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E o sertão virou mar! 

Mais duas mansões cinematográficas vão ao chão em Cascavel para dar lugar a torres residenciais. É o fenômeno “dinheiro na mão, mansão no chão”

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A casa que serviu de morada para os Muffato por duas décadas vai ao chão. Em seu lugar, sobe uma torre residencial na Rio Grande do Sul com Osvaldo Cruz (Foto: Divulgação/Pitoco)

Era mais comum noticiar cascavelense investindo no mercado imobiliário de Santa Catarina, notadamente no litoral. Agora o fluxo inverso também se estabeleceu.

Uma das gigantes “barriga verde” trouxe seus executivos para aquisições milionárias em Cascavel. Trata-se da Construtora Dallo, nome ainda pouco divulgado por aqui.

Para enxergar o acervo da Dallo basta aos viajantes que utilizam a BR-101, na direção Sul, olhar para o lado esquerdo em Itapema e Meia Praia: os arranha-céus que passam a dominar o relevo daquelas cidades litorâneas são da Dallo.

A chegada da turma do litoral por aqui faz lembrar o clássico: “o sertão virou mar”.  Explica-se: Nunca antes Cascavel registrou tanta movimentação imobiliária e atraiu tantos investidores “do além mar”, um fluxo inverso pela lógica.

Em outras palavras, o capital que se acumula em imóveis luxuosos de frente para o Atlântico agora aporta a Oeste, em direção ao “sertão”.

O fenômeno traz no bojo algumas curiosidades, como a aquisição de 30 alqueires – divulgada com exclusividade no Pitoco da última sexta-feira (25) – pelo cantor Zezé Di Camargo.

A área está ao lado do Trevo Cataratas, onde havia uma operação hortifrutigranjeira. Denominada “É o Amor!”, a empreitada do sertanejo se dá em parceria com empreendedores cascavelenses.

Dinheiro na mão…

Outro fenômeno é a demolição de mansões cinematográficas para dar lugar a torres residenciais. A primeira mansão notória demolida estava em área nobre no Country e pertencia à família Sbaraíni.

Na sequência, foi ao chão a morada do empresário Albino Giombelli, na alto da Neva, onde emerge agora um gigantesco JL.

A notícia do mês dá conta que duas moradas elegantes terão seus comodos luxuosos abalrroados por marretas e suas vigas e lajes “tratoradas” por escavadeiras hidráulicas.

Uma das residências, com mais de mil metros quadrados, está na confluência das ruas Rio Grande do Sul e Osvaldo Cruz.  Ali por 20 anos moraram Pedro Muffato, Mail e filhos.

O imóvel que serviu de morada ao ex-prefeito dará lugar a uma torre edificada por uma nova player do setor, a cascavelense FD Empreendimentos, do empresário Fernando Dal Evedove.

Ninguém fala abertamente em números, mas, em regra, este tipo de transação é pago em área construída, algo entre cinco e sete apartamentos pelo terreno de mais de dois mil metros quadrados.

“A casa com cinco quartos ficou grande para apenas eu e a Mail. Eu viajava muito, ela ficava sozinha, certo dia ladrões invadiram, enfim ela ficou com medo e mudamos cerca de dez anos atrás”, relata Muffato, confirmando a transação.

Outra operação na linha “dinheiro na mão, mansão no chão” está na região conhecida como “Incra”, local que abriga algumas das moradas hollyodianas da cidade.

Aqui volta o nome Muffato. A residência na Curitiba com Visconde de Guarapuava, que serviu de vivenda para a família do desportista Pedrinho Jr, foi negociada com a catarinense Dallo. A operação é semelhante, com a paga em metros construídos. Essa mansão acaba de ser demolida.

Não é difícil entender. Ninguém vai edificar uma residência de alto padrão em qualquer terreno. O imóvel da mansão sempre estará bem localizado e dotado de generosa metragem.

Daí que a verticalização a ofertar dezenas de unidades permite deixar o negócio em pé,  justificando as marretadas nas pedras de mármore da mansão.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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