Fale com a gente

Pitoco ETs de Cascavel

Coco e magistrado violento colocam cascavelenses em evidência no “Fantástico” e no jornalão de SP

Publicado

em

Cascavelenses foram destaque na mídia nacional no último fim de semana. Em uma das principais reportagens do programa “Fantástico” do último domingo (2), surgiu o advogado Luciano Katarinhuk como defensor da mulher agredida por um juiz de Direito em Minas Gerais.

Com a repercussão da reportagem, o magistrado foi afastado de suas funções. Ressalvando que agora o processo está em segredo de justiça, Katarinhuk diz que não pode falar do caso.

A entrevista para o “Fantástico” aconteceu em dezembro do ano passado, antes de o processo se tornar sigiloso.

E como a causa de repercussão nacional foi parar no escritório do Katarinhuk, ali no Country?

“A família da vítima mora em Cascavel e nos contrataram para conduzir juridicamente a situação”, relata o doutor.

Katarinhuk no “Fantástico”: segredo de Justiça e magistrado agressor afastado

ÁGUA DE COCO

Outra dupla cascavelense “inventou moda” aqui e ganhou as páginas da mídia nacional, desta vez no jornalão centenário “Estado de São Paulo”, edição de 31 de março último.
A repórter de economia do “Estadão” descobriu os empreendedores do Autenticoco, os primos Diego e Marcio Mengue. Eles lançaram aqui, em 2019, a água de coco que pode ser sorvida na melhor embalagem possível, o próprio coco.

“Eles foram os primeiros a colocar no mercado a novidade que mantém a água de coco com gosto natural e não precisa de conservantes. A dupla, de Cascavel (PR), lida com compras e transporte de frutas há mais de dez anos”, reportou a jornalista Lilian Cunha.
Ainda segundo o “Estadão”, a Autenticoco dos cascavelenses começou vendendo 200 unidades por dia; hoje já são entre 6 mil e 8 mil diariamente.

TEM FUTURO

“A gente ja viu de tudo. Na gôndola do supermercado, o produto é um ET. Tem gente que acha que é igual o coco seco, compra para fazer cocada e depois reclama que não deu certo. Outros perguntam como a gente colocou a água dentro da embalagem, se ela vem sem furo nenhum”, disse Márcio Mengue ao Estadão.

De toda forma, a iniciativa dos primos cascavelenses tem futuro. Segundo o especialista Adalberto Viviani, da Harriot Consultoria, “o consumo de água de coco é de nicho, mas a embalagem atende várias necessidades do consumidor: ele bate o olho e vê que é natural, os resíduos não geram impacto e ainda tem a polpa de brinde”.

Caiu a lenda do colosso

Precisamos de uma serpente envenenada, um furacão devastador e um Dia da Mentira para derrubar a lenda urbana que perdurava incólume havia 41 anos: a capacidade real do Olímpico Regional

Cascavel, início dos anos de 1980. A equipe profissional de futebol da cidade acabara de dar um novo sentido para a expressão “meia taça”, outrora somente utilizada para designar um modelo sensual de sutiã.

Meia taça era o que aquele time memorável do Cascavel trouxera para casa após conturbada disputa com o Colorado (hoje Paraná Clube), em “peleia” com direito a “tomara que caia”, outra indumentária feminina que fazia sucesso na época.

O cai-cai foi utilizado pelo Cascavel para impedir a vitória do Colorado pela margem de gols necessária, após fragorosa derrota da equipe curitibana para a Serpente no “Ninho da Cobra” – estádio encravado no Pioneiros Catarinenses que sediou o primeiro confronto decisivo. Então os cartolas do futebol adotaram uma solução salomônica: declararam os dois times campeões, meia taça para cada – algo insólito até hoje no mundo da bola.

Com o futebol palpitando todos os corações da época, o então prefeito Jacy Miguel Scanagatta decidiu prover a cidade de um estádio à altura dos acontecimentos. O alçapão do Ninho da Cobra, na leitura do prefeito, já não comportava mais o esporte das multidões. Cascavel, à época, somava, segundo o Censo, 163 mil almas – menos de a metade da população de hoje.

BOLA E URNA

A construção do Olímpico nunca foi uma unanimidade na opinião pública. Figuras da oposição, entrincheiradas no MDB, apontavam outras prioridades. Asfalto era coisa rara na periferia, para ficar em um exemplo, e saneamento básico inexistia, exceção para alguns quilômetros de canos enterrados pelo cartorário Octacilio Mion nos anos 1960.

Para a oposição, o Olímpico era uma arena de votos, já que a eleição de 1982 se avizinhava, e Scanagatta queria eleger seu sucessor, David Cheiregatte. À época, o entorno político do paço anunciava um estádio para 45 mil espectadores, um colosso babilônico.

