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“Xerife” está no páreo

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Deputado Marcio Pacheco demonstra força em ato de filiação ao Partido Progressistas e enxerga Deus abrindo-lhe as portas do Paço Municipal de Cascavel

Pacheco no ato de filiação ao PP, na última segunda-feira (11): após dois vice-campeonatos consecutivos, será que chegou a vez de levantar a taça?

A apresentação em vídeo da trajetória do prefeiturável Marcio Pacheco, para um Black Cap lotado, começou em chamas, na última segunda-feira.

Era para ilustrar uma passagem trágica da vida dele, aos 15 anos de idade, quando teve a casa modesta em que morava devorada pelo fogo. As chamas carbonizaram a bicicleta do menino e também os poucos caraminguás que ele guardava sob o colchão. Era tudo o que tinha.

Criado pelos avós em uma família com problemas de alcoolismo, Pacheco viu nos concursos públicos a oportunidade de ascensão social. Foi policial militar e depois federal, aprovado em concursos com milhares de candidatos por vaga.

Sua ascensão na política, de vereador de poucos votos a presidente da Câmara e depois deputado, foi meteórica. Disputou duas vezes a cadeira estofada do 3º andar do Paço. Em ambas, foi o segundo mais votado, atrás apenas de um imbatível Leonaldo Paranhos. Agora, sem a foto de Paranhos na tela da urna eletrônica, Pacheco está convicto de que chegou a sua vez. Em tintas messiânicas, ele disse no Black Cap que Deus estava a lhe abrir portas nas eleições de 2024.

RICARDÃO, O TRATOR

O Xerife, como foi batizado aqui no Pitoco uma década atrás, deu demonstração de força no ato de filiação ao PP. Estava ali o dono da sigla no Paraná, Ricardo Barros, conhecido como “trator de esteira”, já que arrasta tudo que está pela frente, e inúmeras outras lideranças políticas, incluindo algumas surpresas.

O líder do prefeito Paranhos na Câmara, Pedro Sampaio, estava lá. O vice-líder, doutor Lauri, também. Havia outros vereadores da base paranhista por ali.

Presença significa adesão? Se sim, ficaram dúvidas a se dissipar em dois tópicos: o prefeito declarou voto em Renato Silva, mas não está conseguindo segurar sua base?
Ou o Paço está colocando ovos em dois ninhos, para saber mais adiante qual estará em melhores condições de derrotar o inimigo em comum, Edgar Bueno?

RATINHO VEM?

É perceptível que há alguma insegurança sobre a viabilidade eleitoral do vice-prefeito entre aqueles guiados por um termo do planeta política: perspectiva de poder. Porém, também é inegável que Renato foi o candidato a deputado federal mais votado da cidade em 2022 e tem o apoio público de um prefeito bem avaliado.

Espera-se estancar uma eventual erosão de apoiamentos em breve, com o aguardado anúncio do apoio a Renato de Ratinho Junior, fato político que traria outros desdobramentos, agregando à causa, entre outros, os deputados Gugu Bueno e Oziel Luiz, este último ausente no ato de filiação do Xerife, embora representado pelo vereador Melo do Pastel.

AFINANDO A VIOLA

Em seu discurso, na última segunda-feira, Pacheco foi cauteloso e agregador. Ele precisava encontrar nas palavras o equilíbrio entre não engrandecer demasiado o prefeito, e nem diminuí-lo.

O “mercado eleitoral” parece já trabalhar com a inevitável presença de Bueno no 2º turno. E a mágica a ser construída pelos incomodados com o retorno do ex-prefeito, é impedir que o duelo “Xerife x Renato” pelo espólio paranhista não impeça uma aliança anti-Bueno no segundo tempo da partida. Pelo nível de tensão nas coordenações de campanha, será árdua a missão…

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A hora e a vez do atacarejo

Rede Irani de supermercados ingressa no segmento com inauguração do Porti; Muffato inaugurou 18 atacarejos em 2023 e projeta mais quatro para este ano

Ederson Muffato e Daniel Pegoraro Junior: segmento inaugurou 11 atacarejos por mês em 2023

O ano de 2023 consolidou uma tendência que vinha se acentuando no comércio de alimentos: a predominância dos atacarejos, lojas grandes, de perfil mais rústico, que absorve menos mão de obra, oferece menos serviços e transfere o custo operacional menor para o cliente na aquisição de volumes maiores.

No ano passado, empresários do segmento inauguraram 11 atacarejos por mês. Já são mais de 1,5 mil lojas assim no Brasil. Cascavel não ficou fora dessa curva acentuada. O João “ressuscitou” o Armazem da Maria no Trevo Cataratas. Os Muffatinho transformaram a loja convencional da região Norte em Max e agora, nesta semana, os Pegoraro do Irani inauguraram sua primeira unidade, o Porti.

