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Silvana Nardello Nasihgil

O outro nos vê como nos mostramos

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Gostaria de movê-los a pensar a respeito do ser humano, dos caminhos novos, dos rótulos e da essência.

Hoje vemos lutas (quase armadas) que defendem seres humanos e os incluem em conceitos separados pela orientação sexual.

Muito comum ouvirmos dizer: fulano é isso, fulana é aquilo. E isso não diz respeito ao que a pessoa é, mas sobre a sua forma de se relacionar sexualmente.

Nessa contextualização toda vejo muito mais separatismo, sofrimento emocional e psíquico do que portas a se abrirem para o respeito e a inclusão.

Seres humanos não poderiam ser classificados por se identificarem mais com uma forma de exercer a sua sexualidade do que com outra. Isso deveria ser um conceito secundário e mesmo sem importância para a convivência e o desenvolvimento humano.

Não consigo acreditar que a orientação sexual de um ser humano o qualifique ou desqualifique para qualquer condição. Vejo o ser humano como um complexo de sentimentos, emoções, vivências, valores, ética, foco, dedicação, projetos de vida e atitudes.

Quanto às atitudes, é nesse “departamento” da vida que vejo começar a cisão com a realidade.

Muita gente crê que para ser aceito precisa fazer enfrentamentos, permitindo que eles o façam perder a própria essência. Lutam para serem aceitos por coisas banais e vão se esquecendo do potencial interior que tem o poder de fazê-los humanos íntegros, respeitados e aceitos plenamente.

As mídias inflam diuturnamente o comportamento de liberdade plena, de que que todos precisam ser aceitos sem exceções. E elas têm razão! Mas os meios para que isso se perfaça é o problema. Vêm distorcidos e maquiados, juntados em grupos e tribos que por si só se excluem desejando a inclusão.

Creio que já passou da hora de cada um olhar para si, buscar descobrir as suas potencialidades como seres humanos, buscar o seu melhor e através dele, sim, lutar pela inclusão.

Não somos seres puramente sexuais. Em cada um habitam valores que sequer são buscados, sequer são considerados. Então, isso separa sim, isso cria condições preconceituosas, sim. Porque quando você se deixa enxergar somente como um ser humano pela sua orientação sexual, você não pode culpar o outro quando ele lhe olha com esse mesmo olhar.

A sexualidade é o que possuímos de mais íntimo em nós, então, será que não seria prudente vivê-la intimamente?

É muito mimimi e pouco foco na vida, no autorrespeito, no amor próprio, na ética em valores tanto individuais como coletivos.

Somos todos iguais, ao menos deveríamos ser, porque na vida não podemos esquecer uma regra básica: o outro nos vê como nos mostramos.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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