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Silvana Nardello Nasihgil

Sobre ter dificuldade em dizer não e pedir ajuda

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Cada dia que passa percebo que a dificuldade de dizer não e pedir ajuda atrapalha e paralisa a vida de muitas pessoas.

Quando dentro de nós existir a não concordância ou aceitação de algo, se faz necessário que pensemos o que dificulta a nossa capacidade de dizer não. Um não dito com segurança e determinação é a expressão íntima de algo que não nos fará bem se aceitado a contragosto.

Quando dizemos sim para algo que sabemos que deveria ser um não, estamos na verdade desrespeitando os nossos sentimentos, o nosso querer. Passamos a viver contrariando o nosso direito de fazer escolhas.

Na nossa condição de sermos únicos, cada qual desenvolve em si particularidades que precisam ser respeitadas; a nos cabe compreendermos isso, buscando sermos autênticos e olhando o outro nas mesmas condições.

Só quem vive a autenticidade compreende que dizer um não quando é o que sentimos verdadeiramente é extremamente libertador. Isso tem a ver com autorrespeito e nenhuma relação com ser bonzinho(a) e fazer a vontade dos outros. Esse concordar sem ser verdadeiro traz consigo uma contradição com o “eu” interior, escravizando as emoções e trazendo muito sofrimento psíquico e emocional. Esse sentimento é pesaroso e ao longo do tempo pode desenvolver autopiedade, o que vai tirando a legitimidade do querer. Passamos, então, a viver o querer do outro.

Vou propor um exercício de autorrespeito, a partir do qual se buscará exercer o direito de fazer escolhas mesmo que desagrade os outros. Vamos buscar sair do ponto zero de estagnação e começar uma caminhada rumo à autenticidade.

Proponho a vocês um desafio: nos próximos dias, observe as vezes em que você está dizendo sim para as coisas as quais sente que deveria dizer não. Escolha uma situação em que você não teria coragem de discordar e, num tom amigável, escolha dizer não. Experimente fazer isso e se mantenha firme no seu propósito de buscar ser quem você é realmente, alguém que não precisa concordar com tudo para ser aceito(a), mas que precisa ser respeitado(a) por ser como é.

Quanto ao fato de ter dificuldade de pedir ajuda, igualmente é um exercício que precisamos nos permitir viver. Quando a gente se faz forte ao ponto de acreditar que tudo pode, seja por se ver assim, seja por medo de incomodar, estamos assumindo o papel de autossuficientes, e isso nos exclui da condição de vivermos em pares, em família e em sociedade.

Pedir ajuda quando necessário não é uma atitude de humilhação, mas, sim, de humildade, de compreendemos que não somos tão poderosos ao ponto de não precisarmos do outro para nos auxiliar.

Pedir ajuda nos humaniza, dá ao outro o direito de ser parte da nossa vida, de ser incluso no nosso existir e de, alguma forma, ser útil e participar do nosso crescimento.

Novamente convido você a começar a observar as suas dificuldades, estender o olhar ao seu entorno e ver que existem pessoas dispostas em lhe oferecer ajuda, desejando que o peso que você carrega seja mais leve, dispostas a lhe ajudar a desatar nós, a partilhar dores e a lhe ser útil de alguma forma. Aceite essas ofertas vindas da boa vontade. Receba e agradeça quem se importa verdadeiramente com você.

Esses exercícios são necessários para que a gente se permita ser inteiro(a), preenchido de verdades. Nos trarão uma liberdade que a nossa alma só conhecerá quando se arriscar a não ser mais refém dos nossos medos.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

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