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Dom João Carlos Seneme

Jesus se aproximou, tocou neles e eles se levantaram

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Neste domingo (06) celebramos a Festa da Transfiguração de Jesus no Monte Tabor: Jesus revela sua verdadeira identidade de Filho de Deus e, ao mesmo tempo, indica o destino da humanidade.

O sentido da festa de hoje é fornecido pelo Prefácio da Missa: “Perante testemunhas escolhidas, Jesus manifestou sua glória e fez resplandecer seu corpo, igual ao nosso, para que os discípulos não se escandalizassem da cruz. Desse modo, com cabeça da Igreja, manifestou o resplendor que refulgiria em todo os cristãos” (Prefácio da Transfiguração).

O relato do Evangelho (Mt 17,1-9) acontece seis dias depois da confissão de fé de Pedro e do primeiro anúncio que Jesus faz de seu destino de paixão morte e ressurreição. A transfiguração está estreitamente ligada à revelação da identidade de Jesus: “Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo”.

Jesus desconcertou os discípulos porque não aceitou a interpretação triunfalista da sua missão. Por isso, hoje Ele permite que os discípulos experimentem antecipadamente a visão do Cristo Ressuscitado.

Jesus, resplandecente e glorificado, não se afasta do caminho da cruz. A transfiguração antecipa a salvação manifestada na cruz. A transfiguração é consequência da vida de entrega, da renúncia realizada por Jesus durante sua vida. O Cristo crucificado é também o Cristo glorioso ressuscitado. O Cristo transfigurado sustenta nossa caminhada principalmente nos momentos em que experimentamos as cruzes dolorosas na vivência da fé.

Na transfiguração Jesus revela o rosto de Deus e o seu próprio rosto; n’Ele o divino e o humano se misturam. Ele é Filho de Deus e filho do carpinteiro: “Não é este o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria? Seus parentes não estão entre nós”? A transfiguração revela a identidade de Jesus.

Em seguida, os discípulos ouviram a voz de Deus: “Este é o meu filho amado. Escutai-o”. Naquele dia os discípulos conhecerem o verdadeiro Jesus e ficaram assustados. Jesus toca seus ombros e os ajuda a se levantar. São convidados a aceitar a missão de Jesus: antes de ressuscitar, ele deverá passar pela cruz.

O relato da transfiguração nos faz experimentar a misericórdia de Deus. Ele conhece nossas dificuldades. Através da contemplação e oração é possível enfrentar os desafios da vida de cada dia: a experiência de Deus na oração sustentará a missão dos discípulos de anunciar a todos a Ressurreição de Jesus.

Devemos subir ao monte da transfiguração para, depois, descer à planície trazendo luz para iluminar a vida de tantos que vivem nas trevas.

“Levantai-vos, e não tenhais medo”! É o convite que Deus nos faz para colocar em prática no cotidiano da vida; a missão de Jesus é também nossa missão. Vamos deixar de lado o comodismo e assumir nossa responsabilidade de batizados e anunciadores da Boa Nova de Jesus.

O discipulado funciona da mesma forma até hoje; para crescer em nossa própria oração e espiritualidade, precisamos constantemente do toque curador de Cristo. Esse toque de cura nos transfigura enquanto caminhamos em nossa jornada de fé.

Estamos vivendo plenamente o Ano Vocacional, com o tema “Vocação: Graça e Missão” e o lema “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24, 32-33). Neste primeiro domingo do Mês Vocacional, vamos rezar com Maria pela vocação de nossos ministros consagrados: bispo e sacerdotes para que sejam pastores fiéis.

Pela caridade pastoral, sejam sinal de unidade e contribuam para a edificação e crescimento da comunidade para que ela se torne cada vez mais atuante na vivência do Evangelho.

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo
revistacristorei@diocesetoledo.org

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