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Silvana Nardello Nasihgil

Sexo é amor?

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Desta vez escolhi um assunto muito delicado para a gente refletir. Tenho percebido no transcorrer da vida que muita gente está vivendo um desamor tão grande por si que tem se colocado nas mãos dos outros para sobreviver. São muitas as amarras, as prisões que, além de serem internas, escravizam fisicamente, trazendo angústias sem-fim.

As razões são inúmeras, por isso escolhi um recorte para olharmos com mais carinho para dentro de nós e pensarmos sobre o que estamos nos permitindo viver.

Vamos falar da sexualidade porque hoje em dia sexo tem movido as pessoas como se fôssemos feitos exclusivamente para isso. Os critérios estão deixando de existir, e de todas as formas de conhecer alguém a sexualidade tem vindo em primeiro lugar.

Então eu pergunto: o que estamos nos permitindo viver? Até quanto o que nos propomos sexualmente é do nosso querer e nos tem trazido felicidade verdadeira?

Tem uma frase de uma música que diz: toda a forma de amor vale a pena. Então, sexo é amor? Uma relação baseada em um orgasmo é amor? Será que não seria muito mais uma angústia pautada pela solidão de afetos, pela falta de amor?

Naquilo de que só vivemos uma vez, muitas pessoas se prestam a viver coisas que sequer haviam imaginado permitirem há algum tempo. Estão se submetendo a práticas abusivas, se entregando sem critérios para suprir uma incompletude que precisa de muito mais.

É muito importante uma pausa para pensarmos a respeito dos caminhos que trilhamos e paralelamente aonde queremos chegar. Quem desejar ser verdadeiramente amado(a) e respeitado(a) precisa começar pelas escolhas que faz. Quem se disponibiliza para o sexo sem critérios não está elegendo razões para ser amado(a); está escolhendo desordenadamente usar e ser usado(a). Se isso está errado? Cada um é dono da sua vida, mas precisa estar consciente daquilo que escolhe viver.

Quem eleger o amor precisa saber que sexo é consequência de uma história, de um conhecer profundo e uma partilha da vida. Quem escolher sexo por sexo precisa saber que o amor pode nunca acontecer.

Nessa confusão de atitudes muita gente se quebra, se despedaça, pois a essência do sexo em si é o prazer e não a construção de uma relação, de um partilhar a vida e de uma história para viver.

Prestar atenção nas nossas escolhas faz toda a diferença, porque quando se pensa antes de agir, certamente há menos chance de se machucar. Não dá para viver uma vida louca, num automático, e desejar respostas de uma linda história de amor. É preciso muito amor próprio e muito autorrespeito para dizer: isso cabe na minha vida; isso não!

Aonde está o medo de fazer uma escolha dentro daquilo que queremos viver? Dentro dos nossos valores e do nosso projeto de vida? Medo da solidão? Medo de não ser aceito(a)?

Medo deveríamos ter é de perder a nossa identidade, vivendo situações que nos escravizam no desejo e querer do outro, porque mesmo cedendo, continuaremos sós.

Hoje escolhi falar aos que se sentem reféns das suas histórias, aqueles que sofrem pela indecisão e pelas escolhas que não satisfazem de alguma forma.

Existem os que já se resolveram e vivem como bem entendem, e respeito todos nas suas decisões. Não cabe a ninguém apontar certo ou errado, pois dentro das escolhas de cada um precisa estar a leveza de saber ter escolhido o melhor para si.

 

A autora é psicóloga clínica (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

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