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Silvana Nardello Nasihgil

Uma breve reflexão

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Outro dia tive uma experiência que me levou novamente a refletir sobre a vida em pares. Encontrei uma pessoa que foi minha paciente na terapia de casal e que há um bom tempo não a via, que me disse: “que bom que eu pude descobrir em tempo que eu precisava mudar. Eu sempre acreditei estar certa na nossa relação e descobri que eu cometia muitos erros, também”.

Percebo esse tipo de comportamento acontecer muito na terapia de casal. Muitas vezes, o casal busca ajuda e no transcorrer do processo muito do que era certeza muda completamente. Ao falarem sobre as razões que sentem ter feito a relação se tornar disfuncional, começam a perceber que não aconteceu de forma unilateral, mas que cada um colaborou. Reconhecer e aceitar os erros de cada um é a parte mais importante do processo. Só assim o casal consegue se disponibilizar para mudanças.

Muitas vezes, se sentir diminuída(o), enfraquecida(o), incapaz, sem brilho, sem direitos e com uma carga imensa para carregar dentro de uma relação, vem do fato de não conseguir se posicionar, não encontrar um jeito de conversar e buscar com o parceiro as mudanças que precisam ser feitas.

Muito das brigas diárias, das ofensas, advêm da falta de respeito um pelo outro. Um dos parceiros começa uma discussão ou faz um comentário inoportuno, logo é respondido com alguma palavra grosseira. Pronto! Está feito o incêndio. Nesse tipo de comportamento o que vemos muito frequentemente é o delegar ao outro tudo o que não está bem; isso acontece de ambas as partes. Vivem com um padrão de comportamento que eu chamo de “apagar fogo com gasolina”.

São muitos comportamentos que vão se somando ao longo da vida. Enumerei alguns para você refletir e perceber onde está colaborando com a desfuncionalidade da relação.

Uma relação de pares precisa trabalhar os afetos, respeito, partilha, comunhão, limites, acolhimento, parceria, gentilezas, gratidão… e tantos outros comportamentos que tragam a harmonia e o bem-estar. Tudo isso mediado pela conversa, pelo desejo de viver um amor em sua plenitude. Aqui entra a terapia de casal. A terapeuta é a “mediadora” na busca pelo conhecer-se e conhecer o outro, sugerindo reflexões que estendem a compreensão da relação, buscando um novo jeito de olharem para si, para o outro e para a relação.

Quando duas pessoas fazem um projeto de viverem juntas, precisam ter consciência de que haverá dificuldades, muito mais quando tiverem filhos. Essa condição requer seriedade e comprometimento, porque a vida não é uma roda gigante de tanto faz; ela exige que se tenha disponibilidade de querer que dê certo e se dedicar a isso.

Quem estiver de brincadeira com a vida precisa lembrar que brincar de vida pode trazer consequências desastrosas, dores horríveis e feridas difíceis de cicatrizar.

Que a gente aprenda todos os dias a ter mais responsabilidade emocional, que nos permitamos buscar uma história verdadeira e que nos importemos mais uns com os outros.

Viver é mágico! Todos os minutos temos a chance de fazer diferente. Não dá para deixar a vida doer quando se pode viver com o coração leve e transbordante de amor.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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