Esse número ficou na cabeça de muita gente por quatro décadas. E até hoje é possível encontrar o numeral 45 em enciclopédias virtuais como o Wikipedia. Porém, já havia, em eventos anteriores, sérios indicativos de que:

a) O número oficial divulgado do Olímpico nos anos 1980 era fake news eleitoral;

b) Ou o Olímpico Regional encolheu ao longo do tempo.

VERDADE NO 1º DE ABRIL

Quando a Serpente e o Furacão entraram em campo às 18 horas do último sábado, em pleno 1º de abril, a verdade se impôs: o Olímpico estava apinhado, e se alguém fosse esfaqueado entre os torcedores que estavam em pé no primeiro minuto da partida, só iria ao chão aos 56 minutos do segundo tempo, quando nos acréscimos, o Furacão virou o jogo.

As bilheteiras apontaram a presença de 26 mil almas, 50% de desconto sobre o anúncio oficial do ano eleitoral de 1982. Se apertasse mais um pouquinho, talvez chegássemos a 28 mil espectadores, ainda muito longe dos 45 mil. Há muitas explicações possíveis para a lenda urbana sobreviver 41 anos. O homem que ganhou notoriedade na noite, Paulo Carlesso, tem a sua versão para tirar as coisas do escuro: “Naquele tempo não tinha trena”, brinca o sarcástico empresário, que à época dos fatos comandava a imortal Bielle Club, essa, sim, com “público e renda” confiáveis desde o início dos tempos…

Em tempo: A oposição atropelou a lenda do Olímpico, em 1982, e elegeu Fidelcino Tolentino (MDB). Scanagatta, de toda forma, guardou consigo a reputação de um dos melhores prefeitos de Cascavel e se a ele fosse facultada a condição da reeleição – inexistente à época – certamente teria dado mais trabalho à oposição naquelas urnas distantes que misturavam bola, esdrúxulas cédulas de papel e longevas lendas urbanas.

DOM LÚCIO

A entrevista que ficou no gravador

Amigo do papa João Paulo II, dom Lúcio jogava cartas com dom Armando e “profetizou” há dois anos a ascensão do padre Zico na hierarquia católica

Exatamente dois anos atrás o editor do Pitoco chegou de surpresa à residência de dom Lúcio Ignácio Baumgaertner, uma morada de classe média no Bairro Pioneiros Catarinenses. Ele morava praticamente sozinho, acompanhado apenas da assistente de longa data, dona Leda. Trabalhava de seis a sete horas por dia em processos de nulidade matrimoniais.

Curiosamente, a entrevista reproduzida abaixo é inédita, nunca foi publicada. Por uma distração do editor, o arquivo em áudio dormitou no aplicativo de gravador do celular por dois anos.

Agora, por ocasião do falecimento de dom Lúcio, no último dia 1º, uma operação de busca no aparelho trouxe de volta à vida a voz serena do bispo.

Na data da entrevista (31 de março de 2021) o religioso estava às vésperas de completar 90 anos, quase tão longevo quanto o amigo dom Armando Círio, que partiu aos 98 anos. Acompanhe os principais trechos da “entrevista que não saiu”:

Pitoco: Como anda seu expediente diário?

Dom Lúcio: Trabalho de seis a sete horas por dia em processos de nulidades matrimoniais, uma média de 10 processos por mês. Tenho 82 processos para analisar. Quando é só dar parecer, é rapidinho. Agora, dar sentença demora mais.

Há outros religiosos em sua família?

A família toda de minha mãe, descendentes de italianos, era muito religiosa, um dos meus irmãos ordenou-se padre.

Em algum momento um senhor se arrependeu de seguir a carreira religiosa?

Quando eu era gurizinho pequeno, apareceu uma guria querendo namorar comigo. Eu disse: “Não quero namorar ninguém”. Se eu tivesse dúvida não teria chegado a bispo; isso dá sentido à minha vida, sou muito concentrado em minha vocação.

Cite um papa que marcou sua caminhada na Igreja Católica.

Eu admirava muito João Paulo II. Os bispos vão de cinco em cinco anos a Roma ter com o papa. Almoçamos juntos e cada arcebispo tem 20 minutos para falar a sós com o pontífice.

E como foi sua conversa com João Paulo II?

Na primeira vez eu era bispo de Toledo. Cheguei ao gabinete dele e logo vi um mapa mundi sobre sua mesa. Ele apontou com o dedo Toledo na Espanha, Toledo nos Estados Unidos e Toledo no Brasil. Ele estava bem a par. Peguntava, queria saber muita coisa. Estive cinco vezes com João Paulo II.

