Precisamos urgentemente parar de cobrar a maternidade

Muitas mulheres, por encontrarem dificuldade de conceber um filho, sentem-se infelizes e desmotivadas. Não são poucas as que mesmo sendo saudáveis, estando tudo certo com ela e o parceiro, não conseguem conceber o tão esperado e sonhado filho.

Quando isso acontece, enquanto se espera o milagre da vida, não são poucas as vezes que ingenuamente ajudamos a piorar ainda mais a situação, esparramando dúvidas e incertezas na vida de quem se encontra fragilizado.

Que mania horrível temos de cobrar filhos de alguém sem sequer pensarmos o mal que estamos causando! Muitos acabaram de casar e já vem a família e até os sem intimidade cobrando filhos, sem cessar. Já pensaram que talvez o casal tenha decidido não ter filhos?

Gente, ter um filho não é uma emergência e não faz da mulher menos ou mais do que aquelas que estão cheias de rebentos.

Precisamos urgentemente parar de cobrar a maternidade de alguém sem sequer termos a mínima noção do que está acontecendo, como se ter um filho fosse só ir a um supermercado, pegar em uma prateleira, pagar e sair abanando a alegria de ser mãe.

Já atendi muitas mulheres e homens também, dos quais a dificuldade de terem filhos, somada à cobrança, tem causado angústias severas.

Precisamos ter consciência das nossas atitudes e falas, termos mais empatia e pararmos de meter o dedo em feridas que desconhecemos.

Filhos são seres enviados por Deus e têm o tempo certo para serem concebidos e nascerem. Filhos não são validação de merecimento ou não, não tornam ninguém melhor ou pior, mas as perguntas inoportunas de gente sem noção podem ser até pior do que a dificuldade de conceber.

Se Deus sabe de todas as coisas, deixem Ele e cada casal decidirem o tempo certo. Se acaso isso não acontecer, tudo tem uma razão.

Muitos bebês nascem sem terem uma família e precisam de pais amorosos; talvez sejam exatamente aqueles que não conseguiram conceber que poderão receber como seus esse presente tão especial, uma vida para criar e amar… e está tudo certo!

Pensem sobre isso, por favor! É preciso ter noção da vida, empatia e respeito.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

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