todo mundo se for, restará a gente com a gente mesmo!

Porque quanto mais nos amamos, menos ficaremos reféns dos outros esperando que façam o “favor” de nos amar, porque o amor que queremos precisa começar dentro de nós.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

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