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Silvana Nardello Nasihgil

Valorize quem te prioriza

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Tem algo em todos nós que faz com que sempre procuremos por aquilo que não temos. O desejo de possuir algo ou ter alguém tem muito da fantasia que se cria em torno de um imaginário da felicidade completa e da perfeição.

Troca-se de amigos, de parceiros e de amores porque as faltas daqueles que nos acompanham podem ser visíveis e os da nossa fantasia não experimentada são sempre perfeitos.

Afinal, o outro é tão falho como nós, e ele não está na nossa vida para completar o que nos falta. Talvez ele/ela só deseja ser alguém disponível para amar, e dentro desse sentimento se doar na sua medida.

Sabe aquela história da grama do vizinho ser mais verdinha? Talvez o vizinho esteja adubando, regando e cuidando do que é seu e nós, ao contrário, abandonamos o nosso gramado, enquanto ficamos fantasiando e olhando sem cessar o gramado do outro, que cresce pelo cuidado diário do jardineiro.

Amadurecer é olhar para o nosso lado, buscar encontrar positividade em quem percorre o caminho conosco, deixar de apontar o que falta no outro e agradecer a sua escolha de permanecer. Mesmo com todas as nossas faltas, defeitos, dúvidas, angústias e tantos “vendavais”, tem gente que ainda enxerga o melhor de nós e fica porque escolheu ficar.

Muitas vezes o que não temos não é porque não exista, é porque não enxergamos. Por diversas razões negamos viver a realidade, aceitá-la e buscar fazer dela o nosso melhor lugar para estar.

Dentro desse imaginário que distorce a vida não nos permitimos imaginar que só estamos nos dispondo a ver aquilo que o outro quer nos mostrar, que a realidade da convivência sem dúvida trará as verdades de cada um… e aquela grama que parece tão verdinha, se um dia pudéssemos ser o jardineiro, morreria sufocada pelas mesmas razões que temos deixado morrer aquela que agora não estamos dando atenção e cuidados.

Precisamos aprender a olhar para o lado, buscar enxergar o que existe de bom nas pessoas que nos acompanham, valorizar até mesmo as pequenas atitudes, aquelas que nem consideramos mais, porque, presos na fantasia do novo, do desconhecido, usamos a vida esperando o momento mágico, num espaço desconhecido, que acreditamos preencher a angústia da busca pela felicidade.

Essa, como todas as outras esperas, será só um momento que se acomodará e novamente, sem nos darmos conta, o mesmo ciclo se repetirá.

Uma hora a gente precisa acordar, colocar a vida em ordem, os sentimentos no seu devido lugar, ordenar as fantasias, acomodar o imaginário e encarar a realidade. Uma hora a gente precisa entender por quem e por que as “borboletas” do nosso estômago podem se agitar, pois quando damos o direito a elas de se agitarem, que seja para nos fazer o bem, que seja para mover o melhor de nós e não para voarem em círculos, bagunçando o nosso existir, com o poder de nos aprisionar num mundo fantasioso e obscuro.

A vida é feita de escolhas. Escolha valorizar quem te prioriza, porque uma coisa é certa: plantar em terreno infértil cansa, faz com que uma hora alguém perceba isso e resolva semear suas boas sementes em outro lugar.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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