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Silvana Nardello Nasihgil

Feche as portas e as janelas e siga sem olhar para trás

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A “sutil” diferença entre ser prioridade, ser importante na vida de alguém e ser um “aplicativo” só acionado quando necessário.

Só é possível compreender essa realidade quando observamos os detalhes da vida e demoramos um pouco buscando compreender nossas relações.

Muitas vezes, ao buscarmos a essência das nossas histórias, sentimos uma sensação de vazio. Percebemos que já não somos mais importantes. Experimentamos a triste impressão de sermos desnecessários e passamos a nos sentir invisíveis. Então, lá no fundinho sentimos que merecemos mais do que recebemos, nem que seja só um pouquinho… e isso dói! Dói e, muitas vezes, simplesmente deixamos doer e ainda convidamos a dor para “sentar” ao nosso lado e nos fazer companhia.

Ninguém precisa ficar sofrendo à toa. Neste caso, lógico, totalmente à toa, porque tem gente que não merece a gente, não merece o melhor de nós.

O que fazer?

Parar, respirar fundo, esvaziar os sentimentos, olhar para dentro de si e avaliar tudo o que esse sentir está produzindo. Se está nos deixando mal, triste, angustiado, desconfortável… então não tem muito a fazer a não ser recolher tudo, juntar na “cestinha” da vida e seguir o caminho, muito provavelmente mudando a direção. Seguir nem que seja só, porque sabendo estar sozinho o ritmo do passo é nosso; ninguém andará na nossa frente atrapalhando o caminhar e muito menos precisaremos diminuir o passo esperando por quem nunca irá nos alcançar.

Quando o desconforto de viver em pares se instala, sabemos que o caminhar já não está mais lado a lado, mas, muito provavelmente em direção oposta, onde de alguma forma já se deixou de desejar que os caminhos sejam os mesmos.

Não creio ser oportuno seguir um caminho sem avaliar a vida, os sentimentos, sonhos, desconforto, importância, prioridades, projetos, paz, alegrias, presente, futuro… Para isso acontecer precisamos saber de nós, pois escolher o melhor caminho é um direito e até uma obrigação pelo bem da nossa saúde mental.

Cada um, mais do que ninguém, sabe de si. Cada um sabe quando as alegrias salvam e as dores escravizam e matam. Cada um sabe das suas dores e dos seus amores, ou pelo menos deveria saber.

No caminhar pela vida, o livre-arbítrio permite que cada um decida se terá parceria, se levará a mudança, só a mala, e poderá também escolher deixar tudo para trás e seguir leve e livre para construir uma vida nova, onde tudo será novo, inclusive um novo pensar e sentir.

Muitas vezes vamos embora da vida de alguém e por precaução deixamos a porta entreaberta. Isso deixa nas entrelinhas que ainda haverá tempo de retornar. Pelo receio de se arrepender, por cautela em preservar os nossos sentimentos, vamos indo devagarinho. Caminhamos a passos lentos para que ainda nos alcancem, pois os nossos sentimentos têm dificuldades em dar a relação por encerrada. Nesse caso, quem quiser voltar que lute, que se esforce e demonstre que quando se quer, se faz acontecer.

Quem sabe a preguiça de ser feliz não mova nada e o outro se permita continuar esperando no marasmo de sempre. A vida precisa seguir, e muito provavelmente no andar da carruagem, no acomodar das abóboras, cansados de esperar pelo outro, se decida deixar tudo para trás. Então o amor próprio precisará gritar dentro de nós: “feche as portas e as janelas e siga sem olhar para trás. Feche tudo e, por favor, jogue a chave fora”.

Vida que segue…

Vale pensar na vida e o que estamos permitindo que façam conosco, porque muito do que vivemos é com a nossa permissão.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

 

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