“Até quinta-feira atuávamos exclusivamente como varejistas. Não será mais assim”, disse ao Pitoco o executivo da rede Irani, Daniel Pegoraro Junior. A fala dele dá a dimensão do fato, delimitando o antes e o depois.

O Porti nasce grande na confluência da rodovia 467 com a extensão da Avenida Piquiri, no acesso para o Ceasa. São 16 mil metros quadrados, 4,1 mil deles destinados a área de venda. O atacarejo vai operar com 24 chekouts (caixas) e ofertará 300 vagas no estacionamento. Não se fala abertamente em cifras, mas sabe-se que não se constrói e equipa algo desta dimensão por menos de R$ 50 milhões.

CONSUMIDOR METÓDICO

Quem é a clientela típica de um atacarejo? Segundo os empreendedores do ramo a turma que opera aqueles carrinhos de supermercado que parecem fabricados em Itu vai para além dos tradicionais comerciantes de pequeno porte dos bairros e pequenos transformadores ou ainda o tio do carrinho de cachorro-quente. Este tipo de loja atrai também aquele consumidor mais metódico, que faz a compra para o mês todo ou períodos ainda maiores, e busca usufruir dos descontos ofertados para compras em volume maior.

Quem conhece bem esse perfil e bombou o departamento de compras em escalas gigantescas foram os cascavelenses da maior rede do Paraná, top cinco no ranking nacional. “Ano passado foi um ano intenso para nós. Abrimos 18 novos atacarejos. Agora operamos 56 atacarejos no Paraná e em São Paulo”, disse ao Pitoco o empresário Ederson Muffato.

CASCAVEL EM SAMPA

Os Muffatinho foram notícia nacional no segundo semestre de 2023 quando adquiriram todas as lojas do grupo Makro e espetaram a bandeira Max na maior cidade da América do Sul, a paulicéia desvairada. A previsão do grupo é abrir quatro novos atacarejos no Paraná em 2024.

Em Cascavel, os investimentos estarão concentrados na loja tradicional da rua JK, o Hiper Muffato. A unidade será transformada com a terceira reforma em 26 anos de atividade na área nobre ao lado da Prefeitura.

Consultado sobre a tendência, o empresário Rubens Beal, do Festval, descarta a hipótese de ingressar no segmento. “Vamos focar no nosso padrão de lojas, voltado para mix melhor, atendimento e qualidade dos produtos”, resumiu.

Há, porém, novos players do segmento “correndo por fora”. É o caso de Lucimar Puppo, da rede que leva seu sobrenome. O projeto do primeiro atacarejo está desenhado, com a área já adquirida às margens da rodovia 369, em Cafelândia. É a hora e a vez do atacarejo e seus “carrinhões” de Itu.

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Arquitetura hostil

Cascavel começa a sentir as dores do crescimento; como lidar com moradores de rua é um dos desafios mais visíveis para o Poder Público e a sociedade

É visível o aumento no número de moradores de rua em Cascavel. Segundo apurou a Secretaria de Ação Social da Prefeitura (Seaso), são pelo menos 400, a maioria deles dependentes químicos ou alcoólatras.

O estudo realizado em novembro último constatou que 25 % das pessoas que estão em situação de rua são cascavelenses, metade são de outras cidades do Paraná e outros 25 % de outros estados e mesmo de outros países.

São frequentes as abordagens das equipes da Seaso, Guarda Municipal e PM, visando encaminhá-los para locais como a Casa Pop, onde recebem assistência e podem ser encaminhados para tratamento.

Mas não é fácil lidar com o vício. Em recente operação, segundo relata o secretário Hudson Moreschi, foram feitas 15 abordagens. Ninguém dos abordados aceitou os encaminhamentos.

A opção pela rua traz conflitos de toda ordem. Os habitantes das ruas procuram abrigo sob marquises ou algo que possa protegê-los das intempéries. Assim, grupos passaram a morar sob a marquise da antiga sede da Receita Federal, na rua Paraná, quase em frente ao Paço das Artes.

Semanas depois, após muitas queixas de moradores da região, os proprietários do imóvel instalaram uma grade, fechando o acesso. Igual solução foi dada no prédio que abrigou o Itaú, na Avenida Brasil, em frente às Pernambucanas.

É a tal “arquitetura hostil”, um fenômeno tipicamente urbano, até então praticamente inexistente em Cascavel, embora muito comum em capitais e grandes aglomerados.

Glossário: A arquitetura hostil é aquela que faz intervenções em espaços públicos livres com o intuito de restringir o direito à circulação e à permanência de pessoas em situação de rua . É uma estratégia de design urbano que utiliza elementos para guiar ou restringir determinados comportamentos, com a finalidade de prevenir crimes, manter a ordem, mercantilizar o espaço ou excluir determinados grupos sociais. Bem-vinda, Cascavel, às agruras e contradições típicas de metrópoles!

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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