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Silvana Nardello Nasihgil

Vocês acham que o celular pode acabar com um casamento?

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Uma perguntinha básica: vocês acham que o celular pode acabar com um casamento?

Bem, temos de convir que o celular é a porta de entrada nas nossas vidas para a maioria daquilo que vivemos hoje. Essa nova geração, os com menos de 30 anos, sequer conseguem imaginar que a geração anterior conseguia ser feliz sem ser escravo de uma tela e as infindáveis informações.

Mas posso lhes garantir que emocionalmente a geração anterior era muito mais saudável em todos os aspectos. O tempo era usado com qualidade, conversas, atenção e cuidados; havia um papel importante nas relações.

Hoje o que vemos são pessoas “grudadas” em uma tela o tempo todo, da hora que acordam à hora que vão dormir. O último boa noite normalmente é para quem não podem ver.

Aqui entram os perigos, perigos embalados em diversão, em passatempo, onde podemos nos mostrar do jeito que desejamos. Perigos que chegam embalados de felicidade, com propostas e promessas tentadoras, que tem potencial de arrastar para um mundo paralelo os menos avisados e os carentes de plantão.

Sabe a história de que a grama do vizinho é sempre mais verdinha? Pois é! Quando não estamos atentos, tudo o que parecer, sentimos como se fosse.

Nada de ruim seria possível se tivéssemos um filtro e soubéssemos usá-lo com inteligência e cautela. Movidos por carência, aceita-se responder um simples oi, respondendo perguntas e sem se tocar se envolvendo gradualmente.

Gente, a traição não começa na cama, ela começa exatamente nesse oi aparentemente despretensioso, evoluindo em seguida para uma conversa e pronto, a porta está aberta!

Hoje, infelizmente, é extremamente comum esse começo de relação, fácil e prático. Por não estarem se enxergando, cada um pode ser o que quiser ser, inclusive perfeito.

Quantas vezes se usa o celular para conversar estando ao lado do parceiro(a)? Tem coisa mais perversa do que isso?

Está faltando primeiramente maturidade e responsabilidade emocional, consigo e com o outro, em seguida, auto cuidado, autorrespeito e auto amor. Está faltando vergonha na cara, foco e projeto de vida. Está faltando tudo, menos controle e da própria vida.

Nessa confusão toda, no falso suprimento emocional que o outro oferece, começa a abrir a sexualidade. Feito isso, que caminha em uma velocidade assustadora, os desejos de felicidade e satisfação sexual parecem garantidos. Nessa hora o medo se foi e tudo vira coragem.

Daqui ao próximo passo não precisa explicar, sabemos onde isso vai parar.

E aí? O que se faz com essa bagunça toda? Termina o casamento? Se esparrama a família?

A ”grama” parece mais verdinha, então esquece-se de imaginar nas pragas que podem estar escondidas entre as folhas, nas raízes rasas, na terra que logo pode se tornar infértil.

Esquece-se que as dificuldades existirão em qualquer lugar e em qualquer relação.

Esquece-se da família, dos filhos, do parceiro(a) que confia e está comprometido, esquece-se da vida e do viver.

Em tudo isso não dá pra esquecer que a infelicidade que causamos aos outros, principalmente aos que nos amam e confiam em nós, não terá como resposta a felicidade e plenitude.

Esquece-se que as atitudes têm um preço, e normalmente será tão caro que no futuro será impossível pagar.

Pra gente pensar!

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

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