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A escola que veio do “xixi”: o causo do prefeito Marcio Rauber e Darci Piana

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Folclore político

A escola que veio do “xixi”

Marcio Rauber é o prefeito eleito e reeleito de Marechal Cândido Rondon. Além de bom voto, obteve excelente reputação também como pescador. No estande da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), no Show Rural, Rauber relatou um episódio envolvendo Darci Piana, que, na ocasião do causo, exercia interinamente a governadoria do Paraná.

Disse o prefeito de Marechal Rondon:

“Percebi que o Piana estava por ali, mas havia perdido ele de vista. E perguntei: cadê o governador? Ao que responderam: tá no banheiro. Não tive dúvida, entrei também. Encontrei o Piana fazendo o 01. Encostei ao lado e passei a esvaziar a bexiga. E disse pra ele: governador, libera R$ 1 milhão para a escola lá de Marechal Cândido Rondon. Ao que ele respondeu: ‘Tá liberado, prefeito. Já me pediram liberação de verba em todo o lugar, essa é a primeira vez que me pedem fazendo xixi!’.

Marcio Rauber: “Cadê o governador?” (Foto: O Presente)

Rei do Pinto no Planalto

Anfitrião do agroempresário cascavelense Lauri Paludo em Brasília foi ninguém menos que o líder do governo na Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu (PT)

Há quem seja recebido em Brasília com honras de chefe de Estado. Há quem, como o cascavelense Lauri Paludo, seja recebido no tapete vermelho do Planalto com honras de chefe do aviário. Poderia também receber deferências designadas aos nobres de sangue azul. Sim, Paludo é o “Rei do Pinto”, sua majestade da avicultura, diretor-presidente da maior produtora de ovos férteis e pintos de corte da América Latina, a Pluma Agroavícola, sediada em Cascavel, na rua das mansões supensas, a Minas Gerais.

O anfitrião de Paludo em Brasília foi ninguém menos que o líder do governo na Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu (PT/PR). Antes de conclusões embrionárias, vale esclarecer: é pouco provável que o Rei do Pinto tenha feito o “L” nas urnas de outubro. Mas não é disso que se trata. O agronegociante cascavelense foi recebido na condição de quem se encaixa no eixo central do plano de governo dos novos inquilinos do Palácio do Planalto: segurança alimentar a partir da proteína animal mais acessível, o frango.

Negócio ereto

Aqui entra a convergência de interesses, a fome com a vontade de comer: o Grupo Pluma banca hoje mais de 11 mil postos de trabalho distribuídos em 14 CNPJs, incluindo a maior produtora de ovos férteis e pintos de corte da América Latina, vale repetir. E não interessa discutir o caráter assexuado da minhoca ou quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha.

“Começamos muito pequenos em 2001 e hoje alojamos mais de seis milhões de matrizes, produzimos mais de 90 milhões de ovos férteis por mês”, disse Paludo para o portal ultrasegmentado “A Hora do Ovo”. Paludo só não disse para a turma do portal oval que também é sócio da bilionária cooperativa C.Vale em operações frigoríficas. Se dissesse seria ainda mais incensado na reportagem, ou talvez mais ovacionado.

Pinto vascularizado

E o negócio do pinto não para de crescer e se vascularizar (com a licença para o duplo sentido). Ano passado, a PlumaGen adquiriu a distribuição da linha de postura comercial Hisex e Dekalb, “galinhas de grife”, fruto de melhorias genéticas desenvolvidas nos sofisticados laboratórios da centenária multinacional holandesa Hendrix Genetics.

A Hendrix trabalha na reprodução de bichos diferentões, que vão do pinto do Paludo até peru, truta, salmão, suínos e camarões. É algo tão restrito no mundo da genética, tão nixado, que a aquisição do negócio pela Pluma precisou ser aprovada no Cade, órgão federal que fiscaliza a concentração de mercado e combate a formação de monopólios e oligopólios. A autorização do Cade veio no governo Bolsonaro, no meio do ano passado.

Plumas avermelhadas

Do ponto de vista ideológico (e pragmático), Paludo, o Rei do Pinto, ícone do agro de penas e bicos, ao se avistar com os galos de pena vermelha no Planalto na mesma naturalidade com que era recebido no Cade bolsonarista, está aplicando a máxima de não colocar todos os ovos na mesma caixa.

Deng Xiaoping, líder comunista que abriu a China para o mundo com a injeção de generosas doses de capitalismo na veia, disse certa vez: “Não importa a cor do gato, importa que pegue o rato”. Discretíssimo, avesso à exposição pública, Lauri Paludo talvez siga uma filosofia semelhante à do sábio chinês: “Não importa a cor da plumagem da galinha, se é vermelha estrelada ou se é matizada em verde e amarela ao estilo patriota quartelante, importa que a galinha bote ovos”.

Em tempo: não é verdade que o Frangão tenha mediado a conversa entre comissários petistas de alto coturno e o Rei do Pinto. Restou uma pena só na nuca, mas o galo permanece vigilante no terreiro. E como tal, evita proximidade com esse ramo de abatedouro de aves.

Staff da Pluma: Mauri Mazurek, Adriano Paludo, Lauri Paludo (presidente) e Adroaldo Paludo: não importa a cor da pena, importa que a galinha bote o ovo

Umas & outras

Ricardo Barros: “Quem manda somos nós”

Cacique do Centrão comunica que esposa pediu o chapéu no Conselho de Itaipu

O deputado federal licenciado Ricardo Barros, que serviu aos governos FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro, atual secretário do governo Ratinho Junior, esteve em Cascavel por ocasião do Show Rural.

Na sala administrativa do evento, onde a organização recebeu os convidados vips, Barros conversou com lideranças de entidades, empresários e gente do agro. Ele comentou uma declaração do presidente da Câmara, Arthur Lira, sobre a permanência do caráter independente do Banco Central (BC), tema que pautou o noticiário no início do mês. Lira havia dito, no dia anterior, também no Show Rural, que estava fora de cogitação retirar a autonomia do BC.

“Se o Lira falou que não mexe no BC é porque não mexe. Aqui quem manda somos nós, do Centrão”, disse Barros no tom enfático que lhe é peculiar.

Tá fora

Ricardo Barros disse também que sua esposa, a ex-governadora Cida Borghetti, encaminhou ofício, ainda em dezembro de 2022, comunicando que não ficará no Conselho de Administração de Itaipu Binacional, um dos cargos mais ambicionados da República.

Negociação midiática

-> Renato Silva e o empresário Caíque Agustini conversam na próxima segunda-feira. É para renovar (ou não) a parceria na CBN Cascavel. Renato pode ficar majoritário no negócio (ou não).

-> Tudo pode acontecer, inclusive nada, ou seja, ficar como está, uma promissora parceria entre Silva e os Barros de Maringá, chefões da CBN no Paraná.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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