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Dom João Carlos Seneme

O Senhor te abençoe e te guarde e te conceda a paz

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Cruzando o limiar de um novo ano, 2023, sempre carregamos muitas esperanças em nossos corações. Neste domingo (1º) celebramos a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Neste dia professamos nossa fé em sua maternal proteção para cada dia deste ano que se inicia. Maria, ao acolher em seu seio Jesus Cristo, Deus Salvador, nos ensina a esperar com alegria e fortalecer a nossa fé. Além de nos estimular a viver e sermos construtores da paz.

As três leituras deste início de um novo ano nos convidam a refletir sobre o tempo e sobre a plenitude dos tempos: o tempo do homem e o tempo de Deus, todos os instantes de nossa vida tornam-se um tempo oportuno para acolher as bênçãos de Deus.

A primeira leitura traz a fórmula de bênção com a qual os sacerdotes abençoavam o povo de Israel. Deus é a fonte da bênção porque é a fonte da vida. Só ele pode garantir fecundidade, prosperidade e paz. O homem pode e deve ser construtor do mundo, mas deve agir consciente de possuir somente um fragmento, a plenitude pertence a Deus.

Nas mãos do homem está a política, a arte e a ciência, que são meios necessários e indispensáveis, mas são fragmentos que não abrem a porta do mistério.

“O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor te mostre seu rosto radiante e tenha misericórdia de ti, o Senhor te mostre o seu rosto para ti e te conceda a paz” (Nm 6, 24-26).

Diante de todas as nossas dúvidas para este novo ano que se inicia, a Igreja hoje nos indica o caminho para uma vida bem-aventurada: estar na presença de Deus, sob seu olhar luminoso, que espalha graça e paz, para além de toda angústia e Trevas.

Assim viveu a Virgem Maria, que hoje contemplamos como Mãe de Deus: foi a primeira a passar por muitos imprevistos: uma viagem cansativa até Belém, falta de alojamento, dar à luz numa gruta e depois de novo a fuga no Egito, a perplexidade de Jesus no Templo até o momento da Cruz.

“Em tudo isto, porém, Maria não desmorona, não se agita, não se perturba com acontecimentos maiores do que ela. Ela simplesmente considera, em silêncio, o que está acontecendo, guarda-o na memória e no coração, refletindo com calma e serenidade. Esta é a paz interior que gostaríamos de ter no meio dos acontecimentos por vezes tumultuados e confusos da história, acontecimentos cujo significado muitas vezes não apreendemos e que nos confundem”. (Bento XVI).

Maria vive tudo na presença de Deus, abandona-se ao olhar daquele que conduz a história, abre-se à sua vontade e torna-se fecunda, gerando Deus.

O olhar de Deus precisamente nestes dias, podemos contemplá-lo no rosto do Menino de Belém: em Jesus. Deus nos mostrou o seu verdadeiro rosto, a sua serenidade, que tem nas mãos o destino de cada homem, também o nosso. Assim, hoje, para nós, pode ser a plenitude dos tempos o momento em que nós mesmos acolhemos esta boa notícia: “Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, para que recebamos a adoção de filhos” (Gl 4, 4). Por isso, podemos entrar neste novo ano cheios de confiança, sabendo que somos filhos de um Pai que cuida de nós e sempre trabalhará para o nosso bem.

Feliz e abençoado Ano Novo!

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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