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Silvana Nardello Nasihgil

Sentimentos em sintonia

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Sentimentos… são certezas que só nós podemos ter de nós mesmos. Só nós sabemos o que está no nosso coração e não temos a menor condição de sabermos realmente o que a outra pessoa sente ou não.

Nessa expectativa de que o outro sinta o mesmo que nós, muitas vezes carregamos sofrimentos desnecessários, doídos e infrutíferos.

E por uma certa “teimosia” emocional, vamos ficando. Inventamos desculpas para si mesmos e para o que pensamos sobre o outro(a)… e nada leva a lugar algum.

Na contabilidade das relações, se o outro não estiver em sintonia, não importa se você deu o seu melhor, os sacrifícios que você fez, o tanto que você deixou de fazer coisas por você para agradar o outro, se você teve sempre o outro como prioridade, se você fez projetos incluindo a pessoa, se você tem sonhos conjuntos, se você é simpático(a), gentil, afetuoso(a), se você o(a) admira; não importa o que você diga ou faça. Unilateralidade não funciona para relações de qualquer natureza nas quais há sentimentos envolvidos.

Se o outro não estiver na mesma sintonia, tudo o que você fizer será para se tornar chato(a), e se você tentar se expressar vai parecer que você está querendo discutir a relação.

Muitas relações são assim, ou se tornam assim. Muitas relações deixam de ser recíprocas quando, de alguma forma, um dos dois perde o interesse, quando deixa de fazer sentido, quando, mesmo sem uma razão lógica, não importa mais.

Infelizmente isso existe, sim, porque em termos de sentimentos não existe uma lógica para explicar. Ou se sente, ou não!

É compreensível o sofrimento de quem experimenta a dor de amar sozinho(a). É muito difícil para quem está ligado(a), acreditou em um história longa e cheia de detalhes, que espera uma ligação, um recado, uma “migalha” de qualquer natureza… e nada acontece. Tudo vai ficando cada vez mais distante e, muitas vezes, sem algo preciso sente tudo se distanciar e ruir.

Mas a vida tem disso, e as pessoas também! Muitas vezes parece não existir razões – para quem deseja ser amado(a) – para a perda da magia, para o desinteresse e para o afastamento. Não adianta buscar a causa, querer explicações ou desejar compreender, porque em se tratando de sentimentos, cada um só sabe de si.

Desinteresse, falta de sintonia, abandono emocional, falta de parceria e atitudes que dizem não te amo mais já deveriam bastar!

O afastamento nem sempre é físico, pode ser emocional, o que é o pior, pois traz sofrimento da presença/ausência, mais difícil ainda de compreender e processar.

Diante de comportamentos excludentes é importante parar de romantizar, prestar atenção e escolher olhar para si, buscando o autorrespeito e o amor próprio.

Muitas vezes a conclusão será o afastamento, por mais que doa. Não dá para insistir naquilo que não faz sentido, naquilo que só servirá para diminuir o pouco que ainda resta de dignidade e que tem um grande potencial de roubar a paz.

Não dá para viver de fantasias, esperar por algo que você sente que jamais acontecerá. Não dá para exigir que alguém nos ame, pois só ama quem se dispõe a amar, quem se sente movido, quem deseja estar na vida de alguém. Para isso precisa existir admiração, afeto, respeito, desejo de estar junto, vontade de construir projetos, conseguir se enxergar na vida do outro como parte da história, sintonia, parceria, reciprocidade e amor.

O tempo passa muito rápido e ser feliz não pode esperar. Não dá para ficar estacionado(a) em relações infrutíferas quando o mundo é tão vasto e para ser feliz não precisa estar necessariamente ao lado de alguém.

Dá para ser feliz com alguém, mas também é possível, perfeitamente possível, ser feliz sozinho(a)!

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

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