Como foi seu convívio com dom Armando Círio?

Ele era arcebispo em Cascavel, eu em Toledo. Então ele ligava pra mim e dizia: “Venha jogar cartas”. Eu ia… jogamos muita cacheta…

Padre Zico chega a bispo?

Tem todas as possibilidades. Nelio e Ademir foram para a Catedral e foram indicados para o bispado. O Zico tem todas as possibilidades, tem capacidade e inteligência.

Que conselho o senhor daria a um novo bispo?

Que cultive a proximidade com os padres, é muito importante se relacionar bem com os sacerdotes.

Fale sobre o papado de Francisco…

É um pastoralista, não é um papa só doutrinário, como era Bento XVI. Francisco é da base, do chão da Igreja, conhece a realidade do povo.

Além da bíblia, o que o senhor tem lido?

Leio romances, Machado de Assis, Jorge Amado. Evito o noticiário na TV, muita violência. Na TV só assisto futebol, mas não torço especificamente para ninguém, torço para quem está jogando melhor ganhar.

E a política no Brasil?

Meu pai era político, José Baumgaertner foi prefeito de Farroupilha (RS). Eu não acompanho e prefiro não opinar.

O senhor tem quase 90 anos. Qual o segredo da longevidade?

Estudar e trabalhar. Ao estudar relacionamos coisas com outras, obrigamos a mente a estar constantemente em atividade.

Dom Lúcio na garagem da casa que habitava no Pioneiros Catarinenses: cartas com dom Mauro, profecia com Zico e amigo de “João de Deus”, o papa João Paulo II

TESTEMUNHOS

“Timidez”

“Dom Lúcio era uma expressão do nome que recebera, uma pessoa lúcida e de grande sabedoria. A timidez por vezes o dificultava, pois velava a sua grandeza de alma e sua bondade. É até redundante dizer, mas era um homem que viveu o silêncio e, no silêncio, uma vida de intensa oração, muita fé e entrega a Deus”.

Dom Reginei José Módolo – o Zico

“Demorou né?”

“Homem tranquilo, sereno, paciente, homem de oração. Na quarta-feira (29) estive na Policlínica para a unção. Ele disse: – Demorou né? Após os sacramentos, mesmo sedado e agonizante, dom Lúcio orou e me agradeceu. Ele cultivava a proximidade com os padres, estimulou o protoganismo dos leigos e enfatizava os vínculos matrimoniais”.

Padre Divo de Conto – pároco da Catedral

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

ELEIÇÕES 2024

Saiu a primeira sondagem eleitoral das eleições 2024 para prefeito de Cascavel. Contratada pelo jornal “O Paraná”, a SDS Pesquisas traz o ex-prefeito Edgar Bueno liderando no cenário espontâneo, com 21,94% das intenções de voto, seguido de Marcio Pacheco (12,6%), Renato Silva (11,1%) e Paulo Porto (6,8%).

Ele falou

“As drogas me deram asas para voar, depois me tiraram o céu”. Frase atribuída a John Lennon

O NÚMERO

26 mil pessoas lotaram o Estádio Olímpico no último dia 1º, gerando vídeos e fotografias de tirar o fôlego. O jovem Henrique Mecabô saiu do completo anonimanto para obter mais de 27 mil votos para deputado federal no pleito do ano passado, mais que o suficiente para lotar o “Colosso”. Não é nome para ser ignorado na disputa pela cadeira do Paranhos no próximo ano.

Xerife afaga

O deputado estadual Márcio Pacheco fez uso do microfone para um Tuiuti lotado na posse do Sinduscon e lançou o prefeito Paranhos para governador do Paraná.

Há no movimento um cálculo político do Xerife: se não for possível obter o apoio paranhista na disputa para prefeito, pelo menos que não tenha o alcaide abertamente contra.

POLÍTICA

Será que Paranhos fez o “L”?

Arivonil, chargista do Pitoco deste a edição 01, produziu a caricatura do prefeito de Cascavel treinando o “L” no espelho da sua morada, no elegante condomínio Treviso.

A inspiração surgiu após fervoroso discurso do prefeito ao saudar o novo diretor-geral de Itaipu na assembleia da Amop, o petista de carteirinha Enio Verri. Na semana seguinte, Paranhos já era o primeiro prefeito a visitar Itaipu sob nova direção.

Paranhos aderiu ao “L”?

É pouco provável. Sabe-se que o prefeito votou e fez campanha para o 22. E que ele vislumbra disputar o Governo do Paraná em um Estado que deu sete em cada dez votos ao Jair.

Portanto, dadas as parcerias de Cascavel com Itaipu, a movimentação do paço é unicamente pragmática, impessoal e institucional.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

Copyright © 2017 O Presente