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Silvana Nardello Nasihgil

O que é ser gostosa, linda e desejada?

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Cada pessoa terá algo a dizer e certamente nunca teremos uma unidade nas respostas.

Diante disso, precisamos nos perguntar: que padrões eu estou seguindo? O que falta em mim que eu chego a sofrer para alcançar? O que realmente importa na minha vida?

Nesse mundo do copiar perfeição, esquecemos que cada um é único e o que serve para uma pessoa, muitas vezes, não tem nada a ver com a outra.

Estamos desaprendendo quase tudo o que importa para termos um coração feliz e uma alma leve. Desaprendemos a beleza de um sorriso; em seu lugar colocamos a dramática “boca de pato”. Desaprendemos a conquista, porque muitas vezes os assuntos começam: foi bom pra você? Desaprendemos o valor da essência de cada um; desaprendemos as gentilezas, dar bom dia, boa noite, muito obrigada, com licença; desaprendemos a caridade, a nos colocar no lugar do outro, escutar, falar, acolher. Desaprendemos as coisas mais importantes, aquelas que têm poder de nos tornar irresistíveis, lindos(as), importantes e especiais.

No lugar desses valores foca-se no ter. Ter um corpo perfeito, roupas da moda, a melhor bicicleta, o celular mais caro… crendo que para ser é preciso ter.

Estamos nos desumanizando, permitindo que o desejo de atingir certos padrões nos escravizem. Muita gente gasta o que não tem e sofre dores de toda a natureza buscando atingir um ideal ditado pelo mundo consumista.

Muita gente acumula angústias exigidas pela ditadura da moda para tapar um furo existencial que nunca se fechará; vive pendurada copiando padrões que não têm nada a ver consigo.

Em paralelo a isso, quem está sendo preterido? Parceiros, filhos, trabalho, o futuro?

Muita gente que está à margem desse padrão dos desejos está pagando a conta. Enquanto muitos focam principalmente em seguir padrões, outros silenciosamente sofrem sem serem vistos.

Esse é um padrão de adoecimento emocional e afetivo permitido por um mundo que exige e pelos que se permitem ser exigidos.

Viver e ser feliz obedecem um cálculo muito diferente disso. Primeiramente: não esquecer de si como ser humano dotado de sentimentos e emoções, único e incrível nas particularidades que são só suas. Segundo: que existem pessoas no entorno que valem infinitamente mais do que o tempo usado para ter os desejos realizados e a perfeição idealizada. Essas pessoas precisam ser vistas, cuidadas, ouvidas, acolhidas e amadas. A elas não importa quantos abdominais você faz, quantos quilômetros você pedala, quantas horas você gasta nos centros de estética. Para essas pessoas importa o tempo que a elas é dedicado, o sorriso sincero estampado na cara, as histórias compartilhadas, os abraços sem pressa, o colo que aquece, os ouvidos que ouvem, a partilha dos momentos, as brincadeiras, a pipoca dividida, o rolar no chão, as risadas até doer a barriga, as confidências compartilhadas… o amor que se tem pra dar, a disponibilidade para receber e a leveza no viver.

Se vista de amor, seja amor e creia que o amor só precisa de um coração disponível para dar de si e receber. Isso é lindo, isso faz qualquer pessoa ser linda, ser luz e paz, alguém que se quer ter para sempre por perto, pois acende o desejo de se eternizar em nós.

Eis um dos segredos da felicidade!

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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