Política Entrevista ao O Presente
“O MDB vai apoiar o Ratinho na eleição? Isso será definido na convenção”, diz presidente estadual do partido
A executiva do MDB do Paraná se reuniu, na semana passada, com os coordenadores regionais, nomeados em fevereiro, os quais tiveram a missão de ouvir as bases do partido sobre o convite feito pelo governador Ratinho Junior (PSD) para que o partido ajude na condução política do Estado.
Após o encontro, a agremiação divulgou uma carta programática em que confirma que passa a aderir a uma aliança com o Governo do Paraná.
Em entrevista ao Jornal O Presente, o presidente do MDB do Paraná, deputado estadual Anibelli Neto, disse que nomear coordenadores e ouvir a base teve como objetivo promover um jogo limpo, claro e transparente. “Por ampla maioria, a base entendeu que é importante para o partido aceitar o convite do governador e colaborar, ajudar, contribuir, mesmo assim não perdendo o senso crítico. Vamos fazer as críticas construtivas e tudo aquilo que entendermos que pode colaborar e melhorar com a administração”, declarou.
Perguntado qual será o papel do MDB no governo, o dirigente partidário frisa que “não tem papel”. “O governador me chamou e convidamos a executiva para ter uma conversa com ele. Ele convidou o MDB para ajudar o governo. Por quê? Porque o MDB é um partido diferente, tem base e militância, e nós, sabedores da história do MDB, consultamos a base, que entendeu que este é o caminho que o MDB deve seguir. O MDB vai apoiar o Ratinho na eleição? Isso será definido na convenção, que é soberana, no mês de agosto. Até lá vamos entender qual o mecanismo e qual o sentimento que o governo tem para que as coisas possam acontecer em cima da história de luta no estatuto das bandeiras do MDB. Por isso criamos a carta programática que foi aprovada por unanimidade”, salienta.
Anibelli admite que há emedebistas que não desejam a aproximação com o Governo do Estado, mas enfatiza que a convenção estadual será decisiva para definir os rumos do partido. “Agora estamos avançando de forma oficial, por isso fiz questão de subir à tribuna (na Assembleia Legislativa) e falar em nome de todo MDB do Paraná. Somos um partido feito de partes e, dentro deste processo, vamos ver se a vontade do dia 14 de março, que é da grande maioria, vai aumentar ou diminuir até a convenção. Estamos no mês três e faltam cinco meses para que possamos entender essa forma”, explica.
Nome para vice-governador
O MDB pretende indicar um nome para compor a chapa majoritária ao lado de Ratinho Junior? O presidente do diretório paranaense responde que todos os passos político-eleitorais serão definidos nos próximos cinco meses. “Inclusive existe a possibilidade do Gilberto Kassab (presidente nacional do PSD) declarar apoio ao Lula (PT) e o Ratinho pode sair do PSD. Tem uma série de situações que podem acontecer. Tem muita água para correr de hoje, dia 16 (quarta-feira), até o término das convenções. De qualquer forma, eu, presidente eleito democraticamente, entendia que precisava fazer essa conversa com a base e esse movimento oficial do MDB na tribuna da Assembleia”, afirma.
Janela partidária
O MDB viu sua bancada de deputados estaduais e federais diminuir significativamente nas últimas eleições. Na atual janela partidária, que encerra em 1º de abril, ao menos um nome já sinalizou que deixará o partido. Trata-se do deputado estadual Requião Filho. “Imagino que deve ir para o PT, junto com o pai dele (ex-governador Roberto Requião). Estamos trabalhando com outros nomes e, certamente, até o prazo final, traremos muitas lideranças, como o ex-deputado e meu amigo Ademir Bier (PSD)”, aponta Anibelli.
Questionado se o diretório estadual trabalha com alguma meta para o pleito de outubro, o dirigente informa que só pode falar a respeito após encerrar o prazo de filiação para quem deseja ser candidato em 2022. “Acrescentando que contamos com 405 vereadores e 32 vice-prefeitos, que já estão filiados ao MDB e alguns, inclusive, já demonstraram interesse em ser candidato. Temos um compromisso que é montar chapa completa de candidatos a deputado estadual e federal. Isso vai acontecer”, garante.
Cenário nacional
Sobre o cenário nacional e dentro das conversas em que o MDB está inserido pensando em apoios, Anibelli expõe que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), quer ser candidato à Presidência da República a qualquer custo, mas possui uma rejeição muito alta. “Quando ele viu que não conseguiria levar o MDB e o União Brasil (para federação), acabou trabalhando com o Cidadania. Existe a possibilidade mais concreta de ter federação entre o Cidadania e o PSDB com a candidatura do Doria. Paralelamente a isso, o MDB, o próprio PSD e o União Brasil estão conversando com outras agremiações para trabalhar a melhor via. O melhor nome é da senadora Simone Tebet (MDB). Ela tem experiência administrativa, tem vontade de ser candidata à Presidência, é a única mulher e tem sensibilidade. Quando ela veio para cá (Paraná, na semana passada) fiquei muito feliz e empolgado, porque muitas pessoas acompanham o trabalho da Simone. Ela sendo a nossa candidata, tenho certeza que só vai crescer e vai para o segundo turno. Já no Paraná, a nossa preocupação é fortalecer o MDB, valorizar o partido, para que ele volte a crescer. Este é o compromisso que eu e o deputado federal Sérgio Souza assumimos com a direção nacional”, conclui.
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